sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

MUNDO CRUEL

Bastidores do balé são revelados no arrebatador “Cisne Negro”

Uma jovem pura transformada em cisne espera pelo amor verdadeiro para quebrar a maldição e viver com o príncipe por quem se apaixonou. Esta é a história do balé Lago dos Cisnes apresentado pela primeira vez em 1877. No filme “Cisne Negro”, o balé na trama ganha uma nova versão para torná-la mais moderna, ideia do diretor Thomas (Vincent Cassel). Ele está a procura de uma bailarina que consiga incorporar tanto o cisne branco quanto o cisne negro.

Thomas escolhe Nina (Natalie Portman). Ela é linda, tímida, frágil, perfeita para viver o cisne branco. Mas para ser o cisne negro ela precisa mostrar paixão, sedução, se entregar totalmente e isso Nina não consegue. Intimidando Nina, Thomas afronta a bailarina e coloca no caminho dela uma concorrente, Lily (Mila Kunis).

“Cisne Negro” é forte, perturbador. O diretor da produção Darren Aronofsky revela o mundo do balé sem censura, mostrando o sacrifício físico e psicológico que as bailarinas sofrem, o ritual para alcançar a perfeição na ponta dos pés. De forma sufocante, Aronofsky mexe com os sentidos do espectador. Ele causa incômodo e agonia quando expõe o sofrimento físico de Nina. Ela lida com uma suspeita alergia nas costas, feridas e unha quebrada. O diretor gosta de utilizar em seus filmes esse artifício angustiante como pode ser visto também em “Réquiem para um Sonho” e “O Lutador”.

Portman no maior papel de sua carreira vive com bravura a reprimida e ingênua Nina. Ela é uma menina que dorme num quarto cor-de-rosa cheio de ursos de pelúcia, com uma mãe que acha que ela ainda é uma criança, sem amigas e tem uma vida regrada a dieta e ensaios sem fim. A dançarina disciplinada que sonha em ser perfeita vai se desintegrando numa espiral aterradora de devaneios. Assim “Cisne Negro” mostra que nem tudo é o que parece quando tudo o que se quer é ser apenas perfeita.

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