Maratona de filmes se torna uma verdadeira corrida contra o tempo na hora de coordenar a exibição de mais de 400 filmes
14 dias, 424 filmes numa média de 100 sessões por dia, realizadas em 26 salas de exibição, espalhadas por São Paulo. Ufa! Por trás de números como esses, uma equipe de logística opera dia e noite, sem parar para manter a Mostra funcionando a todo vapor. Quem vai assistir a algum filme da Mostra relaxa no escurinho, com sua pipoca e refrigerante em uma sala com ar condicionado. Mas nem imagina a trabalheira que existe nos bastidores para colocar o filme pronto na tela do cinema.
Tudo começa em agosto quando os filmes são selecionados. A partir daí é uma corrida contra o tempo, em que se entra em contato com os donos das cópias e os responsáveis por festivais de cinema que estão com os filmes. É uma saga itinerante que atravessa o mundo numa viagem até chegar ao Brasil. Aí os filmes chegam ao aeroporto internacional de São Paulo e ficam atracados por uns dois dias até a revisão de documentos e liberação.
A equipe de logística recebe o filme e depois é feita a programação dele. Os filmes nacionais têm um percurso mais tranquilo, pois vêm por intermédio das distribuidoras. “É uma corrida em que tem filmes que saem direto do aeroporto para a sala de exibição. Filmes que vêm de outros festivais, são os que têm data mais apertada para chegar. Eles são os últimos a chegar e os primeiros a sair. Há filmes que chegam, fica só três, quatro dias na Mostra porque têm data para ir embora para um outro festival”, explica Adrianne G. Stolaruk, coordenadora de tráfego de cópias da Mostra de São Paulo.
PASSEIO
Com a programação montada, os filmes que vão chegando são guardados em um galpão, localizado no estacionamento do Conjunto Nacional. Lá, prateleiras são os abrigos temporários para eles enquanto não saem por São Paulo para serem exibidos. Diversos estojos, latas e caixas que chegam a pesar 25 quilos lotam o pequeno espaço do galpão. “Há filmes que vêm em latas especiais e têm de devolvê-los na mesma embalagem que vieram. É preciso ter o cuidado de marcar o filme que veio de tal caixa e aí quando formos devolver, entregar na caixa certa”, afirma Stolaruk.
A equipe de logística faz uma revisão do dia anterior de todos os filmes que têm de sair no dia seguinte e já se separa os formatos de cada filme: digital (HDCam, Digital Betacam, DVCam e Betacam), película (35mm) e sinal digital Rain via satélite. “Quanto aos filmes em película, temos duas revisoras que desenrolam os filmes, para analisarem se o filme está amassado, furado e se o filme está na ordem certa. Isso é feito antes e depois da exibição do filme”, declara Bruno Logatto, coordenador de tráfego de cópias.
Então é hora de fazer o transporte dos filmes que serão distribuídos pelas 26 salas que integram a Mostra. São quatro carros que percorrem os itinerários das salas para entregar os malotes. “Separamos e identificamos cada filme e a sala em que vão ser exibidos, prontos para serem distribuídos pelas salas para não haver erro. No começo do dia os filmes saem da sede da Mostra e são levados para as salas de exibição e no final do dia ou na manhã seguinte são recolhidos e levados ou para a sede ou para outras salas. Há as viagens intermediárias em que um filme é exibido em dias seguidos. Por exemplo, um filme entra às 21h em um cinema e às 15h do dia seguinte em outra sala”, conta Logatto.
IMPREVISTOS
Um fato que ronda a rotina de cinéfilos da Mostra é a constante mudança de horários e salas de exibição, mas Stolaruk esclarece que isso acontece porque o filme em questão não chegou a tempo, está preso na alfândega ou por causa de problemas com a documentação. “Às vezes pedimos em um formato e é mandado em outro. Houve o caso de um filme que viria em película, mas em função de um problema em outro festival, enviaram uma cópia digital. Como nem todas as salas têm projeção digital, por causa da mudança do formato, precisa também mudar a sala de exibição”.
Outra preocupação é a legenda eletrônica que alguns filmes precisam ter. Um exemplo é o filme sueco Metropia. Ele foi exibido no Festival de Veneza, e em função disso, estava com legendas em italiano. Quando o filme veio para o Brasil foi necessário exibir o filme com legenda eletrônica. Ou seja, a equipe da Mostra pede uma lista de diálogos do filme e a envia para uma empresa que faz a tradução e digitalização dos diálogos.
Durante a exibição do filme, uma pessoa fica na sala de exibição com um computador e ao longo dele, vai soltando as legendas abaixo da tela de projeção. “É engraçado porque se há uma cópia em turco, chinês e não tem legenda nenhuma, fica difícil saber quando cada frase da legenda vai entrar. Então a pessoa encarregada fica atenta e até faz um treino antes do filme ser exibido”, afirma Stolaruk.
Quando se frequenta a Mostra parece fácil a organização da estrutura de exibição de filmes. Mas não é assim. “Começamos a trabalhar em agosto e as datas mudam toda hora, os filmes não chegam no formato que pedimos... É uma loucura que exige pensar em várias coisas ao mesmo tempo. É um quebra-cabeça conseguir coordenar tudo. Acho instigante e adoro essa loucura porque tudo é muito rápido. É um desafio, acho gostoso. Não vejo a hora de acabar, mas não vejo a hora de começar de novo (risos)”, brinca ela. É assim que funciona a dinâmica da logística da Mostra. No ano que vem quando você ver a alteração de datas e salas na última hora, lembre-se do árduo labor, que é organizar a Mostra de Cinema de São Paulo.
