segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A NOITE DA REALEZA


“O Discurso do Rei” se sagra como vencedor na noite do Oscar

A esperança era de que no último prêmio da festa do Oscar poderia se ouvir o nome do filme “A Rede Social” ser eleito o melhor filme de 2010, mas como se previa “O Discurso do Rei” levou a estatueta e ainda mais três também favoritas: direção, ator e roteiro original. A produção sobre um rei gago e careta e carente de criatividade se saiu melhor do que produções mais modernas e intensas como “A Rede”, “A Origem” e “Cisne Negro”.

“A Origem’ empatou com “O Discurso” levando os prêmios técnicos de fotografia, efeitos especiais e edição e mixagem de som. “A Rede” ficou apenas com as estatuetas de roteiro adaptado, edição e trilha sonora. Empatados com dois prêmios ficaram “O Vencedor”, “Toy Story 3” e “Alice no País das Maravilhas”.

A 83° edição do Oscar foi mais enxuta que de anos anteriores e totalmente sem brilho. A ideia dos produtores da festa darem um ar mais jovial colocando os atores Anne Hataway e James Franco como anfitriões não deu certo. Hataway se esforçou para ser engraçada, mas a noite foi apenas para ela desfilar vários vestidos a cada aparição que fazia no palco. Franco com ar de “sou bom demais para estar aqui” estava totalmente deslocado.

A premiação até começou bem colocando os dois numa montagem interagindo com os personagens dos filmes indicados, remetendo ao que Billy Crystal fazia em suas apresentações, a última feita em 2004. Ele até apareceu no palco para fazer uma homenagem a outro veterano anfitrião: Bob Hope que apresentou o Oscar 18 vezes. O bom humor de Crystal deu um ar de saudosismo e o anseio de que no ano que vem, a premiação retorne para as mãos de um comediante.

Confira os ganhadores do Oscar

Filme
O Discurso do Rei

Diretor
Tom Hooper - O Discurso do Rei

Ator
Colin Firth - O Discurso do Rei

Atriz
Natalie Portman - Cisne Negro

Ator Coadjuvante
Christian Bale - O Vencedor

Atriz Coadjuvante
Melissa Leo - O Vencedor

Filme Estrangeiro
Em Um Mundo Melhor

Animação
Toy Story 3

Documentário
Trabalho Interno

Documentário de Curta-metragem
Strangers No More

Roteiro Original
O Discurso do Rei

Roteiro Adaptado
A Rede Social

Fotografia
A Origem

Direção de Arte
Alice no País das Maravilhas

Figurino
Alice no País das Maravilhas

Edição
A Rede Social

Efeitos Especiais
A Origem

Maquiagem
O Lobisomem

Trilha Sonora
A Rede Social

Canção Original
"We Belong Together" - Toy Story 3

Edição de Som
A Origem

Mixagem de Som
A Origem

Curta-Metragem
God of Love

Curta-Metragem de Animação
The Lost Thing

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

E O OSCAR VAI PARA...

Confira uma análise dos prováveis ganhadores da maior festa do cinema, o Oscar. Clique aqui.

No domingo durante a cerimônia do Oscar estarei comentando a premiação no site
CinePOP. Participe você também!

FICAR OU PARTIR?

"De Homens e Deuses" mostra dilema de padres em deixar um mosteiro na África

Argélia, anos 90. Nas montanhas de Maghreb, oito monges cristãos franceses vivem num mosteiro prestando cuidados ao povoado muçulmano, maioria no país. Ataques terroristas vão tomando conta do local. “Se você mata seu irmão, você vai para inferno”. É isso o que diz o Alcorão, mas para os extremistas isso não vale nada. A proteção militar é uma saída para os monges, porém, Christian, líder dos monges, teme aceitar, pois aceitar a proteção de um governo corrupto pode se reverter em sofrimento ao povo do vilarejo – algo que ele não deseja de modo algum.

