sexta-feira, 27 de novembro de 2009

ROMANCE CHEIO DE FUMAÇA

Elenco do filme "É Proibido Fumar" comparece a pré-estreia badalada em São Paulo

Na comédia "É Proibido Fumar", Baby (Glória Pires) é uma professora de violão, que mora sozinha. Ela é muito carente e como está solteira há muito tempo, ela claro, está à procura de um grande amor. Max (Paulo Miklos) é um músico de bar recém-separado. Ele se muda para o apartamento vizinho de Baby e ela percebe o potencial para um romance. Mas o problema é que para conquistar Max, Baby terá de abrir mão de seu mais antigo e fiel companheiro, o cigarro.

"É Proibido Fumar" é o segundo longa da diretora Anna Muylaert, que fez sua estreia na tela grande em 2003, com "Durval Discos". A equipe do filme e convidados foram a pré-estreia do filme, realizada ontem em São Paulo. A diretora do filme e os atores Glória Pires, Paulo Miklos, Marisa Orth, Dani Nefussi, além da cantora Pitty, que faz uma participação na produção, apareceram por lá. O clima era de celebração em especial por causa dos recentes prêmios que o filme recebeu no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Ao todo foram oito incluindo o de melhor filme.

A atriz Dani Nefussi, que levou o prêmio de melhor atriz coadjuvantes estava feliz com o reconhecimento. “Foi um filme feito com muito carinho e estamos tão felizes! A premiação foi muito legal. E o público está gostando pra caramba e o filme está tendo uma repercussão muito boa”, afirmou a atriz.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

SHAKESPEARE COM MUITO HUMOR

Seriado "Som e Fúria" ganha versão para o cinema. Equipe debateu sobre o filme no encontro Cine Clube Nextel

Shakespeare, teatro, humor, confusões e um fantasma. Esses são os ingredientes do seriado "Som e Fúria", exibido na Rede Globo em janeiro de 2009. Agora a série recebe uma versão para o cinema intitulada: "Som e Fúria, o Filme". O lançamento do filme marcou o último dos cinco encontros Cine Clube Nextel, criado pelo cineasta Fernando Meirelles. A função dos encontros era de manter um diálogo entre profissionais do cinema e o público.

Para o Cine Clube de "Som e Fúria, o Filme" estiveram presentes o diretor Toniko Melo, os atores Dan Stulbach e Cecília Homem de Melo e o jornalista Luiz Carlos Merten, que mediou o debate. "Som e Fúria" é uma adaptação do seriado canadense "Slings and Arrows". Fernando Meirelles teve a ideia de fazer a adaptação brasileira no qual assina ainda a coprodução e codireção. A trama segue a rotina de uma decadente companhia estadual de teatro que luta para colocar a peça "Hamlet" em cartaz. A série possui 12 episódios e para a adaptação da série em filme, foram quatro meses de montagem para fazer a junção dos episódios 2, 4 e 6. E algumas cenas tiveram de ser refilmadas para o filme.

O diretor Toniko Melo disse que transformar a série em filme foi difícil. O ator Dan Stulbach concordou com o diretor. “Quando se faz um filme derivado de um seriado, você o liberta. Você tem mais espaço, não se tem a desculpa do horário que vai passar na televisão”. Quem vê o filme, não consegue notar a junção dos episódios. O filme é fluente, arece uma história filmada especificamente para o filme e não uma colagem de episódios. Um senhor trabalho de edição e o resultado é incrível.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CAMINHANDO COM PASSOS FIRMES

A fabricação nacional de mídia e player de Blu-ray mostra que o Brasil segue forte para sua entrada na Era do Blu-ray

No País do futebol, a Copa do Mundo de 2010 serve de porta voz para a popularização do Blu-ray no Brasil. É o que o mercado de home video espera para que a onda azul chegue aos lares dos brasileiros: o incentivo dos jogos de futebol exibidos em alta definição. A paixão pelo futebol e pela tecnolgia promete provocar nos brasileiros aquela coceirinha para obter televisores LCD e Home Theater. Consequentemente, isso vai alavancar as vendas de players de Blu-ray, já que, com uma televisão de alta definição, o que se deseja é assistir a programas que tenham uma boa qualidade de imagem. E é aí que o Blu-ray entra na história.

As fabricantes de mídias Videolar e Microservice já anunciaram a produção nacional da mídia Blu-ray no País. A Microservice promete já para novembro a disponibilização da mídia Blu-ray com selo nacional. “Com o advento das televisões de alta definição, o Blu-ray chega para suprir as necessidades do consumidor de ter uma imagem de alta definição e, ao mesmo tempo, mais interatividade e conteúdo no disco”, afirma Isaac Hemsi, presidente da Microservice.

A empresa Tectoy já fabrica um modelo de Blu-ray em Manaus, o DBR-700, encontrado por R$ 899,00. “Ano que vem, os números devem crescer significativamente. Como toda tecnologia, essa precisa de maturação, mais mídias disponíveis, queda nos preços, e a população precisa começar a ser atingida pela comunicação e pelo produto ter chegado à casa do vizinho. As lojas têm apostado bastante em seções dedicadas ao Blu-ray e isso vai aumentar mais até o Natal e em 2010”, afirma Vanessa Artea, gerente de marketing da Tectoy.

