sexta-feira, 28 de maio de 2010

TERRA PROMETIDA


















Com tom de suspense, “Olhos Azuis” critica a xenofobia àqueles que querem o sonho americano


Marshall (David Rasche), personagem do filme “Olhos Azuis” é o chefe do Departamento de Imigração do aeroporto JFK, em Nova York. Ele está prestes a se aposentar e seu último dia de trabalho vai lhe marcar para sempre. Para tornar o seu derradeiro dia de serviço mais divertido, ele decide brincar com um grupo de latino-americanos, dificultando a entrada deles na terra do Tio Sam. Ele sorteia passaportes para decidir quem será liberado e quem vai ser deportado. Esse é o critério adotado.

No grupo que fica aguardando o interrogatório está o brasileiro Nonato (Irandhir Santos), uma bailarina cubana, dois poetas argentinos e lutadores hondurenhos. O Departamento de Imigração se torna o inferno na Terra com o clima de tensão que se estabelece ali.

Baseando-se em estereótipos, Marshall se julga superior. O oficial tem olhos azuis e pele clara, enquanto os imigrantes têm pele e olhos escuros. O embate entre os olhos azuis e olhos negros está instaurado. O constrangimento e a humilhação serão as armas do oficial. A cada pessoa que é interrogada, mais o clima vai ficando pesado e a tensão explode quando Nonato é chamado. Um incidente acontece e isso será o estopim para Marshall abandonar seu país para ir até o Brasil. A terra que ele considera o fim do mundo será o caminho para a redenção.

O diretor José Joffily ("Quem Matou Pixote?", "Dois Perdidos Numa Noite Suja") explora muito bem o roteiro de Paulo Halm e Melanie Dimantas. “Olhos Azuis” traz a temática da xenofobia ao imigrante, aquele que espera viver o sonho americano na terra das oportunidades. O longa é um road movie que alterna flashbacks de Marshall sobre o fatídico dia no Departamento enquanto ele vai de Recife a Petrolina procurando por uma menina chamada Luiza. Marshall conhece a prostituta Bia (Cristina Lago), que parte nesta viagem para ajudá-lo a encontrar a menina.

Em um tom de suspense, o filme vai soltando as informações aos poucos, fazendo com que o espectador fique cada vez mais interessado em saber o que aconteceu no último dia de trabalho de Marshall e porque ele está à procura de Luiza. “Olhos Azuis” ganhou seis prêmios no Festival de Paulínia do ano passado, incluindo melhor filme. “Olhos Azuis’ é um trabalho vigoroso, surpreendente e que merece ser visto.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

MODA DO MOMENTO

Estúdios entram na onda da conversão de filmes para 3D. "Fúria de Titãs" é um que aderiu ao recurso

O filme "Avatar" ficou responsável pela nova febre da tecnologia 3D. A produção foi toda filmada com câmeras especiais. Com a explosão da tecnologia, agora os estúdios de Hollywood estão aderindo a conversão de filmes 2D para 3D. Isso está se tornando uma polêmica entre os diretores americanos quanto ao trabalho artístico envolvido em um filme rodado em 3D e um em 2D convertido para três dimensões.

O diretor James Cameron disse em visita ao Brasil que a conversão é um processo válido, mas com ressalvas. “Quero fazer a conversão de 'Titanic'. Realizamos testes e é possível manter a qualidade. O 3D é um assunto que tem que ser tratado com seriedade pela indústria do cinema. Para o 3D ser uma experiência de qualidade, o estúdio tem que investir para que isso de fato aconteça e o público não se sinta enganado”.

Cameron continua, dizendo que “se a ideia é ver 'Indiana Jones', 'Star Wars' em 3D o que se espera é que se faça um investimento em busca de qualidade na hora de fazer a conversão. Mas se o plano é fazer um filme do zero em 3D, então que seja filmado em 3D e não convertido de 2D para 3D”, declara ele.

CONVERTIDOS
Segundo Luiz Gonzaga de Luca, diretor-superintendente dos Cinemas Severiano Ribeiro/ Kinoplex, existem três maneiras de realizar um filme em 3-D. A forma mais simples é com duas câmeras apoiadas em uma estrutura metálica chamada Rig. “Essa é a forma mais fácil de filmar em 3-D. O problema é a necessidade de se ter que manejar duas câmeras. Os movimentos ficam difíceis e a locomoção é extremamente complexa”.

A segunda forma foi utilizada por James Cameron no qual é usada uma câmera digital que já faz o registro direto em 3-D. A terceira é a conversão. ”É feito um processo informático a partir do filme 2D, criando duas imagens. A segunda imagem é gerada pelo computador. É um processo muito lento, complicado e caro. Isso porque é feito um processamento quadro a quadro criando uma segunda imagem para depois fazer a renderização. Para se renderizar uma cena de dois, três segundos demora-se horas”, explica Gonzaga.

