terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CELEBRANDO FILMES


Cinema Paradiso, dica de Rodrigo Faro marca os 115 anos do cinema

Para encerrar o Eu Recomendo de 2010, a dica fica por conta do apresentador Rodrigo Faro. Ele está todas as semanas na Rede Record apresentando o programa "O Melhor do Brasil" e faz o maior sucesso com o quadro “Dança Gatinho”, no qual imita diversas coreografias, de Lady Gaga a Dominó, do qual foi integrante. No cinema, Faro atacou de dublador na animação "Astro Boy".

O Eu Recomendo de Rodrigo Faro é com o filme "Cinema Paradiso" e serve para celebrar a sétima arte, que completa 115 anos hoje, dia 28. O filósofo Platão foi quem implementou o conceito de sessão de cinema com o ensaio Alegoria da Caverna. Nele, Platão fala de pessoas num lugar subterrâneo que observam sombras de estátuas nas paredes da caverna. Muitos inventores se aventuraram no campo cinematográfico criando maquinarias que mostram imagens em movimento. Alguns nomes importantes foram Eadweard Muybridge, Étienne-Jules Marey, Charles-Émile Reynaud, Thomas Edison e Auguste e Louis Lumière.

Os irmãos Lumière criaram o cinematógrafo e foram responsáveis pela primeira sessão pública de cinema, acontecida em 28 de dezembro de 1896, no Grand Café, em Paris. Foi exibido "A Chegada de um Trem na Estação da Cidade". Na sessão a plateia se encantou e também se assustou com a imagem de um trem se aproximando. Muitas pessoas em pânico acreditavam que o trem sairia da tela. Assim elas se deram conta do sentimento de ilusão, que faz com que o espectador veja as imagens da tela como se fossem verdadeiras. É a chamada “impressão de realidade”, que faz com que os amantes do cinema admirem os filmes nesses 115 anos de história.

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Nossa tem tantos filmes bons! Eu adoro Cinema Paradiso. Esse filme tem uma história linda e emocionante sobre o cinema e daquele garoto apaixonado por filmes. É maravilhoso!
Rodrigo Faro

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No escurinho do cinema...

... Emoções à flor da pele despertam o encantamento pela sétima arte em "Cinema Paradiso"

Numa época pós-guerra, a única distração para a população de um vilarejo no interior da Itália é ir ao Cinema Paradiso. Na sala, ricos e pobres são separados espacialmente, mas ligados emocionalmente pela tela grande. A única coisa que não se vê no cinema são cenas de beijo e de insinuação de sexo, censuradas pelo padre da cidade que religiosamente assiste aos filmes antes de estrearem e sinaliza as partes que o projecionista Alfredo deve cortar.

Um dos espectadores cativos do Cinema Paradiso é o menino Totó, que não perde nenhuma das sessões embaladas pelas trapalhadas de Chaplin e os bang-bangs com John Wayne. Aos poucos, Totó se aproxima de Alfredo, meio que a contragosto deste, mas logo a relação de amizade surge tendo o cinema como pano de fundo. Totó aprende a técnica de projeção e descobre o fascínio pelos filmes, que o vai acompanhar para sempre. A presença adorável e cativante de Totó, a inesquecível trilha de Ennio Morricone e a maravilhosa sequência de beijos censurados fazem de "Cinema Paradiso" uma declaração de amor ao cinema.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

LINDO POR FORA, MAS POR DENTRO...

“Tron - O Legado” é um maravilhoso show visual, no entanto o conteúdo deixa a desejar

Nos anos 80, “Tron - Uma Odisseia Eletrônica” foi uma revolução no cinema, impactando o espectador ao apresentar o mundo virtual dos games. Kevin Flynn (Jeff Bridges) desenvolve jogos para uma grande empresa, mas depois de uma traição ele sai da companhia e se torna dono de uma loja de fliperamas. Ele não engoliu o fato de ter sido passado pra trás e vai atrás de provas. É nessa busca que Kevin é transportado para dentro da máquina do jogo Tron e ele terá de lutar para sobreviver.