Recentemente, a Sony anunciou a sua entrada no mercado de alta definição com a fabricação de televisores e players de Blu-ray no Pólo Industrial da Zona Franca de Manaus. O player nacional da marca é o BDP-S360, vendido por R$ 999,00. A Sony estima que, em 2011, 60 % do mercado já será dominado pela nova mídia. "O Blu-ray é o novo momento do home video. Temos alguns projetos com locadoras em andamento e aquelas que apostaram no formato desde o início, agora estão na fase de melhoria do espaço ocupado pelo Blu-ray em seus estabelecimentos", afirma Wilson Cabral, diretor geral da Sony Pictures Home Entertainment.

No mercado, o que se comenta é que, assim como o DVD substituiu o VHS, o Blu-ray fará o mesmo com o DVD. “Qualitativamente, acreditamos que nesse Natal vai se vender muito Blu-ray e no ano que vem ele já comece a ganhar mais espaço, iniciando a sua crescida para substituição do parque instalado de DVDs”, conta Artea. Já Juliano Bolzani, diretor de marketing da Sony Pictures Home Entertainment, acredita que isso não vai acontecer. “Eles vão coexistir por muito tempo. Quando se tem um bom equipamento em casa, a qualidade de imagem que se consegue com o DVD é incrível. Para muita gente, isso vai ser mais do que suficiente. Por outro lado, existe uma gama de consumidores que vão migrar para o Blu-ray. Pela primeira vez, vamos ter um mercado que coexiste. Vai haver também o video-on-demand, que irá coexistir com o Blu-ray, DVD, Internet e capacitação de conteúdo em pen drive", explica ele.

Essa imersão do Brasil no mercado de Blu-ray significa tanto a redução do preço dos filmes nesse formato como dos equipamentos. “2009 é um divisor de águas em alta definição com a entrada dos players nacionalizados e da mídia nacional. Assim, o Brasil dá um passo mais representativo”, completa Bolzani. E o mercado aos poucos se movimenta para que os preços se tornem competitivos para que a população, ávida por tecnologia, consiga comprar o pacote de aparelhos para vivenciar a experiência do Blu-ray.

domingo, 22 de novembro de 2009

CONEXÃO ITÁLIA

5° Semana Pirelli de Cinema Italiano apresentou o filme "Baarìa", de Giuseppe Tornatore, que participou do evento

São Paulo e Rio de Janeiro são palco da 5° Semana Pirelli de Cinema Italiano, que acontece entre os dias 23 e 30 de novembro. O público terá a chance de conferir as principais produções italianas realizadas nos últimos dois anos como, "Ah! O Amor" e "É Possível". Também foram exibidas algumas animações do cartunista Bruno Bozzetto, que participou do encontro e realizou workshops de animação. Mas o principal destaque foi a retrospectiva dos filmes do diretor Giuseppe Tornatore, conhecido pelo mágico "Cinema Paradiso". Ele compareceu a Mostra para apresentar sua mais recente produção, "Baarìa - A Porta do Vento", que inclusive é o candidato italiano a disputar uma vaga entre os cinco finalistas ao Oscar de melhor filme estrangeiro de 2009.

Tornatore considera "Baarìa" seu projeto mais pessoal, já que trata de um épico autobiográfico, que se passa em Bagheria, vilarejo na região de Sicília, onde o diretor nasceu. “'Baarìa' foi o projeto mais íntimo, que mais me envolveu. Foi bem mais pessoal do que 'Cinema Paradiso'”, afirmou ele. No debate ainda foram discutidos os acordos de coprodução entre Brasil e Itália, que visa o incentivo a uma maior produção de filmes. A primeira parceria entre os dois países foi o filme "Estômago" (2007) produzido pela produtora brasileira Zencrane Filmes e a italiana Indiana Production. “Isto é algo realmente interessante. A coprodução entre vários países é fundamental para reforçar o cinema. E ajuda também a ter uma maior divulgação dos filmes em outros países”, concluiu Tornatore.

sábado, 21 de novembro de 2009

VERSÃO BRASILEIRA...

...Herbert Richers. Essa frase tão ouvida nos filmes dublados na TV, perdeu seu pioneiro na área da dublagem

Quem assiste a um filme dublado na televisão, em especial na TV aberta, já se acostumou a ouvir no início dos créditos a famosa frase “versão brasileira: Herbert Richers”. Pois é, muita gente cansou de ouvir esta frase, mas poucos sabem de fato quem era Herbert Richers, que morreu no dia 20 de novembro, aos 86 anos em consequência de um problema renal.

Richers nasceu em Araraquara, interior de São Paulo, em 11 de março de 1923 e se mudou para o Rio em 1942, onde fundou, em 1950, a empresa que leva seu nome. No começo da carreira, ele atuou como diretor de fotografia. Depois passou a produzir filmes. "Na época em que ele era produtor de cinema, a inflação era alta no Brasil, apesar do ritmo industrial das chanchadas naquele tempo. O dinheiro era insuficiente e saía do próprio bolso. E por conta disso Herbert passou para o campo da dublagem”, explica Garcia Júnior, dublador e diretor de criação da DCVI (Disney Character Voices International) Brasil.

A transição de Richers para a área de dublagem tem ligação com o produtor Walt Disney. Júnior conta que Disney veio ao Brasil para fazer a política da boa vizinhança na época da 2° Guerra Mundial (1939 - 1945) e Richers foi como cinegrafista acompanhar o produtor. Um ano depois ele foi até os Estados Unidos e foi até o escritório de Disney para saber se ele se lembrava de Richers. “Disney não só lembrou como o levou para almoçar. Durante o almoço ele perguntou ao Herbert se ele não queria distribuir o filme Zorro no Brasil. Ele sugeriu distribuir e dublar o filme. Foi assim que o Herbert entrou no ramo da dublagem”.

