domingo, 17 de fevereiro de 2008

DUELO DE GIGANTES

Christian Bale e Russell Crowe estrelam o ótimo faroeste “Os Indomáveis”

O faroeste é um gênero que sobrevive como pode, assim como seus personagens que lutam para viver em meio à pobreza e à violência. E o novo “Os Indomáveis” honra o gênero e mostra que o western pode sim viver no meio de adaptações de quadrinhos e personagens criados digitalmente do cinema atual.

A produção mostra o rancheiro Dan Evans (Christian Bale), que se candidata a escoltar Ben Wade (Russell Crowe), um perigoso líder de uma gangue, até o trem para Yuma, onde Wade será julgado e enforcado. Mas claro que o trajeto até a estação será cheia de percalços, principalmente porque o bando de Wade vai atrás para tentar libertá-lo.

O herói é um homem simples que está cansado. Cansado de ver seus filhos passarem fome, da forma como as crianças olham para ele e da forma como a mulher não olha para ele. Já o vilão é extremamente sedutor, ele cativa o espectador na forma como olha e fala.

O ponto alto dos faroestes são os tiroteios, as perseguições e o enfrentamento entre o herói e o vilão. Em “Os Indomáveis” isso é o de menos. O melhor mesmo é ver a guerra de palavras entre o rancheiro e o bandido. Os dois são obrigados a passarem o tempo juntos durante o percurso até a estação e em função disso, aparecem algumas farpas. Mas ao longo do tempo surge uma empatia entre eles, tanto que em outras circunstâncias, Evans e Wade dariam uma dupla imbatível. Hoje em dia é difícil um filme se manter interessante somente com os diálogos. Mas “Os Indomáveis” consegue ser certeiro como um tiro num duelo entre cowboys.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

SWEENEY TODD: O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET


Em 1979 estreava na Broadway o musical “Sweeney Todd”. Agora chega a sua versão cinematográfica, “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”, sob o comando do gótico Tim Burton. É um projeto que cabe como uma luva para o diretor, já que o tom sombrio domina a produção. A direção de arte, a fotografia e os figurinos servem para dar o clima de medo e perigo que ronda a rua Fleet.

Na história, o ingênuo Benjamim Barker (Johnny Depp), é condenado por um crime que não cometeu. 15 anos depois, ele retorna para se vingar do homem que o colocou atrás das grades e tentar recuperar sua esposa e filha.

Benjamim Barker se torna Sweeney Todd, que trabalha como barbeiro. Ele usa seu instrumento de trabalho, a navalha, como arma para aniquilar seu inimigo. Mas como toda boa vingança, o plano deve ser bem elaborado e esperar o momento certo para executá-lo. Durante esse meio tempo, Todd usa seus clientes para treinar os cortes no pescoço, até chegar a hora de degolar seu grande rival. Mas a ira que o corrói vai acabar o apunhalando pelas costas.

“Sweeney Todd” deve ter dado muito certo no teatro. Tim Burton mantém esse aspecto teatral com o uso de poucos cenários, números musicais exagerados, atuações bem dramatizadas e efeitos artificializados. Toda a história é contada com números musicais repetitivos e chatos. E essa produção não tem uma das melhores atuações de Johnny Depp. Em certos momentos do filme, o ator deixa escapar alguns trejeitos do seu personagem mais famoso, Jack Sparrow, da série “Piratas do Caribe”.

O problema é que a produção ficou teatral demais. Durante todo o filme se tem a sensação de que se está vendo um musical encenado num palco. É possível imaginar quando haveria as trocas de cenários e o fechar de cortinas ao final da breve conclusão da história. Burton poderia ter ousado nessa transposição teatro/cinema, mas só conseguiu um resultado abaixo da média e um barbeiro que só deveria aterrorizar no teatro.