Este ano a Disney relançou "Toy Story 1" e "2" em três dimensões que passaram pelo processo de conversão. Alceu Baptistão, sócio da Vetor Zero, empresa especializada em animações publicitárias, dentre elas as construídas em 3D, explica como essa conversão em animações digitais acontece. “No caso de Toy Story, o material original é retrabalhado por uma segunda câmera que funciona com lentes virtuais, duplica-se o filme inteiro e depois é feita a composição para ser projetada em 3D”.

"Fúria de Titãs" que já está em cartaz nos cinemas brasileiros e "O Último Mestre do Ar", que será lançado no mês que vem passaram pelo processo de conversão de 2D para o 3D. Segundo Baptistão, no caso de um filme em live- action o trabalho é mais complicado: “Há o processo de multi-plano que é fazer um recorte dos atores com um sistema de pintura digital quadro a quadro e um recorte do fundo para depois colocá-los em planos diferentes. Gera-se duas imagens modificando os planos. É como se fossem múltiplos cartões planos colocados em profundidade. Isso é um falso 3D”. Trocando em miúdos seria igual aos cartões de felicitações que quando abertos às figuras saltam como origamis. “Tem outro processo mais sofisticado que é modelar no computador todos os elementos fílmicos em 3D e projetar a imagem em três dimensões. Aí se transformaria o filme plano em tridimensional”, explica ele.

O sucesso do momento em três dimensões, "Alice no País das Maravilhas" também foi convertido. O diretor do filme, Tim Burton optou em filmar em 2D e depois converter o longa para 3D. “Eu não via nenhuma vantagem em filmar em 3D. Depois de ver a conversão do trabalho que foi feito em 'O Estranho Mundo de Jack', eu não encontrei razão para fazer de outro modo. Nós tentamos fazer mais rápido e, no fim das contas, eu não vi nenhuma diferença na qualidade”, declarou ele durante divulgação do longa.

Nos Estados Unidos, empresas especializadas no processo de conversão cobram em média US$ 100 mil por minuto de filme. Apesar de ser um processo complicado e caro, a conversão tem sido a saída de Hollywood para suprir a vontade do público por produções em 3-D. A Warner é uma grande entusiasta da conversão que tem planos de relançar "300" e a trilogia "O Senhor dos Anéis" em 3D. “O 3D não é uma moda passageira. Vai haver uma tendência dos blockbusters e as animações serem realizados em 3D. A indústria vai ganhar dinheiro com isso, na venda de ingressos mais caros e de projetores e óculos especiais”, completa Baptistão. Este é apenas o começo para uma longa jornada da era em três dimensões.

DEIXA O MORTO EM PAZ!

Na comédia "Quincas Berro D'Água", baseada em obra de Jorge Amado, o humor nasce da tragédia

Joaquim (Paulo José) é um homem exemplar, casado e com uma filha. Cansado da vida de almofadinha que leva, ele abandona a família e os bons costumes para cair na gandaia das ruas de Salvador e se torna Quincas. Esse é o personagem do livro “A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água”, escrito por Jorge Amado. No cinema a obra ganha uma adaptação pelas mãos de Sérgio Machado (Cidade Baixa) intitulada “Quincas Berro D’Água”.

Na vida de farra, Quincas é um legítimo boêmio, cercado de amigos, mulheres e muita pinga. Prestes a completar 72 anos, a morte passa a rondá-lo cobrando a conta da cachaça desregrada e da orgia da esbórnia. Até que Quincas bate as botas e deixa os malandros das pocilgas da cidade, órfãos.

Chamado carinhosamente de painho, seus companheiros Pastinha (Flávio Bauraqui); Pé de Vento (Luis Miranda); Cabo Martim (Irandhir Santos) e Curió (Frank Menezes) pegam o corpo de Quincas, para que mesmo morto, comemore seu aniversário em grande estilo. “O filme é uma comédia, mas o tema central é a morte, ao mesmo tempo é uma ode a estar vivo”, conta Sérgio Machado, diretor da produção.

A vida de morto do rei dos vagabundos acaba se tornando muito mais animada do que a vida de muito vivo. Paulo José dá um show, já que interpretar um morto não deve ser nada fácil. Mesmo deitado ou carregado ele consegue passar para o espectador o que ele está "pensando" e "sentindo" de toda a situação mesmo sem se mover. É incrível. “O Quincas é um morto vivo. À medida que a noite avança e os amigos vão bebendo cada vez mais, mais vivo ele vai se tornando. É preciso ser maleável, ser morto, mas vivo. Não pode mexer nada, embora possa mexer tudo. O mais importante para o ator no cinema é o olhar, ver o interno do personagem. No filme eu ficava o tempo todo de olho fechado. Eu tinha que ficar olhando para dentro, mas ouvia tudo o que estava sendo dito, eu ficava atento a tudo o que estava acontecendo”, explica o ator.