Garcia Júnior é conhecido na área de dublagem por fazer as vozes de personagens como He-Man, MacGaGyver e o Pica-Pau. Júnior ficou muito emocionado ao falar do querido amigo. “Eu fui chamado para fazer um teste de um filme da Disney chamado Meu Amigo Dragão. E eu ganhei o papel, o Herbert viu meu trabalho e quis me contratar. Eu tinha 12 anos na época. Mas eu disse que não podia ir para o Rio de Janeiro sozinho, porque eu morava em São Paulo com os meus pais. Aos 20 anos eu fui morar em Portugal. O Herbert disse que quando eu voltasse as portas estavam abertas para continuar o trabalho. Essa é a importância do Herbert Richers para mim”.

Úrsula Bezerra, diretora de dublagem da empresa de dublagem Álamo, também comentou sobre a importância de Richers para o segmento. “Hoje no Brasil temos duas empresas representativas na área de dublagem que é a Herbert Richers no Rio de Janeiro e a Álamo em São Paulo. Os dois pioneiros da área infelizmente nos deixaram. O Michael Stoll, da Álamo e o Herbert da Herbert Richers montaram uma estrutura muito boa. Apesar de eu não ter conhecido o Herbert eu sou muito grata por ele ter trazido a dublagem para o Brasil. Para o nosso meio é uma grande falta, assim como nós sentimos quando o Michael, veio a falecer. Eu fico muito feliz por eles terem sido os pioneiros do ramo. Se nós estamos aqui é graças e eles!”. Júnior acha incontestável a importância de Richers para o cinema e para a dublagem brasileira. “Ele estava com 86 anos... é uma perda que dói de saudade. É um ser humano que não está mais aqui conosco”.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

AMOR MAIOR QUE A VIDA

A história de amor de Bella e Edward que contagiou os fãs continua mais intensa na segunda parte de "A Saga Crepúsculo: Lua Nova"

O que você faria se sua razão para existir não te quisesse mais? Definitivamente é uma pergunta difícil de responder. Mas é isso que Bella Swan terá de enfrentar em seu namoro com Edward Cullen em um dos filmes mais aguardados do ano, a segunda parte da "A Saga Crepúsculo: Lua Nova". O primeiro filme, "Crepúsculo", foi um fenômeno alavancado pelo sucesso dos livros em que a saga se baseia, escritos por Stephenie Meyer. Jovens de todo o mundo se encantaram com a história de amor da jovem tímida e melancólica Bella e o atraente e misterioso vampiro Edward.

"Crepúsculo" se tornou a concretização da imaginação de adolescentes sonhadores, fãs do livro, que viram na tela a caracterização e a ambientação da história e principalmente os atores que iriam encarnar esse casal tão tentador. Os atores Kristen Stewart e Robert Pattinson ficaram responsáveis por viverem os personagens loucamente apaixonados. A química entre eles é incrível, deixa o espectador sem fôlego com a tensão e o clima lascivo que rola entre Bella e Edward.

Mas nesse romance a pergunta que fica é: Como um amor desse pode dar certo? Bem, o namoro de uma mortal com um vampiro não é tarefa das mais fáceis. Desejo e perigo rondam o relacionamento. O instinto de Edward em beber o sangue da amada é irresistível, já que um beijo mais intenso pode levá-lo a mordê-la. Ao mesmo tempo a garota demonstra uma certa vontade em ser mordida por ele. Um impasse difícil de se resolver. Resta aos dois resistirem ao desejo profundo de consumarem a relação.

A pergunta que inicia este texto é o centro de "Lua Nova". Bella e Edward vivem seu romance, mas o instinto vampiresco atrapalha os dois, o que faz Edward tomar a dolorosa decisão de se distanciar de Bella para preservar a vida da amada. A falta que Edward faz, deixa Bella desesperada. É aí que o garoto lobisomem Jacob Black, amigo de infância de Bella, entra na história. O duelo entre Edward e Jacob pelo coração da garota garante muita emoção. Marque no seu calendário, pois dia 20 de novembro este embate promete!

CREPÚSCULOMANIA

Kristen Stewart e Taylor Lautner enlouquecem fãs da saga Crepúsculo em visita relâmpago ao Brasil

Fãs histéricas aos gritos se acotovelaram em frente a um hotel em São Paulo, portando cartazes, fotos e livros da saga "Crepúsculo". Foi esse tumulto que Kristen Stewart e Taylor Lautner provocaram na rápida passagem pelo Brasil, mais especificamente na cidade de São Paulo. Tudo isso para os seguidores terem a chance de verem nem que fosse de relance os queridos astros do novo filme "Lua Nova".

Eles desembarcaram no país para divulgar a produção em que Stewart e Lautner interpretam Bella Swan e Jacob Black no romance mais aguardado da temporada. No filme, Edward Cullen (Robert Pattinson) se afasta da amada Bella. Isso faz com que Jacob se aproxime da garota e os dois passam a ter um vínculo maior. Kristen e Taylor ficaram em São Paulo por apenas dois dias. Parte do tempo, eles dedicaram para conversar com a imprensa.

Durante a entrevista Kristen disse que estranhou a quantidade de prédios que existe em São Paulo. “Há muito mais prédios do que eu esperava. Talvez tenha sido um pouco de ignorância, mas não imaginava que São Paulo fosse tão enorme e espalhada. Ficamos só no quarto do hotel e saímos apenas para ir a uma churrascaria”. Taylor também comentou sobre a ida a tal churrascaria: “Eu sou louco pelo churrasco brasileiro. Fomos para uma verdadeira churrascaria brasileira e adorei. Foi a coisa mais legal que eu fiz aqui no Brasil!”.