14 dias, 424 filmes numa média de 100 sessões por dia, realizadas em 26 salas de exibição, espalhadas por São Paulo. Ufa! Por trás de números como esses, uma equipe de logística opera dia e noite, sem parar para manter a Mostra funcionando a todo vapor. Quem vai assistir a algum filme da Mostra relaxa no escurinho, com sua pipoca e refrigerante em uma sala com ar condicionado. Mas nem imagina a trabalheira que existe nos bastidores para colocar o filme pronto na tela do cinema.
Tudo começa em agosto quando os filmes são selecionados. A partir daí é uma corrida contra o tempo, em que se entra em contato com os donos das cópias e os responsáveis por festivais de cinema que estão com os filmes. É uma saga itinerante que atravessa o mundo numa viagem até chegar ao Brasil. Aí os filmes chegam ao aeroporto internacional de São Paulo e ficam atracados por uns dois dias até a revisão de documentos e liberação.
A equipe de logística recebe o filme e depois é feita a programação dele. Os filmes nacionais têm um percurso mais tranquilo, pois vêm por intermédio das distribuidoras. “É uma corrida em que tem filmes que saem direto do aeroporto para a sala de exibição. Filmes que vêm de outros festivais, são os que têm data mais apertada para chegar. Eles são os últimos a chegar e os primeiros a sair. Há filmes que chegam, fica só três, quatro dias na Mostra porque têm data para ir embora para um outro festival”, explica Adrianne G. Stolaruk, coordenadora de tráfego de cópias da Mostra de São Paulo.
PASSEIO
Com a programação montada, os filmes que vão chegando são guardados em um galpão, localizado no estacionamento do Conjunto Nacional. Lá, prateleiras são os abrigos temporários para eles enquanto não saem por São Paulo para serem exibidos. Diversos estojos, latas e caixas que chegam a pesar 25 quilos lotam o pequeno espaço do galpão. “Há filmes que vêm em latas especiais e têm de devolvê-los na mesma embalagem que vieram. É preciso ter o cuidado de marcar o filme que veio de tal caixa e aí quando formos devolver, entregar na caixa certa”, afirma Stolaruk.
A equipe de logística faz uma revisão do dia anterior de todos os filmes que têm de sair no dia seguinte e já se separa os formatos de cada filme: digital (HDCam, Digital Betacam, DVCam e Betacam), película (35mm) e sinal digital Rain via satélite. “Quanto aos filmes em película, temos duas revisoras que desenrolam os filmes, para analisarem se o filme está amassado, furado e se o filme está na ordem certa. Isso é feito antes e depois da exibição do filme”, declara Bruno Logatto, coordenador de tráfego de cópias.
Então é hora de fazer o transporte dos filmes que serão distribuídos pelas 26 salas que integram a Mostra. São quatro carros que percorrem os itinerários das salas para entregar os malotes. “Separamos e identificamos cada filme e a sala em que vão ser exibidos, prontos para serem distribuídos pelas salas para não haver erro. No começo do dia os filmes saem da sede da Mostra e são levados para as salas de exibição e no final do dia ou na manhã seguinte são recolhidos e levados ou para a sede ou para outras salas. Há as viagens intermediárias em que um filme é exibido em dias seguidos. Por exemplo, um filme entra às 21h em um cinema e às 15h do dia seguinte em outra sala”, conta Logatto.
IMPREVISTOS
Um fato que ronda a rotina de cinéfilos da Mostra é a constante mudança de horários e salas de exibição, mas Stolaruk esclarece que isso acontece porque o filme em questão não chegou a tempo, está preso na alfândega ou por causa de problemas com a documentação. “Às vezes pedimos em um formato e é mandado em outro. Houve o caso de um filme que viria em película, mas em função de um problema em outro festival, enviaram uma cópia digital. Como nem todas as salas têm projeção digital, por causa da mudança do formato, precisa também mudar a sala de exibição”.
Outra preocupação é a legenda eletrônica que alguns filmes precisam ter. Um exemplo é o filme sueco Metropia. Ele foi exibido no Festival de Veneza, e em função disso, estava com legendas em italiano. Quando o filme veio para o Brasil foi necessário exibir o filme com legenda eletrônica. Ou seja, a equipe da Mostra pede uma lista de diálogos do filme e a envia para uma empresa que faz a tradução e digitalização dos diálogos.
Durante a exibição do filme, uma pessoa fica na sala de exibição com um computador e ao longo dele, vai soltando as legendas abaixo da tela de projeção. “É engraçado porque se há uma cópia em turco, chinês e não tem legenda nenhuma, fica difícil saber quando cada frase da legenda vai entrar. Então a pessoa encarregada fica atenta e até faz um treino antes do filme ser exibido”, afirma Stolaruk.
Quando se frequenta a Mostra parece fácil a organização da estrutura de exibição de filmes. Mas não é assim. “Começamos a trabalhar em agosto e as datas mudam toda hora, os filmes não chegam no formato que pedimos... É uma loucura que exige pensar em várias coisas ao mesmo tempo. É um quebra-cabeça conseguir coordenar tudo. Acho instigante e adoro essa loucura porque tudo é muito rápido. É um desafio, acho gostoso. Não vejo a hora de acabar, mas não vejo a hora de começar de novo (risos)”, brinca ela. É assim que funciona a dinâmica da logística da Mostra. No ano que vem quando você ver a alteração de datas e salas na última hora, lembre-se do árduo labor, que é organizar a Mostra de Cinema de São Paulo.
Que interessante! Não imaginava a trabalheira por trás disso.
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