sábado, 13 de dezembro de 2008

RECANTO DE IDIOTAS

Joel e Ethan Coen voltam ao que fazem de melhor: comédia absurda e com personagens ainda mais tolos em "Queime Depois de Ler"

Depois de lançarem o denso e perturbador "Onde os Fracos Não Têm Vez", os irmãos diretores e roteiristas Joel e Ethan Coen retornam ao terreno da comédia no hilário "Queime Depois de Ler". O elenco estelar conta com George Clooney, John Malkovich, Tilda Swinton, Frances McDormand e Brad Pitt encarnando figuras incrivelmente parvas. Os irmãos Coen são mestres em criar personas caricatas, estúpidas e atrapalhadas em seus filmes e nesta nova produção as peças raras são um homem com mania de perseguição, um ex-agente da CIA alcoólatra, uma esposa egocêntrica, uma quarentona louca para ter um belo corpo e um personal trainer bobão.

Quem já assistiu "Arizona Nunca Mais" e "Fargo - Uma Comédia de Erros", dois ótimos exemplares da filmografia dos diretores/roteiristas, vai amar "Queime Depois de Ler". Até quem não conhece esses dois filmes também vai amar. A produção é uma típica comédia dos irmãos Coen com um humor negro de primeira, situações absurdas e inesperadas (a aparição de Clooney e Pitt juntos em cena mostra isso) e a linha narrativa em bola de neve, em que um pecadilho inconsequente toma proporções inimagináveis.

Na trama o ex-agente da CIA, Osbourne Cox (John Malkovich) resolve escrever um livro de memórias, mas o CD com o conteúdo da obra vai parar nas mãos dos funcionários de uma academia, interpretados por Frances McDormand e Brad Pitt. E eles tentam se aproveitar dessa descoberta, o que desencadeia toda a desgraça iminente.

A produção é uma deliciosa comédia com toques de filme de espionagem e o seu ingrediente mais saboroso é Brad Pitt, não por causa de sua beleza óbvia, mas pela sua atuação sensacional e muito inspirada. Ele está impagável na pele do personal trainer bobalhão Chad Feldheimer. Ele rouba a cena com seu topete e suas dancinhas embaladas pelas músicas do seu inseparável Ipod, além do jeito despretensioso de ser.

Pitt tem se aproveitado cada vez mais dessa perfeita veia cômica que tem, já muito bem explorada na trilogia de "Onze Homens e um Segredo" e na fita de ação "Sr. e Sra. Smith". E mostra a cada filme que ele não é apenas um galã em fitas que exploram sua beleza, mas um ator de prestígio e versatilidade. Chad Feldheimer entra para a galeria de personagens excêntricos criados pelos Coen e eles brindam novamente o público com uma comédia de primeira. Simplesmente imperdível.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

VINGANÇA A QUALQUER CUSTO

O agente James Bond retorna sedento por vingança em "007 Quantum of Solace"

“A vingança é um prato que se come frio”. No caso de James Bond, em sua nova aventura "007 Quantum of Solace", esse ditado não se aplica. O herói parte em busca de vingança pela morte da namorada Vesper Lynd, que aconteceu no filme anterior "007 Cassino Royale".

O agente não perde tempo em elaborar um plano de vendeta. Para ele, quanto mais rápida for a vingança, mais fácil será reparar a perda da amada. Tanto que essa nova produção começa imediatamente após o final de "Cassino Royale", quando ele vai atrás de Mr. White (Jesper Christensen) descobrir quem são os responsáveis pela morte de Vesper.

Toda a trama gira em torno da vingança de Bond e as investigações dele sobre a organização que chantageou Vesper. A tal organização tem ligações com o empresário Dominic Greene (Mathieu Amalric), interessado em extrair riquezas naturais da Bolívia. Cabe a Bond acabar com os planos dele.