A recepção dos seguidores da saga surtiu efeito nos atores. “Os fãs têm sido incrivelmente amáveis e entusiasmados. Eles são muito amistosos e calorosos. Muito legais mesmo”, completou Kristen. No mesmo dia os dois foram para o México na maratona de divulgação de Lua Nova. Para Márcio Fraccaroli, diretor da Paris Filmes, a expectativa é que a produção tenha o dobro de espectadores do primeiro filme, "Crepúsculo". “Com toda esses fãs que estão aqui, o limite não sabemos mais. É uma loucura essa coisa de fã, a situação tomou uma situação muito maior. É importante dizer que "Lua Nova" é muito superior a "Crepúsculo". Agora tem muita ação e isso vai ajudar muito na carreira do filme”, afirmou ele. Agora a torcida é que para o ano que vem, para a divulgação do filme "Eclipse", o galã Robert Pattinson venha para o Brasil para delírio geral da nação Crepúsculo!
Confira trechos da entrevista coletiva.

Quais as diferenças artísticas entre "Crepúsculo" e "Lua Nova"?

TAYLOR LAUTNER - Eu não trabalhei muito com a Catherine (Hardwicke - diretora de "Crepúsculo"). Eu só tive quatro cenas no filme. Com Chris Weitz (diretor de "Lua Nova") foi uma experiência incrível. Ele é ótimo de se trabalhar. Ele é muito talentoso e é uma grande pessoa.
KRISTEN STEWART - Quando você trabalha com uma pessoa solícita e compassiva você se sente segura para explorar qualquer coisa. Há muita pressão envolvida na série. Ela se baseia em algo que já existe. O livro é cobiçado por muitos. O Chris deixou nós nos apropriarmos dos nossos personagens. O filme se saiu melhor por causa disso. A diferença entre "Crepúsculo" e "Lua Nova" é que no começo, Crepúsculo não era tão esperado. Ele foi um filme independente, de uma escala muito menor. O primeiro filme era sobre a descoberta, se jogar de cabeça. Em "Lua Nova", a coisa se desacelera um pouco. Questões reais começam a afetá-los e não é apenas o mundo da fantasia dos vampiros. Os vampiros também cometem erros. A diferença é que "Lua Nova" é mais reflexivo e tem uma escala muito maior, ele é mais vívido.

O que vocês acham do filme ter feito tanto sucesso no Brasil, já que aqui não se tem uma cultura de vampiro?
TAYLOR -
A série de livros e filmes é muito mais do que uma história de vampiros e lobisomens. Tem a ver com os personagens, pois todos conseguem se identificar.
KRISTEN - É uma história de amor ideológica que está ao nosso alcance. Não é no sentido de que é impossível e eles vivem no mundo da fantasia. O livro eleva o nível de emoção exarcebada. Quando Edward abandona Bella, não é um rompimento normal. Não é um namorado que termina um relacionamento. É um questionamento de crenças. A composição química dela é alterada. A história de amor é colocada no nível mais radical que possa haver. É uma espécie de uma metáfora.

No livro "Lua Nova" o Edward aparece pouco. Como isso ficou no filme?
KRISTEN -
A razão pela qual ele aparece mais no filme do que no livro é porque quando se vê o que acontece com Bella, ela tem uma sensação de medo. No livro ele fala com ela, é uma voz que a tranquiliza. Sempre achamos que era uma interpretação dela do que ele dizia e não uma comunicação telepática. Por causa disso, nós imaginamos que ela o imaginaria e o veria também. Isso fica melhor do ponto de vista visual. No livro ele só é ouvido. E também mais pessoas vão querer ver o filme porque o Robert está no filme (risos).
TAYLOR - É também uma boa forma de estabelecer o triângulo amoroso entre Bella, Edward e Jacob. "Crepúsculo" desenvolve a relação entre Edward e a Bella e "Lua Nova" traz o triângulo amoroso.
KRISTEN - Quando se vê Bella completamente apaixonada pelo Jacob, se você não lembrar da forma física do Edward, você não se importaria tanto. Não haveria tanto conflito. A reação da plateia seria: “Fique com o Jacob!”. E é preciso a presença do Edward para provocar o conflito.

Por que a Bella deve ficar com o Jacob?
TAYLOR -
Pergunta difícil (risos). Tudo depende o tipo que a Bella é e o tipo de cara que ela gosta. Edward e Jacob são completamente diferentes. A questão é se você quer ir para a direita ou para a esquerda.
KRISTEN - O Jacob é a pessoa com quem ela deveria estar. Ele é perfeito para ela. Com Jacob, Bella pode ser mais ela mesma. A insegurança dela desaparece quando está com Jacob. Mas infelizmente, nem sempre as garotas tomam boas decisões para si próprias. E há algo em Edward que o torna a alma gêmea dela. Se você acreditar no mundo do destino, Jacob não deveria estar com a Bella. Ele deveria ser o melhor amigo dela. É preciso estar apaixonado por alguém, não se pode simplesmente se contentar com a zona de conforto.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

À PROCURA DE ERIC

Eric é um carteiro com mais de 40 anos, frustrado com a vida que leva e mal-humorado. Ele foi abandonado pela segunda esposa e cuida dos dois problemáticos enteados. Ele está em dívida com o passado, pois sumiu repentinamente da vida da primeira mulher e não consegue encará-la depois de tanto tempo.