Um recurso muito bem utilizado no filme são os flashbacks em que a filha Vanda (Mariana Ximenes) se lembra do pai. Recursos como porta-retrato e o abrir de uma porta são sabiamente usados para isso. O trabalho de direção de arte de Adrian Cooper; o figurino de Kika Lopes, inspirado nas fotos de Pierre Verger e a trilha sonora de Beto Villares tornam o filme riquíssimo visualmente e sonoramente.

Com um humor brejeiro, a produção faz da tragédia algo engraçado. Mas regados a muita bebida, Quincas e seus amigos acabam se divertindo muito mais do que o espectador, que sóbrio assiste ao filme no limbo. Mas entre vivos e mortos “Quincas Berros D’Água” consegue se salvar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

OU EU OU O CIGARRO!

Glória Pires e Paulo Miklos vivem triângulo amoroso em "É Proibido Fumar"

Depois de "Lula, o Filho do Brasil", Glória Pires pode ser vista no filme "É Proibido Fumar". Nele, Glória vive Baby, uma professora de violão muito solitária. Tudo muda quando aparece um novo vizinho, Max (Paulo Miklos). No entanto, para ser feliz no amor ela terá que se decidir entre Max ou o vício pelo cigarro.

Para Miklos o filme é um divertido triângulo amoroso entre Baby, Max e o cigarro. “A história do filme é uma comédia gostosa, mas por trás disso tem toda a discussão sobre o vício, da necessidade, o cigarro como muleta e essa coisa da culpa, pois as pessoas sabem que o cigarro faz mal, mas continuam fumando”, afirma ele. Glória adorou trabalhar no filme, em especial por causa da diretora, Anna Muylaert. Seu filme anterior foi ótimo "Durval Discos" (2002). “Eu já conhecia o trabalho da Anna, tinha visto 'Durval Discos' e fiquei super entusiasmada. Aí desde então ficamos entrando em contato até que ela me fez o convite para É Proibido Fumar sete anos depois”, declara Glória.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O CHATO MUNDO DE ALICE

Nova produção de Tim Burton decepciona por não apresentar nada de novo em "Alice no País das Maravilhas"

“Comece pelo começo, siga até chegar ao fim e então pare”. Esta é uma citação de uma das obras mais famosas da literatura inglesa, “Alice no País das Maravilhas”, escrita por Lewis Carroll em 1865. O autor adotou o surrealismo para contar a história sobre a garota Alice que segue um coelho branco e após cair na toca do bicho vai parar em um mundo fantástico.

A obra se tornou famosa pelo mundo e com o surgimento do cinema em 1895, logo, tal livro foi transposto para filmes. A primeira adaptação foi feita na Inglaterra em 1903 com um filme mudo, que inclusive pode ser visto no site YouTube. Ao longo dos anos foram feitas 21 adaptações. Dentre elas há uma versão cubana de 1991 e uma argentina de 1976 e também uma série de animação japonesa de 1983. A adaptação mais famosa é a animação da Disney realizada em 1951. A fascinante história de Alice até serviu de influência para filmes como da trilogia “Matrix” e “Donnie Darko”.

Todo o conteúdo fantástico da história escrita em 1865, agora, 145 anos depois com os recursos tecnológicos que o cinema dispõe, joga o espectador para dentro da toca do coelho junto com Alice no formato 3D. Com toda a ferramenta tecnológica mais a experiência de um diretor criativo como Tim Burton, à frente da empreitada é de se esperar algo realmente fantástico, certo?

Certo, mas não é isso que acontece. "Alice no País das Maravilhas" peca por muitos problemas. Em vez de ser uma experiência vertiginosa, colorida e emocionante à la Tim Burton, o filme só consegue arrancar alguns sorrisos amarelos e bocejos do espectador. A começar pela atriz que interpreta Alice, Mia Wasikowska. Ela é insossa, não tem carisma, não faz o espectador querer torcer por ela.

A produção parece um baú com uma mistura de tudo o que Burton já fez em sua carreira. Se você é um fã do trabalho do diretor, vai gostar de "Alice", pois o filme não tem absolutamente nada de novo. Novamente Helena Bonham Carter e Johnny Depp encarnam tipos estranhos, a trilha fantasmagórica de Danny Elfman também está lá, assim como a fotografia e direção de arte góticos.