Os monges fazem várias reuniões e votações para decidirem se deixam o mosteiro, partem para outro local na África, negociam com os extremistas ou ficam no mosteiro. O problema é que se eles ficarem, a vida deles corre risco. Uns querem ir embora, outros acreditam que partir significa fugir e deixar o vilarejo para os terroristas. Com o perigo à espreita, quando é a hora de tomar uma decisão de vida ou morte?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O INSUSTENTÁVEL PESO DA SOBREVIVÊNCIA

“127 Horas” faz de uma história real um fascinante filme sobre um montanhista com o braço preso por uma pedra

Uma pedra. É isso que separa Aron Ralston (James Franco) das pessoas, do restante do mundo e da própria vida em “127 Horas”. Aron é um montanhista que num final de semana vai ao Canyon Blue John, lugar remoto em Utah. O que era para ser uma aventura de rotina se transforma em horas de desespero.

Explorando um estreito cânion, Aron escorrega e uma pedra se desloca prendendo o antebraço direito dele. Atordoado, o montanhista de imediato empurra a pedra. Depois tenta içar a rocha com algumas cordas e nada. Com uma faquinha made in China praticamente sem corte ele começa a bater na pedra para esfarelá-la e nada. O que fazer então? Anoitece, não há sinal de pessoas por perto e o pior, ninguém sabe onde ele está, pois segundo o próprio Aron é um cara muito egoísta e independente para ficar dando satisfação de sua vida.

Com 400 ml de água, um lanche, relógio, lanterna, máquina fotográfica, filmadora, cordas, um reservatório vazio e a faquinha, Aron passará as próximas horas pensando numa saída. Sem ter como se mover são os pensamentos que o guiam no qual o mais importante é não perder o controle.

O tempo vai correndo, ele sente frio, calor, sede, fome, dor, tristeza, saudade, medo. É uma mistura de sensações físicas e emocionais em que a desidratação invadindo o corpo dele dá vazão às alucinações e as lembranças de momentos que lhe marcaram. Tudo isso até chegar a hora de tomar a decisão de amputar o braço ou morrer ali. Aron é corajoso e com muita paixão pela vida. Por isso, ele corta o braço fora.

Quem for ver o filme com certeza já sabe que a história é real e sobre um montanhista que tem seu braço preso por uma pedra e para sobreviver ele decide amputar o braço. Mesmo sabendo de que é isso que vai acontecer, “127 Horas tem o mérito de se manter interessante apenas com um personagem em cena na maior parte do tempo. É naquele cânion estreito, claustofóbico que Franco dá um show, conduzido maravilhosamente por Danny Boyle.

“127 Horas” é um filme de ritmo visual e sonoro. A tela se divide em três mostrando a vida agitada em várias partes do mundo e a de Aron em casa se preparando para ida ao cânion. A trilha sonora vibrante está presente em grande parte do filme e a edição “clipada” dá o movimento que a produção precisa para não ficar no marasmo.

Na produção foram utilizados três jogos de câmera (tradicional, digital e tomada fixa) que permitiu várias perspectivas de imagem. Isso se nota nos momentos em que Aron grava depoimentos e testamentos em vídeo. As cenas possuem alternância entre a imagem captada pelo aparelho digital dele e a câmera tradicional filmando esse momento. É um filme muito criativo. Mais do que uma produção sobre a superação de limites, a solução para se salvar “127 Horas” mostra quais são as razões que o motivam a amputar o braço e voltar a liberdade aventureira que tinha.


HERÓI ESQUECÍVEL

Besouro Verde reaparece agora no cinema com fraca adaptação com Seth Rogen na pele do herói

Em 1936 estreava na rádio o seriado “Besouro Verde” sobre dois homens mascarados combatendo o crime. Trinta anos depois ele foi parar na TV num seriado de mesmo nome que teve apenas uma temporada. O grande atrativo dele era a presença do ator Bruce Lee como Kato, fiel escudeiro do herói. Agora é a vez do mascarado aparecer no cinema em “O Besouro Verde”.

A versão cinematográfica ganha tom cômico. Foi assim com o bem sucedido “Starsky & Hutch - Justiça em Dobro” e na má sucedida franquia “As Panteras”. “O Besouro Verde” segue o caminho deste último e coloca Seth Rogen (“Ligeiramente Grávidos”) na pele do Besouro.