No seu quarto, o carteiro tem um grande pôster de seu ídolo pregado na parede. O ídolo tem o mesmo nome: Eric, mais especificamente Eric Cantona, ex-jogador de futebol do time inglês Manchester United. Eric está com alguns problemas e no desespero bate um papo com o Cantona do pôster. De repente Cantona, que interpreta a sim mesmo no filme, aparece no quarto de Eric para ajudá-lo a mudar o rumo de sua vida.

O filme é delicioso com ótimas tiradas, em especial quando Cantona filosofa sobre a vida. Ao longo da história, várias jogadas de Cantona aparecem como forma de ilustrar que é possível resolver os problemas e como numa partida de futebol tudo pode mudar aos 45 do segundo tempo. Um gol de placa!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

NOVAS POSSIBILIDADES

Variados formatos de distribuição mudam os hábitos do espectador na hora de assistir a um filme

O habitual jeito de se assistir a um filme, com o espectador em uma sala escura e uma tela grande na frente, tem mudado de cara. Com a chegada de inovações tecnológicas, novas formas de se ver um filme também surgem. A aposta em novas mídias e dispositivos têm ganhado força no entretenimento para atender cada vez mais às necessidades de cada tipo de consumidor.

Nos Estados Unidos, a videolocadora Blockbuster e a fabricante Motorola vão disponibilizar um aplicativo capaz de baixar milhares de filmes em smartphones. Outra parceria da locadora é com a Samsung, que vai permitir o aluguel de filmes pelo controle remoto do televisor. As pessoas estão buscando novas formas de ver filmes e essas estratégias atendem a demanda crescente.

Aqui no Brasil, a Warner saiu na frente na distribuição multimídia no mercado de home entertainment. Em julho, ela lançou o filme "Gran Torino" simultaneamente em DVD, Blu-ray e download digital. Desde maio, a distribuidora disponibiliza seus filmes para venda e aluguel por meio de download na loja virtual da Livraria Saraiva. Segundo Alexandre Assis, gerente de produto da Warner, "Gran Torino" inicia uma nova era, com lançamentos simultâneos em vários formatos, um ponto de convergência de processos tecnológicos. “A estratégia da Warner é oferecer várias opções ao consumidor que pode escolher de acordo com sua preferência ou conveniência. A Warner acredita no conceito ‘assista do seu jeito’”, declara Assis.

STREAMING
Em agosto, a locadora online NetMovies lançou o serviço de streaming legalizado de filmes no Brasil. O streaming é uma tecnologia que reproduz uma mídia sem interrupções e em tempo real. Quem já viu algum vídeo pelo site YouTube sabe como funciona. Ao apertar o play para iniciar a reprodução do arquivo, um buffer (mecanismo para melhorar a velocidade de acesso a um determinado dispositivo) é carregado por alguns segundos e aí se inicia a exibição do conteúdo. O que limita a exibição de um filme em streaming é a banda larga que o usuário tem. Daniel Topel, diretor-presidente da NetMovies, recomenda aos assinantes uma banda de no mínimo 700 Kbps.

O streaming vai na contramão do download, que demora algumas horas para ser feito, para, então, se poder assistir ao conteúdo. O formato download é protegido pelo DRM (Digital Rights Management) ou GDD (Gestão de Direitos Digitais). Isso é uma forma de restringir a difusão por cópia de arquivos digitais, como forma de assegurar os direitos autorais da obra. Esse é o tipo de serviço que a Saraiva oferece, com a opção de locação e compra de filmes digitais. “Os estúdios exigem o download via DRM. Eles criam uma série de mecanismos de proteção de direitos autorais. Isso, para o usuário final, faz com que seja necessário trabalhar com Windows e Internet Explorer. Ele precisa baixar um aplicativo, instalar o software, passar por uma transação de pagamento via cartão de crédito, baixar o arquivo por algumas horas e ainda tem um limite de 24h para se assistir ao filme”, explica Topel.

Na cadeia alimentar das janelas (espaço de lançamento de um filme em cada mídia), a ordem de lançamento de um filme segue a linha cinema, rental, sell-thru, tv por assinatura e tv aberta. A distribuição digital de filmes fica após a TV por assinatura. Com isso, o streaming de lançamentos fica de fora dessa via de distribuição. A alternativa encontrada pela NetMovies foi explorar clássicos como "Cidadão Kane", "Fellini 8 ½" e "Metrópolis", até uma saraivada de filmes de ação chineses estrelados por Bruce Lee e Jackie Chan, como "A Fúria do Dragão" e "O Mestre Invencível".

A locadora oferece aos seus assinantes o pacote LIVE 10, somente para streaming, pelo valor mensal de R$ 15,60. Esse pacote dá ao assinante, dez horas mensais de conteúdo em vez de filmes completos. “O hábito do nosso cliente não é de assistir a um filme até o fim. O formato de filme completo é algo rígido que vai contra a liberdade que queremos dar para o usuário final. Essa é a desvantagem do download. Você baixa um filme e decide que não quer ver o filme naquele momento e ao vencer o período de 24h você perde o filme. Isso é um ranço do modelo antigo de locação. O fato de o usuário pensar em um filme como um filme”, conta Topel

Isso que diretor-presidente da NetMovies fala é interessante, pois essas formas de distribuição e, principalmente, o modo de se assistir a um filme estão se tornando novas alternativas de entretenimento. “Hoje, existe a mobilidade. Hoje, se vê uma pessoa no metrô assistindo a um filme. É outra experiência, porque ela está no metrô sem ter o que fazer. As pessoas querem ter diferentes experiências”, declara Phillip Wojdyslawski, presidente da Videolar.