Nem Johnny Depp consegue tornar o filme interessante. Na verdade "Alice" mostra que Depp faz sempre a mesma coisa ao viver personagens excêntricos. Seu Chapeleiro Maluco traz os mesmos trejeitos de Willy Wonka que o ator interpretou em "A Fantástica Fábrica de Chocolate", também dirigido por Burton.

No filme, Alice volta ao mundo subterrâneo. Ela não se lembra da primeira visita e acha que tudo é um sonho. Lá ela precisa ajudar Rainha Branca a reconquistar a sua coroa, tomada pela irmã má, Rainha Vermelha. É uma missão e tanto, já que ela, uma jovem de 20 anos, franzina e sensível precisa enfrentar várias criaturas. Todos os obstáculos são facilmente ultrapassados, como entrar no castelo da Rainha Vermelha e encontrar a espada Vorpal.

O filme não tem clímax, o enfretamento entre Alice o e o dragão Jabberwocky se dá numa batalha sem graça resolvida rapidamente. E o espectador ainda é obrigado a ver o Chapeleiro Maluco dando um de Michael Jackson em uma dança totalmente fora de propósito. A produção tem feito uma ótima campanha nas bilheterias, causada pelo alvoroço do 3D, mas tal recurso nada acrescenta a história.

O que se quer é que o filme acabe logo e se possa ir embora, antes claro é preciso encarar a canção tema do filme cantada escandalosamente por Avril Lavigne. O que mais de pior pode acontecer com Burton e companhia nesse trem sem rumo chamado Alice?

sexta-feira, 14 de maio de 2010

BEM VINDO AO SHOW DO JÚNIOR!

"Homem de Ferro 2" abre espaço para Robert Downey Jr. brilhar

Se tem alguém que nasceu para interpretar o Homem de Ferro esse alguém é Robert Downey Jr. Na segunda parte da franquia o ator está ainda mais à vontade na pele de Tony Stark/Homem de Ferro. O filme é o palco para ele destilar a graça narcisista, vaidosa e arrogante do personagem, esculpida por Downey Jr à perfeição. Ator e personagem parecem os mesmos. Downey Jr. que não tem problemas em admitir seus defeitos e problemas do passado transfere a carga errante para o personagem. Um cara centrado no próprio umbigo bancando o salvador da humanidade é inusitado.

"Homem de Ferro" 2 acontece seis meses depois do grande anúncio de Stark no qual revela que ele é o cara da armadura. Agora o Homem de Ferro não é super-herói é superestrela. Desejado pelas mulheres, venerado pelas crianças, ele lida com a fama como lida com malfeitores, de forma fácil e apoteótica. Para um cara egocêntrico até o último fio de cabelo, ter o mundo aos seus pés é uma maravilha.

Desta vez os arquiinimigos, sim agora o trabalho é em dobro, são Ivan Vanko (Mickey Rourke) e Justin Hammer (Sam Rockwell). Ambos odeiam o poder e a glória armamentista de Stark. Vanko é um russo em busca de vingança pelo passado entre a família dele e a de Stark. Hammer é um concorrente fornecedor de armas que quer se apoderar da tecnologia da armadura do Homem de Ferro. Além disso, Stark luta contra si mesmo, já que a tecnologia que o mantém vivo o está envenenando.

O maior trunfo da série é Tony Stark, sem dúvida. Ficar vendo Downey Jr. em cena é prazeroso. Outro ponto positivo é o humor que casa muito bem com os personagens. A relação de amor e “ódio” entre Stark e Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) se intensifica. Os dois mais parecem um casal saído de alguma comédia romântica dos anos 40, no estilo Cary Grant e Katherine Hepburn ou Rock Hudson e Doris Day.

Quando o assunto é sequências, parece que há uma obrigação em tudo ser mais grandioso, vide "Piratas do Caribe 2 - O Baú da Morte" e "Transformers: A Vingança dos Derrotados", que se perderam com tanta ambição de grandeza. O fato é que "Homem de Ferro 2" não se propõe a ser maior que o primeiro filme, mas uma continuidade. É a história de um cara que acaba se tornando herói, mesmo que à sua própria maneira, gostem disso ou não.

No quesito ação, assim como no primeiro, "Homem de Ferro" não se trata de uma série movimentada e eletrizante. A ação existe, mas não é o que guia o herói. Aí quem espera ação é melhor ir com menos sede ao pote. Ela acontece pontualmente em três momentos do filme. Há muita explosão, luta e destruições, mas elas se encerram rapidamente, pois a estrela aqui não é a ação e sim o herói com todas as suas qualidades e principalmente defeitos. Tony Stark é o rei, o Homem de Ferro um mero brinquedinho para ele se divertir.

domingo, 9 de maio de 2010

MÃE, TODO MUNDO TEM!