Ele é Britt, filho de James Reid, dono do jornal ‘O Sentinela Diária’. A relação dos dois sempre foi complicada e após a morte do pai, Britt precisa comandar o jornal. Numa vida regada a festas e sempre na companhia de belas mulheres, ele se dá conta de que não fez nada de importante na vida.

Para o dia de Britt começar bem ele precisa do café especial que é preparado para ele. O rapaz fica sabendo que é Kato (vivido pelo estreante em Hollywood, Jay Chou), mecânico de James, quem faz a bebida. Os dois se dão bem e assim Kato mostra incríveis gadgets criados por ele, escondidos na garagem.

Numa conversa de bêbados, Britt pensa em se unir a Kato para combater o crime, pois as ferramentas que estão na garagem podem os ajudar nisso. A ideia deles agirem como super-heróis é estúpida. Todo super-herói tem capa, é bom, salva a humanidade e está nos filmes e HQs. Por isso, os dois serão diferentes. Como Besouro Verde – nome inspirado na abelha que matou o pai de Britt – ele e Kato se unem para combater o crime bancando bandidos mascarados.

A produção está em cartaz também em 3D e o efeito só se destaca nas sequências de luta de Kato, numa cena forçada dele abrindo duas garrafas de cerveja e as tampas vão na direção da tela e nos créditos finais. A versão em 2D já dá pro gasto.

Rogen além de atuar, é o produtor e roteirista do filme. Ele resolveu fazer de Besouro um cara atrapalhado, reclamão, sem talento e que salva as pessoas por pura sorte. Assim ele se torna um herói muito, mas muito irritante. Ele se revolta já que ele é o herói e Kato um mero ajudante. Mas com essa tentativa de tornar “O Besouro Verde”, uma comédia, Rogen anula o protagonista e dá espaço para os coadjuvantes se darem melhor.

Assim como no seriado é Kato, quem rouba a cena. As melhores cenas são dele, em especial quando ele visualiza como podem ser as lutas, artifício já usado em “Sherlock Holmes”. Outro que se destaca é Christoph Waltz (“Bastardos Inglórios”) como o vilão Chudnofsky. Ele é um cara ultrapassado, com carisma zero, nome sem charme e que se veste mal. Assim ele se torna Bloodnofsky, nome que faz referência a sangue, pois é legal e assusta as vítimas. Como Rogen, Cameron Diaz também não se salva na pele de Lenore, uma linda mulher formada em Jornalismo e expert em criminologia que procura emprego de mera secretária.

“O Besouro Verde” tenta ser uma comédia de ação, mas no fim é uma cópia muito ruim dos filmes da série “A Pantera Cor-de-rosa – que tinha o personagem Cato Fong, inspirado na série “Besouro Verde” – perito em artes marciais que atacava Closeau e dos filmes do 007 em função dos gadgets e de uma cena em que o carro de Besouro é partido no meio, lembrando assim 007 – Na Mira dos Assassinos, quando James Bond dirige um carro partido pelas ruas de Paris. “O Besouro Verde” é um caso raro, em que o herói é um cara chato destinado ao esquecimento.

POR DENTRO DA CRISE

“Trabalho Interno” revela o efeito dominó da bancarrota econômica de 2008

Setembro de 2008. A notícia de bancos pedindo falência cai como uma bomba em Wall Street e na cabeça da população americana. Dois anos após a crise econômica que abalou o país mais poderoso, começam a pipocar produções que tratam da questão. “Wall Street - O Dinheiro Nunca Dorme” a usou como pano de fundo para conflitos pessoais e o tema é explorado nos documentários “Cleveland vs. Wall Street” e “Trabalho Interno”.