Essas novidades marcam uma tendência no mercado de entretenimento. “O desenvolvimento tecnológico apresenta constantemente novas possibilidades e a Warner quer acompanhar este processo, estando sempre em sintonia com os novos hábitos do consumidor”, afirma o gerente de produto da distribuidora. E no meio de tantas inovações tecnológicas fica difícil imaginar como fica a interação da pessoa com o filme.

Para Topel, existe uma variedade de hábitos no consumo de filmes e que hoje o espectador quer comodidade, simplicidade e economia em seus momentos de entretenimento. “Acredito que o NetMovies LIVE atenda a esta pluralidade, oferecendo liberdade total para cada usuário assistir a filmes da maneira que ele mais gosta. Seja ver o filme inteiro de uma só vez, rever cenas específicas, ver o filme pausadamente ao longo de vários dias ou até mesmo pular partes do filme”, conclui ele. Isso implica em discussões psicológicas sobre o ato de se assistir a um filme. Mas isso já é outra história.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

AQUARELA CINEMATOGRÁFICA

São Paulo vive e respira cinema por duas semanas na 33° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Filmes de todo o mundo em um só lugar

O movimento para comprar os ingressos é grande. A fila é imensa. Uma moça olha atentamente o catálogo da Mostra, um grupo de amigos aponta para um guia de filmes, um outro rapaz tira do bolso um papel amassado contendo os nomes dos filmes que quer assistir. É assim o clima que São Paulo viveu por duas semanas durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que este ano teve sua 33° edição. Os cinéfilos de plantão montam um verdadeiro esquema para conseguirem ver o maior número possível de filmes. Também não é para menos, foram 424 filmes, vindos de mais de 57 países. As pessoas se armam com garrafinhas de água, balinhas e casacos para se esconderem nas 26 salas que exibiam produções das mais variadas.

FUTEBOL, LUTA LIVRE...
A abertura da 33° Mostra de São Paulo contou com a exibição da ótima comédia "À Procura de Eric", de Ken Loach. Eric é um carteiro frustrado com a vida, que desabafa seus problemas diante do pôster de seu grande ídolo, o jogador de futebol Eric Cantona, astro do time inglês Manchester United. Após fumar um baseado, Eric passa a ter visões de Cantona, que vai ajudar o carteiro a mudar o rumo de sua vida. Outro astro do futebol, mais especificamente da Argentina, Diego Armando Maradona foi tema do documentário "Maradona", dirigido por Emir Kusturica, ardoroso fã do craque. Ainda no tapetão, teve "Futebol Brasileiro", documentário sobre a paixão nacional pelo futebol.

Outros esportes também foram colocados na tela. A luta apareceu no documentário "Tyson", sobre o grande lutador Mike Tyson e em "Os Gracies e o Nascimento do Vale Tudo", revelam-se os conflitos e títulos da família dedicada ao jiu-jitsu. Outro documentário, "Mamachas do Ringue", mostra mulheres nos ringues de luta livre na Bolívia. Houve espaço também para o tênis de mesa em "O Rei do Ping-Pong" e para a natação no sueco "Saída a Nado", que inclusive levou o Prêmio da Juventude de melhor filme.

ROCK E OUTRAS COSITAS MÁS
A música invadiu as telas da Mostra com "Rock Brasileiro - História em Imagens", que traz depoimentos de Roberto Carlos, Tony Campello, Blitz! e Paralamas do Sucesso. "Revolução Mundial" trata da história de Stefan Weber e sua banda de rock Drahdiwaberl. E "A Todo Volume" traz três importantes guitarristas da música americana: The Edge (U2), Jimmy Page (Led Zeppelin) e Jack White (The White Stripes), que expõem seus estilos de tocar.

Saindo do rock, Tom Zé foi tema do documentário espanhol "Astronauta Libertado", que levou o Prêmio do Público de melhor documentário. "A Árvore da Música" mostra que o Pau-Brasil é a melhor madeira para se confeccionar violinos. Para fechar um pouco de R&B no documentário "O Poder do Soul" que resgata cenas de um festival com participações de James Brown e B.B. King.

BRASILEIRINHO
O Brasil marcou presença com mais de 70 produções durante a Mostra entre longas e curta-metragens. "O Sol do Meio-Dia", de Eliane Caffé levou o Prêmio da Crítica de melhor longa brasileiro. O filme conta a trajetória de três personagens que rompem com o passado e partem para reconstruir uma vida nova. Ele expõe a capacidade das pessoas se regenerarem a partir de experiências difíceis. Caffé disse ao NO MUNDO DO CINEMA que o prêmio foi algo totalmente inesperado. “Eu não estava esperando mesmo! Acho que é um prêmio super importante, ainda mais por ter estado ao lado de filmes tão legais. Fiquei muito emocionada”, comemorou.

No campo do documentário, vários títulos colocaram em foco, figuras da cultura brasileira. "Dzi Croquettes" levou quatro prêmios de melhor longa de documentário na Mostra: Prêmio Quanta, Teleimage, Itamarary e do Público. Ele mostra a trajetória do grupo que marcou o cenário artístico brasileiro nos anos 70. Ele confrontava a ditadura da época de forma irônica e inteligente. "Alô, Alô, Terezinha" relembra os momentos do lendário Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Os queridos Mamonas Assassinas, que morreram em um acidente também são lembrados em "Mamonas para Sempre (o Doc)".