Maio, mês que celebra o Dia das Mães é também uma boa época para conhecer mais sobre elas no cinema

Amorosa, protetora, cuidadosa, exagerada, de primeira viagem, por acidente, de criação... São muitas as formas e jeitos de uma mãe. Maio é o mês que se celebra o dia dela em muitos países. A data comemorativa surgiu na Antiga Grécia. A chegada da primavera era festejada em honra a Rhea, esposa de Cronus e mãe de Zeus, considerada a Mãe dos Deuses. Na Inglaterra, no século XVIII, o Dia passou a ser festejado no quarto domingo da Quaresma, que era dedicado às mães das operárias inglesas.

Nos Estados Unidos o Dia das Mães surgiu em 1914 quando uma mulher, Ana Jarvis, perdeu a mãe e entrou em depressão. Para superar a dor, as amigas dela fizeram uma festa em celebração a mãe de Ana. No Brasil a data começou a ser celebrada em 1918. A partir de 1932 por meio de um decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas ficou instituído que a comemoração seria sempre no segundo domingo de maio. Pelo lado comercial a data só perde em número de vendas para o Natal.

CINEMATOGRÁFICAS
Além de ser alguém especial e importante na vida de muita gente a mãe também aparece como protagonista em muitas histórias no cinema. O diretor Vsevolod Pudovkin, diretor de um dos mais importantes filmes do cinema soviético, "O Fim de São Petersburgo" (1927), realizou "A Mãe" (1926) no qual um ativista político é preso e morto. Depois do ocorrido, a mãe dele passa a questionar o horror imposto pelo regime czarista.

Outro grande diretor, o japonês Yasujiro Ozu, dirigiu "Filho Único". A produção gira em torno de uma mãe solteira dedicada a criar o filho. Quando ele cresce a mãe vê que tudo o que fez pelo filho pode ter sido em vão. Nos filmes do cineasta Pedro Almodóvar, a personalidade de sua mãe, Francisca, serve de inspiração para as histórias de seus filmes sempre com fortes personagens femininas. "Tudo Sobre Minha Mãe" é uma homenagem do diretor a madre. Na história, Manuela após perder o filho, parte em busca do pai do mesmo. O filme discute de forma acalorada o instinto materno.

GÊNIO RUIM
Tanto a vida como o cinema não vivem apenas de mães cuidadosas e amorosas. Não se engane com o título "Mamãezinha Querida", pois de querida a mãe representada neste filme não tem nada. A produção é baseada em livro sobre a atriz Joan Crawford. No filme é exposto o comportamento opressivo dela com os filhos adotivos, Christina e Christopher. No clássico "Psicose" (1960), o dono de um hotel é perturbado pela mãe dominadora. Recentemente o lado perverso de uma mãe foi explorado em "Preciosa - Uma História de Esperança". Uma adolescente sofre nas mãos de uma mãe violenta, interpretada por Mo’Nique que ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante esse ano.

Deixando a tensão de lado, as terríveis mães também ganham contornos cômicos. Em "Jogue a Mamãe do Trem", Owen não suporta mais a sua mãe. Ele decide então pedir a seu professor, Larry que a mate. "Minha Mãe Não Quer que Eu Case" traz um policial quarentão que ainda mora com a mãe. Tudo muda quando ele se apaixona. Mas a mãe dele não gosta nada da ideia de se separar de querido filhinho. Essas são apenas algumas personagens que o cinema já retratou, sejam elas mães vilãs ao queridas.

Instinto materno

Quem disse que o papel de mãe pertence só a mulher? O homem também encara de frente as tarefas e o jeito maternal de qualquer mãe. Um trio de homens mulherengos e de vida tranquila vêem tudo isso acabar quando um bebê é deixado na porta da casa deles. "Três Solteirões e um Bebê" coloca machões para trocar fraldas, preparar banhos e muitas mamadeiras. Em "Junior", o grandalhão Arnold Schwarzenegger banca uma mãe nem um pouco tradicional. Seu personagem é o pesquisador Alex Hesse que ao lado do companheiro de trabalho cria uma droga para auxiliar a gravidez. Mas a droga é testada nele mesmo e com isso, Alex fica grávido e experimentando as sensações da gestação.
As faces da mãe no cinema

Mãe por Acaso
(Bachelor Mother, 1939)
Polly trabalha como caixa em uma loja de departamento. Um dia, quando surge um bebê abandonado, ela acaba cuidando dele como se fosse seu filho. Impressionado com sua conduta, seu patrão resolve empenhar-se para manter a mulher e a criança juntas.