O primeiro é sobre um processo aberto por parte da população de Cleveland contra 21 bancos de Wall Street. 100 mil pessoas perderam suas casas. O júri do caso deve decidir se os bancos devem se responsabilizar pela desapropriação das casas. O problema é que as pessoas se comprometeram a ter uma casa que não podem pagar. Na obtenção de uma casa, a pessoa contrai um hipoteca subprime, ou seja, um empréstimo cujo valor não se pode pagar. Por sua vez os bancos compram esses empréstimos. Daí o caos econômico que foi se criando. No filme é respondida a pergunta: Wall Street paga a conta ou Cleveland arca com as perdas? A produção foi exibida no Brasil em festivais e é bem que vá direto para a TV por assinatura.

Já “Trabalho Interno” estreia hoje nos cinemas. O documentário é narrado por Matt Damon e dividido em cinco partes, esmiuçando a crise econômica. De cara já se fala que a crise não foi um acidente. Todos sabiam que iria acontecer, o que de fato ocorreu em 2008 com bancos e seguradoras pedindo falência. Em um mundo globalizado como o de hoje, todas as economias estão interligadas, por isso o que começou nos Estados Unidos se espalhou pelo mundo.

O filme mostra fatos que desencadearam a crise, a suposta ligação dos bancos com o tráfico de drogas no México e com a venda de mísseis ao Irã, o descaso de seguradoras dando empréstimos para quem quisesse, a bolha entre 2002 e 2007 e a crise que estoura em 2008. Os que provocaram a crise continuam no poder. Muitos deles inclusive como parte da equipe de governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. A mensagem da produção é: “A batalha não será fácil, mas continua”.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

MISS SIMPATIA

Alice Braga brilha na pré-estreia de "O Ritual"

A atriz Alice Braga deu um show de simpatia na pré-estreia do filme "O Ritual". Alice chegou e brincou que estava sem graça em ter de posar sozinha para os fotógrafos. “Este universo de tapete vermelho, sessão de fotos, eu sinto muita vergonha ainda. Sou meio tímida para isso”.

Dias antes ela esteve em Los Angeles para a pré-estreia mundial do longa em companhia dos atores Anthony Hopkins e Colin O’Donoghue. Hopkins gostou de trabalhar com a atriz. "Alice é linda, é incrível”. A brasileira falou em São Paulo do elogio que recebeu do colega de cena. “Foi um sonho, maravilhoso, na verdade, uma honra!”.

"O Ritual" trata do seminarista Michael Kovak (O’Donoghue) que frequenta uma escola de exorcismo no Vaticano. Nesta escola ele conhece o padre Lucas (Hopkins), que lhe apresenta o lado negro da fé. Alice interpreta a jornalista Angeline que vai ao Vaticano investigar rituais de exorcismo. Ela acompanha as aulas do curso de exorcismo e busca respostas sobre o tema. O filme é baseado no livro do jornalista Matt Baglio, e o papel de Alice é inspirado no trabalho do escritor.

Na pré-estreia Alice disse que não sente pressão por ter uma carreira internacional. “Pressão eu não sinto, qualquer profissão que você tenha, você quer se desafiar cada vez mais e dar o melhor de si. Eu me foco em buscar projetos diferentes em que eu possa me entregar e me desafiar”.

O REI E O PLEBEU

A luta para vencer a gagueira se transforma numa amizade no singelo “O Discurso do Rei”

“Deixe o microfone fazer o trabalho dele!”. É isso que o duque de York, Albert (Colin Firth) mais houve sempre quando tem de falar em público no filme “O Discurso do Rei”. O microfone pode até fazer o trabalho dele, mas precisa de um som para transmiti-la. O problema é que George é gago e teme o microfone. Um discurso mal sucedido em 1925 faz com que a esposa (Helena Bonham Carter) o ajude a achar um terapeuta que resolva o distúrbio do marido.

George faz tratamentos sem sucesso, até conhecer o excêntrico terapeuta Lionel Logue (Geoffrey Rush). Ele submete George a exercícios corporais, respiratórios, vocais e até tenta fazer uma terapia emocional para descobrir a raiz do problema.

Com o falecimento do atual rei, o irmão de Albert, Edward assume o trono. No entanto ele pretende se casar com uma divorciada e isso é inaceitável para o primeiro-ministro. Ele renuncia ao cargo e Albert se torna o rei George VI em 12 de dezembro de 1936. Tendo de assumir o trono às pressas na iminência de uma guerra ele precisa resolver a gagueira e se tornar um líder influente, aquele que consiga falar por sua nação.