Em "Caro Francis", o jornalista Paulo Francis com seus comentários irreverentes sobre a política e a sociedade é mostrado através de depoimentos de vários amigos. "A Raça Síntese de Joãozinho 30" coloca em destaque a construção de um enredo que o carnavalesco Joãozinho 30 criou para uma escola de samba. "Eu Eu Eu José Lewgoy" percorre a carreira do ator que se enveredou pelas chanchadas, cinema francês, Cinema Novo e novelas da Rede Globo.

Dois importantes nomes da nova geração de diretores brasileiros retornaram. Beto Brant ("O Invasor") dirigiu "O Amor Segundo B. Schianberg", em que um ator e uma videoartista passam três semanas confinados em um apartamento. Karim Aïnouz, do tocante "O Céu de Suely" faz ao lado de Marcelo Gomes, em "Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te amo" um retrato emocionante de um povo do sertão nordestino que se vê abandonado sob a possibilidade da construção de um canal.

“EU QUERO SEXO!”
A música do Ultraje a Rigor, "Sexo!!" serve bem para ilustrar três produções com a temática. A começar pelo vencedor na Mostra de melhor filme na categoria Novos Diretores, o sul-coreano "Voluntária Sexual", de Kyeong-duk Cho. O diretor coloca na tela um deficiente físico que confessa a um padre que quer experimentar o prazer sexual. Uma prostituta fica a cargo de realizar o pedido dele.

Na divertida comédia "O Dia da Transa" os amigos Ben e Andrew se reencontram e acabam se inscrevendo para um festival de filmes pornôs. Eles decidem fazer sexo em frente as câmeras. Resta saber se eles conseguem. O filme ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Sundance deste ano. O documentário "American Swing" convida o espectador a conhecer o famoso clube Plato’s Retreat, em Nova York, em que casais iam para dançar, nadar e claro, fazer swing.

GASTRONOMIA
Uma pitada de sal, outra de açúcar e assim o público se deliciou com três produções com a culinária como uma das personagens. Em "A Cozinha de Stella", uma cozinheira indiana prepara maravilhas para um casal no Alto Comissariado Canadense em Nova Déli. "Julie & Julia" é a adaptação de livro homônimo no qual a blogueira Julie decide experimentar as 500 receitas do livro de Julia Child (Meryl Streep). "Soul Kitchen", traz um dono de restaurante numa maré de azar que vê tudo mudar quando contrata um novo cozinheiro.

POLITICAGEM
Intrigas do poder expostas. A política foi um prato cheio para documentários como os suecos "Videocracia" e "Bananas!". "Videocracia" expõe o domínio da imagem do atual primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi na época em que era presidente, no qual conseguiu controlar o conteúdo televisivo do país. "Bananas!" mostra a luta de plantadores nicaraguenses contra uma grande empresa alimentícia, após indícios de envenenamento de trabalhadores.

"Hugo Rei e sua Donzela" explora o esquema de compra de voto no governo venezuelano para manter Hugo Chávez no poder. "O Cerco: A Democracia nas Malhas do Neoliberalismo" investiga a ideologia neoliberal presente no Japão. Ainda no terreno asiático, "Kimjongilia" fala do regime totalitarista na Coreia do Norte, marcado pelas mãos de ferro de Kim II Sung e Kim Jong II. "Momentos de Jerusalém" é composto por sete curta-metragens de diretores palestinos e israelenses sobre o conflito que perdura entre Palestina e Israel.

BADALADOS
Como qualquer boa Mostra, não faltou aqueles filmes muito comentados e queridos do público. "Abraços Partidos" ganhou justamente o Prêmio do Público de melhor filme. A nova produção do cineasta Pedro Almodóvar, traz a sua musa, Penélope Cruz num turbilhão de emoções e acontecimentos que o diretor costuma fazer. Michael Haneke, do mórbido "Violência Gratuita", retoma a temática da violência com "A Fita Branca", que recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Em um vilarejo alemão estranhos acidentes passam a acontecer. O povoado começar a questionar quem está por trás dos acontecimentos. "Lebanon", ganhador do Leão de Ouro em Veneza coloca o espectador dentro de um tanque durante a primeira Guerra do Líbano, em 1982. O que acontece no mundo externo é visto apenas pelo visor da mira do canhão. Claustrofóbico, mas incrível!

O ator Heath Ledger que morreu em 2008, estava no meio das filmagens de "O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus". O público da Mostra teve a chance de conferir este trabalho póstumo do ator, que interpreta o personagem título, o qual tem o poder de guiar a imaginação dos outros. O despretensioso "500 Dias Com Ela" acompanha o relacionamento de Tom e Summer desde o primeiro encontro, até as brigas, idas e voltas do casal. A Mostra é a chance que os cinéfilos têm de conferir produções antes de estrearem e muitas que nem vão chegar ao circuito de exibição nos cinemas. Um verdadeiro deleite cinematográfico!

A MATEMÁTICA DA MOSTRA

Maratona de filmes se torna uma verdadeira corrida contra o tempo na hora de coordenar a exibição de mais de 400 filmes

14 dias, 424 filmes numa média de 100 sessões por dia, realizadas em 26 salas de exibição, espalhadas por São Paulo. Ufa! Por trás de números como esses, uma equipe de logística opera dia e noite, sem parar para manter a Mostra funcionando a todo vapor. Quem vai assistir a algum filme da Mostra relaxa no escurinho, com sua pipoca e refrigerante em uma sala com ar condicionado. Mas nem imagina a trabalheira que existe nos bastidores para colocar o filme pronto na tela do cinema.