Sem Reservas
(No Reservations, 2007)
Kate é uma chefe de cozinha viciada em trabalho. Certo dia ela fica sabendo que sua irmã morreu. A sobrinha Zoe terá que ficar sob a guarda de Kate. Agora ela terá de conciliar o trabalho e a independência com a criação da sobrinha.

Juno
(Juno, 2007)
A adolescente Juno engravida de seu colega de classe. A gravidez não foi planejada. Ela conhece um casal que sonha em ter um filho, assim Juno decide dar o bebê ao casal.

A Troca
(The Changeling, 2008)
Christine é uma mãe desesperada por notícias do filho desaparecido. Após meses de buscas intensas, finalmente, a polícia encontra o garoto. Mas algo está errado. Christine desconfia que ele não seja seu filho verdadeiro e parte em busca de respostas.

Uma Mãe em Apuros
(Motherhood, 2009)
Eliza é escritora, blogueira e mãe. O papel de mãe fala mais alto quando ela precisa preparar a festa de aniversário de sua filha, e cuidar do filho mais novo. Como só isso não bastasse, várias coisas vão surgindo ao longo do dia, a deixando enlouquecida.

Mother - A Busca Pela Verdade
(Madeo, 2009/Paris Filmes)
Hye-ja é mãe solteira. Seu filho, Do-joon, tem 27 anos e muito dependente da mãe. Ele é acusado de matar uma garota. Hye-ja decide agir por conta própria para descobrir quem é o verdadeiro assassino para provar a inocência do filho.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

MISSÃO: SUPER PRODUÇÃO

No clima da ação do filme "Segurança Nacional", equipe faz o lançamento em grande evento

Impressionante! É o que tem a ser dito sobre o evento que marcou o lançamento do filme "Segurança Nacional" para a imprensa. Nem a chuva tirou o brilho e a empolgação da festa realizada no começo de abril na Base Aérea de Guarulhos, em São Paulo. Para a divulgação do filme foi montada uma super estrutura em um hangar que mais parecia um set de filmagem.

Um Hércules C-130 ficou parado próximo ao hangar. Dentro dele, uma televisão foi instalada que exibia trailer e entrevistas com a equipe de produção. Já dentro do hangar, vários armamentos e aeronaves estavam em exposição. O Exército levou os helicópteros HA-1 Fennec e HM-1 Pantera. A Aeronáutica exibiu o avião A-29 e o caça F-5.

A equipe do filme saiu do avião-radar E-99 ao som de tiros de uma tropa que representou um ataque armado. O ator Thiago Lacerda portando uma pistola incorporou seu personagem de "Segurança Nacional", o agente secreto Marcos Rocha. A produção traz um narcotraficante que planeja um ataque ao SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia). Para impedi-lo, a ABIN (Agência Brasileira de Inteligência) coloca o agente Marcos Rocha a frente da missão.

Diogo Boni, produtor executivo de "Segurança Nacional" falou sobre a chance de fazer filme de ação no Brasil. “Entramos de cabeça no projeto para poder fazer um filme de ação. Estamos saindo da mesmice, de filmes que só retratam coisas ruins, a temática da favela... Queremos mudar o cinema nacional, apresentando um novo conceito e mostrar que nós também podemos fazer filme de ação como nos Estados Unidos”.

Milton Gonçalves foi escolhido para viver o presidente Ernesto Dantas que tem de decidir o que fazer para salvar a vida de milhares de cidadãos. O ator disse que ser o primeiro presidente negro do Brasil, mesmo que na ficção foi um desafio. “Eu fiz a peça 'A Mandrágora' e eu vivia um escravo. Certo dia o ator principal que interpretava o Ligúrio, não pode fazer a peça. Então sugeriram que eu fosse o Ligúrio. Eu confesso que todos os dias eu precisava me convencer que eu era capaz de fazer o Ligúrio. Quando eu recebi o convite para 'Segurança Nacional', eu pensei que seria mais um Ligúrio da minha vida. Nunca disse isso pra ninguém antes, nem o Roberto [Carminati, diretor do filme] sabe disso. Eu tive medo de interpretar esse personagem”, declara ele.

HERÓI DE AÇÃO

Thiago Lacerda fala da experiência de fazer um filme de ação brasileiro

Qual a importância de Segurança Nacional para o cinema brasileiro?
Ele é importante porque esse é o primeiro filme de ação feito no Brasil. Eu torço para que ele acabe com a história de que no Brasil não se faz filme de ação, brasileiro não faz filme de ação. Isso não é verdade. Ouço há muitos anos o papo de que brasileiro não sabe fazer filme de ação. Não podemos acreditar nisso. Tem que haver liberdade e coragem para a cinematografia brasileira fazer o que quiser. Podemos fazer o que quisermos, é só uma questão de acreditar e ter uma estrutura mínima para ser feito. Esse é um filme 100% brasileiro e isso dá muito orgulho.