“O Discurso do Rei” lidera as apostas ao Oscar com 12 indicações, incluindo melhor filme, diretor, ator (Firth), atores coadjuvantes (Rush e Carter) e roteiro original. A produção inglesa é pequena e singela sobre a amizade respeitosa que vai surgindo entre o rei da Inglaterra e o terapeuta plebeu. Firth, favorito a levar o Oscar está bem no papel, mas só fica melhor quando aparece em cena com Rush.

O filme é um drama com toques de comédia e explora bem o sofrimento do rei que tem tanta coisa guardada para si mesmo e parece que vai explodir, pois as palavras não saem. Como o rei mesmo tenta dizer, ele tem voz e quer que todos deem atenção. Mas a produção é bem convencional, quadradinha, sem nada de espetacular. Ela se apoia na história real do roteirista David Seidler, que sofreu de gagueira na infância e se identificou na época com o rei.

O lado emocional da história que em certos momentos apela para diálogos um pouco piegas pode convencer os votantes da Academia, mas considerá-lo o melhor de 2010 aí já é um pouco demais. Se bem que o Oscar adora premiar produções melodramáticas no qual o bem sempre triunfa. No ano passado, “Guerra ao Terror” sobre um oficial viciado na adrenalina do conflito foi uma boa guinada na premiação frente ao óbvio “Avatar”. Este ano o ar jovial e elétrico de “A Rede Social” é muito mais interessante do que a aristocracia comportada de “O Discurso do Rei”.

CORAÇÃO VALENTE

Uma intrépida garota em busca de justiça consegue ser mais destemida quem muito cowboy no faroeste “Bravura Indômita”

A última aparição do faroeste na tela foi em Os Indomáveis, de 2007, com Christian Bale e Russell Crowe honrando o gênero. Agora os irmãos Ethan e Joel Coen realizam um faroeste, gênero pelo qual têm muito apreço, com o imponente “Bravura Indômita”, adaptação do livro homônimo escrito por Charles Portis em 1968. Um ano depois era lançado o faroeste de mesmo título estrelado por John Wayne, que lhe valeu o Oscar de melhor ator.

Na história, Mattie Ross (Hailee Steinfeld) é uma garota de 14 anos que após Tom Chaney (Josh Brolin) matar o pai dela, vai à procura de um homem da lei que a ajude capturar o bandido. Segundo ela você paga por tudo neste mundo de um jeito ou de outro e o assassino do pai dela vai pagar pelo o que fez.

Mattie vai até Forth Smith resolver questões de liberação do corpo do pai e comprar de volta os cavalos e pôneis que ele havia vendido. Na ocasião ela averigua quem pode ser o homem da lei que irá lhe acompanhar na caçada.

Dentre as opções lhe é falado sobre o xerife Rooster Cogburn (Jeff Bridges) considerado cruel, destemido e cujo o medo não faz parte dos pensamentos dele. Rooster é um homem velho, gordo, usa um tapa-olho e balbucia de vez em geral porque sempre está sob o efeito do álcool. Será esse o perfil que Mattie procura? Ela vai conhecê-lo e se afeiçoa por ele. A garota oferece US$ 100 pelo serviço. O difícil será convencê-lo a levá-la numa missão arriscada, pois Chaney se esconde na reserva indígena e lá a lei do xerife não vale nada.

Mattie é uma garota que quer tudo do seu jeito e desta forma consegue partir para a missão. O policial texano La Boeuf (Matt Damon) se junta aos dois, que também está a procura de Chaney, pois o criminoso matou um senador do Texas.

Os dois “Bravura” são ótimos exemplares de faroeste e os irmãos Coen conseguem fazer um filme ainda melhor ao já bem realizado em 1969. O novo além de ser um faroeste reúne na trama um clima tenso e sombrio frente a digamos, leveza do primeiro. Ambos começam e terminam de formas diferentes.