Em 2006, "007 Cassino Royale" apresentou ao público um novo James Bond, o magnetismo de Daniel Craig na pele do agente 007 é inquestionável e ele assumiu o personagem com maestria. É a chegada dos novos tempos, já que agora, Bond tem uma personalidade mais bruta. Neste novo filme ele está perigoso, assustador e muito impiedoso. Em "Cassino Royale", ele se apaixonou, teve o coração partido e foi traído e agora em "Quantum of Solace", 007 parece um outro homem, a traição de Vesper lhe tornou um homem frio e amargo. Ele carrega muita dor e a vingança surge como forma de encontrar uma paz interna.

James Bond nesta nova produção é um clássico herói noir. Ele está em uma crise existencial após a traição da mulher que amava e entra em uma jornada de crimes impulsionada pelo amor. Ele se tornou um anti-herói. Mathis (Giancarlo Giannini), que volta depois de ser torturado em "Cassino Royale" diz que heróis e vilões se confundem e Bond deixa isso muito claro, pois ele tem agora um caráter dúbio e uma linha tênue entre o bem e o mal. Fica difícil saber de que lado ele está.

O longa é um ótimo filme de ação, com sequências incríveis e mirabolantes. A abertura da produção traz uma frenética perseguição de carros, no qual mais uma vez o belo Aston Martin de Bond fica destruído. O estilo de ação bruto e ágil lembra os filmes da trilogia "Bourne", como uma sequência de perseguição em cima de telhados em casas na Itália e a coreografia das brigas.

Mas "Quantum of Solace" é diferente e está longe de ser um filme do 007. A produção se concentrou na ação e se esqueceu do enredo e das características de James Bond. O que mais lembra o estilo 007 são as locações para a história que se passa no Panamá, Chile, México, Itália, Áustria e em Londres.

As bond girls são as piores da série. As duas não são bonitas e não têm o charme sedutor das antecessoras. A novata Gemma Arteton aparece com uma personagem inútil para o enredo e Olga Kurylenko interpreta uma triste e vingativa bond girl, chamada Camille. Ela surge como um espelho para Bond, já que os dois têm uma jornada emocional mal resolvida. Ambos encontram na vingança a forma de saciar, pôr fim aos seus fantasmas internos.

O humor, a sofisticação e a malandragem do velho Bond são deixados de lado. Tudo se esvaiu em nome da vingança. Matar se tornou algo banal para o agente. O vilão Greene em certo momento fala para Bond: “Tudo o que você toca, murcha e morre”. E esse é o provável destino de quem surge na frente dele.

Na direção de "Quantum of Solace" está Marc Foster, hábil cineasta em explorar dramas humanos, como em "A Última Ceia" e "O Caçador de Pipas". Esta fase sombria de Bond seria um prato cheio para Foster mergulhar no pesadelo que a vida do agente se tornou após a morte da única mulher que se permitiu amar. Mas talvez por receio de focar somente no drama, o diretor se concentra mais na violência, nas intensas cenas de ação, no qual James Bond virou uma máquina de matar, que extermina quem aparece na sua frente. Ele como M o descreve bem, está com um ódio incontrolável que o cegou. Ele aproveita a vantagem de ter licença para matar e não se importa em deixar dezenas de corpos por onde passa.

Em uma conversa com Bond, M pede a ele que perdoe Vesper e perdoe a si mesmo. É isso que Bond precisa fazer. Suas feridas internas difíceis de cicatrizar, não vão ser curadas com meia dúzia de sopapos, só o tempo para curá-las. "Quantum of Solace" resolve todas as questões pendentes em "Cassino Royale" e o que se espera é que o bom e velho Bond retorne em sua próxima aventura com o estilo que todos conhecem e amam.

sábado, 1 de novembro de 2008

ROCKNROLLA – A GRANDE ROUBADA


Guy Ritchie, ex-marido de Madonna, é um dos diretores mais interessantes e influentes do cinema inglês. Suas produções são permeadas por histórias de crimes e violência, tudo com um toque de humor negro. Dois de seus filmes: “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes e “Snatch – Porcos e Diamantes”, são ótimos exemplares disso. E agora chega aos cinemas outro grande filme do diretor: “RocknRolla – A Grande Roubada”.