As Forças Armadas são tratadas com um certo ranço da ditadura militar na cultura brasileira. Como você avalia isso?
Esse é outro aspecto importante do filme. Existe muito preconceito e fantasia em relação ao Exército. Eu pude perceber isso. As pessoas têm um preconceito terrível com a ABIN [Agência Brasileira de Inteligência], mas não é à toa. A ditadura promoveu sequelas que até hoje não foram cicatrizadas. Mas é importante saber que essa era uma época que não existe mais. O filme vem a dizer para o povo brasileiro que temos uma Agência de Inteligência. Eu não sabia que o Brasil tinha uma coisa chamada ABIN e tão pouco que se ela existisse, era atuante. É preciso desmistificar esse preconceito.

Você fez algum treinamento para o filme?
Fomos para um acampamento “rala-coco” (risos). Passamos cinco noites no meio do mato. Foi barra-pesada (risos). Ficamos em barracas. Mas no final até conseguimos uma fogueira e ter uma cervejinha gelada. Foi importante passar por esse processo de desmistificação, de ter a oportunidade de conversar com os oficiais e descobrir como funciona a Força. O filme é uma maneira de estimular no imaginário dos brasileiros um misto de realidade e fantasia sobre quem somos nós.

Houve algum imprevisto, algo inusitado durante as filmagens?
A bomba nuclear usada no filme estava em Manaus e foi para Brasília. O câmera ficou responsável por carregar a mala da bomba. Na hora que as bagagens iam para a esteira, a mala caiu no meio do caminho e abriu. De repente começou a chegar várias pessoas, depois a polícia... Resultado: todo mundo que estava nesse avião foi parar na Polícia Federal para descobrir de quem era a mala. Até explicar que aquilo era um objeto de cena de um filme que estávamos fazendo... Aí o diretor que estava em Florianópolis saiu ligando para um monte de gente para tentar a liberação da mala... (risos).

quarta-feira, 5 de maio de 2010

CHARME À TODA PROVA


Pierce Brosnan e Rene Russo brincam de gato e rato em "Thomas Crown - A Arte do Crime"

Thomas Crown (Pierce Brosnan) é um homem riquíssimo, tem tudo o que quer. Mas tanta riqueza e sucesso não o dá tanto prazer. Para aplacar o tédio em sua vida ele decide roubar uma pintura de Claude Monet avaliado em US$ 100 milhões. É ai que entra em cena, a investigadora Catherine Banning (Rene Russo), contratada para investigar o roubo. Quando eles se conhecem a atração é inevitável.

"Thomas Crown - A Arte do Crime" traz uma ótima química entre Brosnan e Russo que esbanjam charme numa história eletrizante. O filme de 1999 é uma refilmagem de "Crown - O Magnífico" (1968) com outro casal igualmente charmoso formado por Steve McQueen e Faye Dunaway. Thomas Crown vale a pena ser revisto agora em Blu-ray em especial por bons momentos do filme, como a primeira aparição de Russo em cena e a dança de Thomas e Catherine em um baile de gala de tirar o fôlego.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

MADE IN BRAZIL

Animação "O Segredo de Kells", indicada ao Oscar teve equipe brasileira envolvida na produção

Na última edição do Oscar, havia um grupinho de brasileiros dentre os concorrentes. Brasileiros? Sim. Na categoria Melhor Filme de Animação, um dos indicados era "O Segredo de Kells", co-produção entre França, Bélgica e Irlanda que contou com a colaboração de uma produtora brasileira, a LighStar Studios, estúdio especializado em animação criada em 2003, localizada em Santos e sob o comando do casal Marcelo de Moura e Jean Cullen de Moura.

Marcelo de Moura viveu no exterior por 12 anos onde trabalhou em grandes estúdios como Disney e Warner. Com um currículo extenso, Moura já participou como animador dos filmes "Mulan", "Fantasia 2000" e "A Era do Gelo". "O Segredo de Kells" trata da história de Brendan, um garoto que precisa terminar de escrever o famoso "Livro de Kells" e protegê-lo dos vikings, que invadem a Irlanda e causam destruição por onde passam. NO MUNDO DO CINEMA bateu um papo com Marcelo para saber mais sobre a carreira internacional no departamento de animação e detalhes sobre a produção "O Segredo de Kells".