No filme de 1969, Kim Darby interpreta Mattie. A valentia dela se esconde atrás do ar feminino amparado por coloridos vestidos. Já a vivida por Steinfeld é crua, masculina, sempre usando calça e chapéu de cores escuras. Os dois possuem humor nos diálogos de embate entre Rooster, Mattie e La Boeuf. Quanto ao xerife Rooster, é difícil competir com o emblemático John Wayne. Bridges faz do personagem um homem beberrão e reclamão e cuja imagem fica longe a de um homem indômito.

A vantagem da produção de 2010 são os enquadramentos utilizados, um até fazendo uma homenagem a outros faroestes em que o ambiente de uma casa está escuro e pela porta se vê a claridade do lado de fora. Além disso, a belíssima fotografia dá o ar soturno do filme e tem uma sequência esplendorosa na parte final do filme com Rooster e Mattie num cavalo e sobre eles um céu estrelado num plano aberto.

Com tantas comparações ambos os filmes são iguais na mensagem: idade e sexo não são empecilho para se lutar pelo o que quer e se fazer valer a lei. Mattie é a dotada de bravura indômita em meio a cowboys em cima de seus cavalos e empunhando armas.


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

MUNDO CRUEL

Bastidores do balé são revelados no arrebatador “Cisne Negro”

Uma jovem pura transformada em cisne espera pelo amor verdadeiro para quebrar a maldição e viver com o príncipe por quem se apaixonou. Esta é a história do balé Lago dos Cisnes apresentado pela primeira vez em 1877. No filme “Cisne Negro”, o balé na trama ganha uma nova versão para torná-la mais moderna, ideia do diretor Thomas (Vincent Cassel). Ele está a procura de uma bailarina que consiga incorporar tanto o cisne branco quanto o cisne negro.

Thomas escolhe Nina (Natalie Portman). Ela é linda, tímida, frágil, perfeita para viver o cisne branco. Mas para ser o cisne negro ela precisa mostrar paixão, sedução, se entregar totalmente e isso Nina não consegue. Intimidando Nina, Thomas afronta a bailarina e coloca no caminho dela uma concorrente, Lily (Mila Kunis).

“Cisne Negro” é forte, perturbador. O diretor da produção Darren Aronofsky revela o mundo do balé sem censura, mostrando o sacrifício físico e psicológico que as bailarinas sofrem, o ritual para alcançar a perfeição na ponta dos pés. De forma sufocante, Aronofsky mexe com os sentidos do espectador. Ele causa incômodo e agonia quando expõe o sofrimento físico de Nina. Ela lida com uma suspeita alergia nas costas, feridas e unha quebrada. O diretor gosta de utilizar em seus filmes esse artifício angustiante como pode ser visto também em “Réquiem para um Sonho” e “O Lutador”.

Portman no maior papel de sua carreira vive com bravura a reprimida e ingênua Nina. Ela é uma menina que dorme num quarto cor-de-rosa cheio de ursos de pelúcia, com uma mãe que acha que ela ainda é uma criança, sem amigas e tem uma vida regrada a dieta e ensaios sem fim. A dançarina disciplinada que sonha em ser perfeita vai se desintegrando numa espiral aterradora de devaneios. Assim “Cisne Negro” mostra que nem tudo é o que parece quando tudo o que se quer é ser apenas perfeita.

LAÇOS DE FAMÍLIA

“O Vencedor” mostra as picuinhas familiares na vida de dois irmãos boxeadores

Dicky (Christian Bale) está eufórico com o fato da HBO fazer um documentário sobre sua vida. Ele era um promissor pugilista que se rendeu a vida de crimes e das drogas. Seu maior orgulho é ter nocauteado Sugar Ray. Hoje ele é o treinador do meio-irmão Micky (Mark Wahlberg), que ao contrário de Dicky leva a carreira a sério e quer ser uma lenda do boxe em “O Vencedor”, indicado a sete Oscar: filme, diretor, ator coadjuvante (Bale), atrizes coadjuvantes (Melissa Leo e Amy Adams), roteiro original e edição.