A produção se tornou cult e agora, 28 anos depois chega “Tron - O Legado”. Nesta segunda parte, Kevin desaparece e deixa o filho Sam. O garoto cresce revoltado e sem esperanças de que o pai possa retornar. Mas ele vê que há uma chance de rever o pai e assim Sam vai a antiga loja de fliperama em busca de pistas. Assim ele acaba sendo teletrasportado assim como o pai para dentro da máquina do jogo Tron.

“Tron - O Legado” está em exibição nos formatos 2D, 3D e 3D IMAX e aqui fica a recomendação de ficar com a versão em 2D, pois o formato tridimensional não acrescenta em nada no apuro visual. O mais engraçado nisso é que no formato 3D, antes do filme começar há um aviso de que algumas cenas foram filmadas em 2D, mas que a pessoa deve permanecer com os óculos durante todo o momento da projeção. Essa é mais uma forma de se cobrar caro pelo ingresso e confirmar ainda mais a farsa do 3D que foi esse ano com filmes que não têm diferença entre eles e uma cópia em 2D.

Independente do formato a ser escolhido, pode-se constatar que o filme é simplesmente belíssimo, um show visual sombrio e com uma paleta seleta de cores. Ele traz incríveis cenas de ação e a trilha sonora da dupla Daft Punk combina com o visual moderno do longa. Porém as qualidades do filme ficam somente no quesito estético.

A sensação que se tem é que os efeitos especiais e a fotografia foram milimetricamente arquitetados para impressionar o espectador e fazê-lo esquecer que há uma história sendo contada. O roteiro com diálogos confusos deixam qualquer um sem saber o que diabos se passa neste mundo paralelo. Os personagens não têm carisma, em especial, o herói Sam (Garrett Hedlund, de "Erangon") e isso para um protagonista é péssimo, já que não dá ao espectador a vontade de torcer por ele. E Bridges em nada acrescenta ao filme “Tron” tem uma embalagem linda, mas o gosto do conteúdo é insulso. O tal legado de Tron é a decepção no rosto do espectador.



quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O VETERANO E A NOVATA


Diretor José Joffily e a atriz estreante Cristina Lago trabalham juntos no suspense "Olhos Azuis", que chega as locadoras hoje. NO MUNDO DO CINEMA conversou com o diretor e a atriz sobre detalhes da produção. Confira a entrevista exclusiva!

Cristina como foi a sua interação com o ator David Rasche e a barreira da língua inglesa?

No começo eu estava muito apreensiva com a chegada do David, pois eu não o conhecia, eu não falo muito inglês e estava ansiosa para ver como seria essa relação. Eu tive uma surpresa muito boa porque o David é um ator muito generoso e conseguimos nos comunicar muito bem. Nos dois primeiros dias eu fiquei um pouco tímida, mas depois quebramos a barreira e nos tornamos parceiros.

José, como surgiu a ideia para o argumento do filme, a questão de fazer um filme que se passa em dois países...
Eu tenho um amigo que foi para os Estados Unidos e foi deportado. Ele voltou para o Brasil e ficou na minha casa arquitetando uma forma de retornar aos Estados Unidos. Conversamos muito sobre a experiência dele.

Quando isso aconteceu?
Foi há uns dez anos. Aí outros projetos foram surgindo e o "Olhos Azuis" foi ficando para trás. Fiquei um tempão com esse roteiro guardado e quando chegou a hora de rodar o filme, eu decidi mudar a história. O roteiro tinha um problema prático porque originalmente a história se passava em Cuba, Bolívia e Argentina. Falava-se um pouco da trajetória dos personagens, que eram contadas em flashbacks. Como o orçamento era pequeno, tivemos de eliminar esse formato do roteiro. Foi aí que inventamos a trajetória do Marshall em busca de redenção no Nordeste.