A produção conta a história sobre um negócio da máfia russa que dá errado. Com isso, milhões de dólares ficam dando sopa e vários criminosos vão tentar a todo custo por a mão na bolada. O filme é cheio de diálogos espertos e divertidos numa trama com vários personagens. Destaque para o bandido One Two, interpretado por Gerard Butler, o rei Leônidas do fantástico “300”.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

MEU DIA DE PAPARAZZO


Eu flagrei Benicio Del Toro e Rodrigo Santoro saindo de um hotel e indo para a 32° Mostra de Cinema de São Paulo para a apresentação do filme "Che".

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

TÚNEL DO TEMPO

Que tal uma volta ao passado e ter a oportunidade de ver seriados, filmes e astros inesquecíveis da era de ouro? Pois é o que o canal TCM – Classic Hollywood promete, com a exibição de grandes clássicos da TV e do cinema

Faroestes, filmes noirs, musicais da MGM, dramas românticos, filmes de terror da Universal, sagas épicas e astros do quilate de Cary Grant, Marilyn Monroe, Humphrey Bogart, Rita Hayworth e muitos outros reunidos num mesmo canal.

O canal TCM – Classic Hollywood tem dado aos telespectadores a chance de ouro de ver e rever grandes astros, filmes e seriados que marcaram época. A programação do canal é recheada de boas atrações, com um acervo composto em sua maioria por produções realizadas entre os anos 30 e 60.

O TCM possui uma gama de bons seriados como "O Incrível Hulk", "O Agente 86", "A Ilha dos Birutas", "As Panteras" e "A Mulher Maravilha". Este mês outros dois seriados entram na grade de programação: "Dallas" e "Magnum". O grandioso "Dallas" mostra a tempestuosa relação entre os integrantes do clã Ewing, uma família poderosa e milionária, dona de um dos maiores poços de petróleo dos EUA. Já "Magnum" traz Tom Selleck, que ganhou o estrelato como um investigador particular que tem o Havaí como escritório.

No quesito longa-metragens, todos os meses estreiam filmes imperdíveis para qualquer fã nostalgista e para aqueles que querem descobrir algumas preciosidades do cinema. Este mês, nas quartas e sábados haverá o especial “The TCM Horror Picture Show”, com um pacote de exemplares horripilantes para o deleite dos aficionados pelos filmes de terror. Há desde clássicos como "Frankenstein" e "Psicose" até raridades como "O Gato Preto", "Tarântula" e "O Corvo".

E no dia 17, o canal presta uma homenagem ao 90° aniversário da deusa Rita Hayworth com a exibição de seis filmes estrelados por ela e um documentário sobre a atriz. Os destaques são o noir "A Dama de Shanghai", no qual contracena com o então marido Orson Welles e o inesquecível "Gilda", que traz a memorável cena em que Hayworth canta “Put the Blame on Mame” e faz seu famoso strip-tease no qual tira apenas uma luva.

No restante da programação do TCM há outros exemplares de filmes que você não pode deixar de conferir. O clima soturno invade com três produções noirs: "Pacto de Sangue", "O Terceiro Homem" e "A Marca da Maldade", estes dois últimos estrelados pelo gênio perfeccionista Orson Welles. Para os fãs de filmes-catástrofe o cardápio oferece "Aeroporto" e "Terremoto". E para fechar, um programa para toda família é conferir o mágico "A Fantástica Fábrica de Chocolate", em que o garotinho Charlie acha um bilhete dourado para conhecer e se deliciar com as guloseimas da fábrica de doces de Willy Wonka.

Um passeio no Havaí na Ferrari vermelha de Magnum, algumas raridades do terror, Rita Hayworth e um pouquinho de chocolate Willy Wonka. Com companhias como estas não há dia que não seja clássico!

terça-feira, 30 de setembro de 2008

CONTROLE ABSOLUTO


Shia LaBeouf, astro do grande sucesso “Transformers” estrela o suspense "Controle Absoluto". Nele LaBeouf interpreta um jovem que juntamente com uma mãe solteira (Michelle Monaghan, de “Missão Impossível 3”) passam a receber ligações de uma voz feminina misteriosa. A tal voz ordena que eles façam diversas ações perigosas.