Micky está cercado pela família, a empresária é a mãe Alice (Leo) e as sete irmãs se intrometem na vida dele, principalmente quando o assunto é Charlene (Adams), namorada do boxeador. As brigas no ringue são fichinha quando comparadas aos conflitos em família. Micky é mal assessorado, mal treinado e essa má influência pode lhe custar a carreira.

“O Vencedor” não é muito diferente de outros filmes de boxe como “Touro Indomável” e os filmes da série “Rocky”, no qual um lutador enfrenta os desafios para se tornar um campeão. A qualidade de “O Vencedor” está em colocar sob um microscópio a relação conturbada desta família de sangue quente. O diretor David O. Russell evita fazer do filme um dramalhão e se aproveita de momentos cômicos, de situações rotineiras de família para fazer o espectador se identificar com esse clã.

A força do filme está no elenco que destrona a cada cena com a mesma potência de um soco. Bale está magistral na pele de Dicky. Assim como fez para seus papéis em “O Operário” e “O Sobrevivente”, o ator perdeu peso se entregando de corpo e alma a produção. A graça, o desespero e a explosividade do personagem se misturam numa atuação maravilhosa que merece o Oscar. Leo como a mãe dominadora querendo proteger o filho está maravilhosa. Mesmo com tantas desavenças, o amor entre eles não se desfaz e entre altos e baixos, entre tapas e beijos, eles tentam se manter unidos custe o que custar.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

VEIA DE COMEDIANTE



Ingrid Guimarães indica filmes de seu gênero favorito: comédia

O ano de 2011 começou em grande estilo para a atriz Ingrid Guimarães. Seu último trabalho no cinema, a comédia "De Pernas Pro Ar" estreou no dia 31 de dezembro de 2010 e entrou no novo ano em primeiro lugar no ranking dos filmes mais assistidos no Brasil.

No cinema, a estreia da atriz foi com "Amar" em 1997. O próximo trabalho de Ingrid será na animação "Gnomeu & Julieta" com estreia marcada para quatro de março. Nela, a atriz dubla a sapa Nanete, melhor amiga de Julieta. Na telinha ela foi vista recentemente no especial de fim de ano da Globo, "Batendo Ponto".

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Sou tão eclética! Amo de Charles Chaplin, a Federico Fellini passando pelos irmãos Bobby e Peter Farrelly. Também sou muito fã de Woody Allen e Pedro Almodóvar. Tem dois filmes que são de cabeceira: "O Garoto", de Charles Chaplin e "Um Convidado Bem Trapalhão", com Peter Sellers.
Ingrid Guimarães

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Gênios da comédia

O filme "O Garoto", de Charles Chaplin é um média-metragem mudo de 1921. Ele trata de uma mulher que abandona o filho em um carro, pois não tem condições de criá-lo. O carro é roubado e os ladrões deixam a criança em um beco. O vagabundo Carlitos passa por ali e vê a criança. Ele tenta se livrar dela, mas o bebê sempre acaba voltando para os seus braços. Ele improvisa um berço, faz de um bule a mamadeira da criança e assim Carlitos passa a cuidar do garoto e com o tempo os dois se apegam. Chaplin consegue misturar comédia com drama de forma incrível causando graça e algumas lágrimas também.

Assim como Chaplin, o ator Peter Selllers também se consagrou como um dos melhores comediantes que o cinema já produziu. Ele ficou conhecido por interpretar o inspetor Clouseau na série de filmes de "A Pantera Cor-de-Rosa". Ele também é lembrado por "Dr. Fantástico" e por "Um Convidado Bem Trapalhão". Neste Sellers vive o ator indiano Hrundi Bakshi. Ele é convidado por engano para uma festa cheia de famosos de Hollywood. A festa acontece numa casa moderna cheia de apetrechos com os quais Bakshi não se entende. Ele totalmente deslocado no lugar vai causando muitas trapalhadas a cada cômodo da casa. De incidente no banheiro, um garçom bêbado servido o jantar até um elefante colorido que vai parar dentro da piscina, o filme arranca risadas do começo ao fim.