Como surgiu a oportunidade de trabalhar em Hollywood na área de animação?
Aos 23 anos comecei a minha carreira internacional. Levei meu portfolio e fui visitar vários estúdios. Então eu recebi o convite para trabalhar com o Don Bluth em um estúdio que ele tinha na Irlanda.

Em "O Segredo de Kells" o senhor e sua equipe ficaram responsáveis pelo o quê?
A criação dos personagens foi dividida entre Brasil e Hungria. A França ficou responsável pelos cenários. A parte de criação e pré-produção ficou com a Irlanda. Já a parte de pintura foi feita pela equipe da Bélgica.

Fale um pouco mais sobre o processo de produção de "O Segredo de Kells".
Foi um processo longo, durou mais de um ano. Foram 50 pessoas envolvidas na produção. Todo o material produzido aqui no Brasil era enviado pela Internet para a Europa. Os desenhos feitos a lápis eram escaneados e enviados. A comunicação era feita por um programa especial criado para a produção de filmes de animação.

Agora a sensação nas animações é o 3-D, o que o senhor acha dessa tecnologia?
É fantástico. Eu já trabalhei com o 3-D em "A Era do Gelo" e agora temos um projeto que vamos desenvolver com essa tecnologia. Mas vai sempre existir as animações em 2D, só que o mercado vai acabar se dividindo um pouco.

Como o senhor avalia o mercado de animação no Brasil?
É um mercado em expansão. Hoje as pessoas que trabalham com animação estão permanecendo no Brasil ao contrário da minha geração que foi trabalhar fora. Isso é um bom sinal, pois mostra que é uma indústria nova e que está crescendo.

sábado, 1 de maio de 2010

CLÁSSICO ITALIANO

Sérgio Rezende indica importante produção da prestigiosa filmografia do cineasta Federico Fellini

A dica de filme desse mês fica por conta de Sérgio Rezende. O diretor carioca possui uma filmografia marcada por "Lamarca", "Guerra de Canudos", "Mauá: o Imperador e o Rei" e "Zuzu Angel". Ano passado ele dirigiu o drama "Salve Geral", sobre uma mãe que luta desesperadamente para tirar o filho da prisão em meio ao ataque do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Dia das Mães em 2006.
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“Eu recomendo Fellini 8 ½ . Esse é o maior filme europeu de todos os tempos. Esse filme é um milagre! Tudo dá certo nele, desde a atuação do Marcello Mastroianni, até a trilha sonora do Nino Rota. É uma coisa inacreditável. Você fica chocado e pensa como que uma pessoa pode fazer um filme em que tudo dá certo! Esse é um filme que merece ser visto porque o espectador vai ter um grande prazer ao assisti-lo”.
Sérgio Rezende
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O italiano Federico Fellini é um dos grandes nomes do cinema. O diretor realizou 25 filmes entre 1950 e 1990. Nos anos 60 ele dirigiu importantes produções como "A Doce Vida" (1960), "Boccaccio’ 70" (1962) e "Satyricon" (1969). Outra produção da época foi "Fellini 8 ½" (1963), ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro e figurino. A declaração de Sérgio Rezende sobre "Fellini 8 ½" não é exagero. O filme é excepcional com a forte característica do cinema de Fellini cunhado pelo tom autobiográfico e os temas oníricos e fantasiosos.

No filme o cineasta Guido Anselmi (Marcello Mastroianni) está em crise de inspiração para o roteiro de seu próximo filme. Tomado por inquietações ele começa a ser assombrado por recordações de sua vida. A equipe de produção está a disposição, mas o maestro Guido não inicia sua obra. O cineasta fica delongando, fazendo com que todos acreditem que ele tem um roteiro. Guido se questiona se a tal crise de inspiração não é passageira, se ele é apenas um mentiroso sem talento. Rápidos closes, bela fotografia em preto e branco e a trilha sonora inesquecível de Nino Rota fazem de "Fellini 8 ½" um clássico que não envelhecerá jamais.
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Extensa filmografia em DVD

Conheça mais o trabalho do grande diretor Federico Fellini, muitos deles já são clássicos

Mulheres e Luzes (1950)
Abismo de um Sonho (1952)
Os Boas Vidas (1953)
Amores na Cidade (1953)
A Estrada da Vida (1954)
A Trapaça (1955)
Ginger e Fred (1956)
Noites de Cabíria (1957)
A Doce Vida (1960)
Boccaccio’ 70 (1962)
Julieta dos Espíritos (1965)
Histórias Extraordinárias (1968)
Satyricon (1969)
Os Palhaços (1970)
Roma de Fellini (1972)
Amarcord (1972)
Ensaio da Orquestra (1979)
Cidade das Mulheres (1980)
E La Nave Va (1983)
Entrevista (1987)