No filme, o espectador não sabe muito sobre a vida da Bia. Algumas coisas ficam subentendidas numa cena do avô falando dela. Como você criou essa personagem? Você inventou um passado para ela?
CRISTINA - Esse passado, eu e o José que criamos. Essa forma de não revelar totalmente o passado da Bia foi muito bacana. Fizemos uma sessão do filme num subúrbio do Rio de Janeiro e as pessoas ficaram muito curiosas em saber qual era o passado dessa personagem. Por que o avô pregava tanto a Bíblia e ela foi embora? Qual era a real relação dela com avô? É legal que as pessoas percebam o que poderia ter acontecido. Nós inventamos um passado para os personagens para eles ficarem mais consistentes, quando estiver mostrando o presente deles.

Como foi o trabalho para você José, que é um veterano no cinema em trabalhar com uma atriz estreante?
JOFFILY -
Fizemos vários testes antes de escolher a Cristina. No teste achei que ela tinha recursos suficientes para viver muito bem a personagem. Ela ainda tinha uma vantagem de ser desconhecida do público. Isso deu uma credibilidade importante. Trabalhar com a Cristina foi uma ótima surpresa e espero repetir a experiência.
CRISTINA - Como o José é mais experiente, ele dava informações muito precisas para mim. Isso foi muito importante para chegar onde queríamos. Essa relação com o David também ajudou muito minha personagem a crescer.
JOFFILY - Quando a Cristina e o David se conheceram no Recife, na verdade foi o momento mais tenso porque o filme dependia muito da química entre os dois. O entendimento entre eles resultaria num filme interessante ou não. Isso era vital. Com a Cristina ele teria um relacionamento intenso e teria uma curva dramática grande, uma relação sinuosa. Fiquei muito tenso e insone por uns três dias (risos).
CRISTINA - Eu confesso que também fiquei (risos).
JOFFILY - Mas nunca se pode mostrar o temor, tem de mostrar segurança absoluta.
CRISITNA - Pensei que o medo era só meu.
JOFFILY - Até essa entrevista ela jamais saberia que eu tinha ficado em pânico. Naquele encontro, eu temi que talvez os dois não se dariam muito bem (risos).
CRISITNA - Eu me lembro até hoje, corremos para o hotel encontrar com o David. Ele saiu do elevador e deu de cara comigo. Eu lembro que o José sugeriu de eu e o David irmos jantar sozinhos. Eu não falava quase nada de inglês e ele não falava português. Mas foi muito legal. A relação dos personagens ficou muito parecida com a nossa, porque eu tinha que traduzir algumas coisas para ele, mesmo que fosse com mímica. Então a relação já foi se estabelecendo a partir daquele momento.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

HERÓI MEXICANO

Robert Rodriguez faz de “Machete”, uma divertida homenagem aos filmes B de ação dos anos 70

No projeto “Grindhouse”, Robert Rodriguez e Quentin Tarantino fizeram um pacote dois em um com os filmes “Planeta Terror” e “À Prova de Morte”, que faz uma homenagem aos filmes B, dos anos 70. Os filmes são acompanhados de quatro trailers falsos, bem divertidos por sinal. Um deles, “Machete”, fez um sucesso tão grande com o público, que Rodriguez decidiu tornar a lenda verdadeira e lançar o longa “Machete”.

O filme é um ótimo entretenimento barato, assim como os filmes B de décadas atrás. O ex-agente federal mexicano Machete (Danny Trejo), está em busca de vingança pela morte da mulher e da filha. O nome Machete vem do facão modelo Machete que o cara utiliza como arma. Ele é um homem de poucas palavras e cheio de atitude, atitudes essas certeiras, assim como a lâmina do seu facão.

A jornada solitária do herói se passa na fronteira entre Estados Unidos e México, onde a guerra entre as autoridades e os imigrantes é feia. O senador texano John McLaughlin (Robert De Niro) se concentra na campanha contra os imigrantes ilegais que ele denomina como parasitas.

“Machete” mostra claramente o quanto Rodriguez se divertiu realizando esse trabalho. Ele consegue fazer um bom filme B de ação, utilizando todos os recursos do gênero. O longa é tosco, tem diálogos engraçadíssimos, mulheres bonitas e más e vilões caricatos com direito a presença ilustre de ninguém menos que Steven Segal. Todos temem o herói, mas não as mulheres, que ele conquista facilmente, incluindo a filha problema de um todo poderoso, vivida por uma expert no assunto, Lindsay Lohan.