Todos seus passos são observados por alta tecnologia. Se eles desobedecerem as consequências podem ser trágicas para eles e suas famílias. A única forma de sobreviver é seguir as regras e tentar descobrir o porquê deles estarem envolvidos nessa conspiração. "Controle Absoluto" traz influências de clássicos como "2001 - Uma Odisséia no Espaço", "Sob o Domínio do Mal" e "O Homem que Sabia Demais". Essa mescla faz dele um filme eletrizante do começo ao fim.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

DUELO DE GIGANTES

Christian Bale e Russell Crowe estrelam o ótimo faroeste “Os Indomáveis”

O faroeste é um gênero que sobrevive como pode, assim como seus personagens que lutam para viver em meio à pobreza e à violência. E o novo “Os Indomáveis” honra o gênero e mostra que o western pode sim viver no meio de adaptações de quadrinhos e personagens criados digitalmente do cinema atual.

A produção mostra o rancheiro Dan Evans (Christian Bale), que se candidata a escoltar Ben Wade (Russell Crowe), um perigoso líder de uma gangue, até o trem para Yuma, onde Wade será julgado e enforcado. Mas claro que o trajeto até a estação será cheia de percalços, principalmente porque o bando de Wade vai atrás para tentar libertá-lo.

O herói é um homem simples que está cansado. Cansado de ver seus filhos passarem fome, da forma como as crianças olham para ele e da forma como a mulher não olha para ele. Já o vilão é extremamente sedutor, ele cativa o espectador na forma como olha e fala.

O ponto alto dos faroestes são os tiroteios, as perseguições e o enfrentamento entre o herói e o vilão. Em “Os Indomáveis” isso é o de menos. O melhor mesmo é ver a guerra de palavras entre o rancheiro e o bandido. Os dois são obrigados a passarem o tempo juntos durante o percurso até a estação e em função disso, aparecem algumas farpas. Mas ao longo do tempo surge uma empatia entre eles, tanto que em outras circunstâncias, Evans e Wade dariam uma dupla imbatível. Hoje em dia é difícil um filme se manter interessante somente com os diálogos. Mas “Os Indomáveis” consegue ser certeiro como um tiro num duelo entre cowboys.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

SWEENEY TODD: O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET


Em 1979 estreava na Broadway o musical “Sweeney Todd”. Agora chega a sua versão cinematográfica, “Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet”, sob o comando do gótico Tim Burton. É um projeto que cabe como uma luva para o diretor, já que o tom sombrio domina a produção. A direção de arte, a fotografia e os figurinos servem para dar o clima de medo e perigo que ronda a rua Fleet.

Na história, o ingênuo Benjamim Barker (Johnny Depp), é condenado por um crime que não cometeu. 15 anos depois, ele retorna para se vingar do homem que o colocou atrás das grades e tentar recuperar sua esposa e filha.

Benjamim Barker se torna Sweeney Todd, que trabalha como barbeiro. Ele usa seu instrumento de trabalho, a navalha, como arma para aniquilar seu inimigo. Mas como toda boa vingança, o plano deve ser bem elaborado e esperar o momento certo para executá-lo. Durante esse meio tempo, Todd usa seus clientes para treinar os cortes no pescoço, até chegar a hora de degolar seu grande rival. Mas a ira que o corrói vai acabar o apunhalando pelas costas.

“Sweeney Todd” deve ter dado muito certo no teatro. Tim Burton mantém esse aspecto teatral com o uso de poucos cenários, números musicais exagerados, atuações bem dramatizadas e efeitos artificializados. Toda a história é contada com números musicais repetitivos e chatos. E essa produção não tem uma das melhores atuações de Johnny Depp. Em certos momentos do filme, o ator deixa escapar alguns trejeitos do seu personagem mais famoso, Jack Sparrow, da série “Piratas do Caribe”.

O problema é que a produção ficou teatral demais. Durante todo o filme se tem a sensação de que se está vendo um musical encenado num palco. É possível imaginar quando haveria as trocas de cenários e o fechar de cortinas ao final da breve conclusão da história. Burton poderia ter ousado nessa transposição teatro/cinema, mas só conseguiu um resultado abaixo da média e um barbeiro que só deveria aterrorizar no teatro.