A violência sanguinolenta da produção é de deixar até Tarantino com inveja. As cenas de ação são incrivelmente absurdas. Uma das mais surreais faz Machete usar o intestino de um cara como corda para pular de uma janela. É em cenas inacreditáveis como esta que está a graça de “Machete”. Ele não se leva a sério em nenhum momento e para curtir o filme basta relaxar e rir muito com a tosqueira de Machete à la Rodriguez.


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

JÁ ADICIONOU ALGUÉM HOJE?

“A Rede Social” revela como surgiu uma das comunidades mais badaladas da internet, o Facebook

Na prestigiada universidade Harvard, os irmãos gêmeos, Cameron e Tyler Winklevoss procuram Mark Zuckerberg e Eduardo Saverin para arquitetarem um site de relacionamento com tudo sobre a vida universitária dos alunos. Mark, mestre da computação não segue a ideia dos gêmeos e traça um plano dele e cria o Facemash. Esse é o estopim de uma guerra para definir quem é o verdadeiro criador do que se tornaria o Facebook no filme “A Rede Social”.

O site se torna um sucesso instantâneo e ultrapassa a fronteira de Harvard, chegando a outras universidades e então ganha o mundo. De nerd desconhecido a estrela do mundo cibernético, Mark se torna bilionário aos 23 anos.

O filme conta a história da criação do site de relacionamento a partir das diversas sessões no tribunal em que Mark precisa prestar satisfações após ser processado por seu melhor amigo, Eduardo e pelos gêmeos Winklevoss. Flashbacks ajudam a contar essa jornada repleta de traições, jogos de interesse e amizades desfeitas, regada por muito sexo, drogas e festas.

É interessante a forma como o diretor David Fincher utiliza a funcionalidade da internet, onde tudo é muito rápido, como linguagem para construir a história de “A Rede Social”. Os personagens falam com a mesma rapidez e objetividade como se digita num teclado de computador, a trilha tecno e a explosividade dos personagens dão o ritmo acelerado do filme. O elenco marcado por nomes em ascensão é uma das peças-chave para a construção de uma história sólida. Andrew Garfield, o novo Homem-Aranha, na pele de Eduardo, mostra mais uma vez a que veio. Jesse Eisenberg brilha como Mark, um jovem lacônico, insensível, que cria uma forma das pessoas se comunicarem, mas ele mesmo só afasta as pessoas de si.






EXPERIMENTANDO GODARD

Cineasta da Nouvelle Vague retorna com "Film Socialisme"

Hoje Jean-Luc Godard completa 80 anos em plena forma cinematográfica com a estreia de "Film Socialisme" no Brasil. O diretor francês foi um dos idealizadores do movimento Nouvelle Vague, criado em 1959, que pregava a rejeição ao cinema de estúdio, em especial o americano e as regras narrativas do cinema clássico, tendo no conteúdo dos filmes, os problemas existenciais.

Com uma carreira marcada pelas produções "Acossado" (1960), "Uma Mulher É Uma Mulher" (1961) e "Alphaville" (1965), Godard ficou conhecido por usar uma linguagem cinematográfica específica, tendo como principal característica, a montagem com uso de cortes secos, expressivos e descontínuos para mostrar ao espectador que ele está vendo um filme.

Nos anos 2000, o cineasta se dedicou a realizar documentários e curta-metragens. No terreno dos longas, fez Elogio ao Amor, Nossa Música e agora Film Socialisme. Neste, Godard faz uma montagem de cenas descontruídas e diálogos desconexos num filme imprimido por ruídos, silêncio, fotos, cenas, letreiros e um humor sutil. Dividido em três partes, "Film Socialisme" trata de política, linguagem e mitos. O longa propõe um exercício godardiano àqueles acostumados a histórias com começo, meio e fim e faz o público enxergar o cinema como experimento.