Tudo começa em agosto quando os filmes são selecionados. A partir daí é uma corrida contra o tempo, em que se entra em contato com os donos das cópias e os responsáveis por festivais de cinema que estão com os filmes. É uma saga itinerante que atravessa o mundo numa viagem até chegar ao Brasil. Aí os filmes chegam ao aeroporto internacional de São Paulo e ficam atracados por uns dois dias até a revisão de documentos e liberação.

A equipe de logística recebe o filme e depois é feita a programação dele. Os filmes nacionais têm um percurso mais tranquilo, pois vêm por intermédio das distribuidoras. “É uma corrida em que tem filmes que saem direto do aeroporto para a sala de exibição. Filmes que vêm de outros festivais, são os que têm data mais apertada para chegar. Eles são os últimos a chegar e os primeiros a sair. Há filmes que chegam, fica só três, quatro dias na Mostra porque têm data para ir embora para um outro festival”, explica Adrianne G. Stolaruk, coordenadora de tráfego de cópias da Mostra de São Paulo.

PASSEIO
Com a programação montada, os filmes que vão chegando são guardados em um galpão, localizado no estacionamento do Conjunto Nacional. Lá, prateleiras são os abrigos temporários para eles enquanto não saem por São Paulo para serem exibidos. Diversos estojos, latas e caixas que chegam a pesar 25 quilos lotam o pequeno espaço do galpão. “Há filmes que vêm em latas especiais e têm de devolvê-los na mesma embalagem que vieram. É preciso ter o cuidado de marcar o filme que veio de tal caixa e aí quando formos devolver, entregar na caixa certa”, afirma Stolaruk.

A equipe de logística faz uma revisão do dia anterior de todos os filmes que têm de sair no dia seguinte e já se separa os formatos de cada filme: digital (HDCam, Digital Betacam, DVCam e Betacam), película (35mm) e sinal digital Rain via satélite. “Quanto aos filmes em película, temos duas revisoras que desenrolam os filmes, para analisarem se o filme está amassado, furado e se o filme está na ordem certa. Isso é feito antes e depois da exibição do filme”, declara Bruno Logatto, coordenador de tráfego de cópias.

Então é hora de fazer o transporte dos filmes que serão distribuídos pelas 26 salas que integram a Mostra. São quatro carros que percorrem os itinerários das salas para entregar os malotes. “Separamos e identificamos cada filme e a sala em que vão ser exibidos, prontos para serem distribuídos pelas salas para não haver erro. No começo do dia os filmes saem da sede da Mostra e são levados para as salas de exibição e no final do dia ou na manhã seguinte são recolhidos e levados ou para a sede ou para outras salas. Há as viagens intermediárias em que um filme é exibido em dias seguidos. Por exemplo, um filme entra às 21h em um cinema e às 15h do dia seguinte em outra sala”, conta Logatto.

IMPREVISTOS
Um fato que ronda a rotina de cinéfilos da Mostra é a constante mudança de horários e salas de exibição, mas Stolaruk esclarece que isso acontece porque o filme em questão não chegou a tempo, está preso na alfândega ou por causa de problemas com a documentação. “Às vezes pedimos em um formato e é mandado em outro. Houve o caso de um filme que viria em película, mas em função de um problema em outro festival, enviaram uma cópia digital. Como nem todas as salas têm projeção digital, por causa da mudança do formato, precisa também mudar a sala de exibição”.

Outra preocupação é a legenda eletrônica que alguns filmes precisam ter. Um exemplo é o filme sueco Metropia. Ele foi exibido no Festival de Veneza, e em função disso, estava com legendas em italiano. Quando o filme veio para o Brasil foi necessário exibir o filme com legenda eletrônica. Ou seja, a equipe da Mostra pede uma lista de diálogos do filme e a envia para uma empresa que faz a tradução e digitalização dos diálogos.

Durante a exibição do filme, uma pessoa fica na sala de exibição com um computador e ao longo dele, vai soltando as legendas abaixo da tela de projeção. “É engraçado porque se há uma cópia em turco, chinês e não tem legenda nenhuma, fica difícil saber quando cada frase da legenda vai entrar. Então a pessoa encarregada fica atenta e até faz um treino antes do filme ser exibido”, afirma Stolaruk.

Quando se frequenta a Mostra parece fácil a organização da estrutura de exibição de filmes. Mas não é assim. “Começamos a trabalhar em agosto e as datas mudam toda hora, os filmes não chegam no formato que pedimos... É uma loucura que exige pensar em várias coisas ao mesmo tempo. É um quebra-cabeça conseguir coordenar tudo. Acho instigante e adoro essa loucura porque tudo é muito rápido. É um desafio, acho gostoso. Não vejo a hora de acabar, mas não vejo a hora de começar de novo (risos)”, brinca ela. É assim que funciona a dinâmica da logística da Mostra. No ano que vem quando você ver a alteração de datas e salas na última hora, lembre-se do árduo labor, que é organizar a Mostra de Cinema de São Paulo.

FRISSON NA MOSTRA

Rodrigo Santoro marca presença na Mostra ao participar de debate sobre seu novo filme: "Eu Te Amo, Phillip Morris"

"Eu te Amo, Phillip Morris" é o mais novo trabalho do ator Rodrigo Santoro e mais um em sua filmografia internacional que só cresce. No filme, Steve (Jim Carrey) é um homem pacato com uma bela família. Mas ele é gay e por isso abandona a família e vai para Miami. Lá ele conhece Jimmy, personagem de Santoro, que passa a ser seu boy-toy. Steve chega a conclusão de que ser gay é muito caro e por isso passa a realizar trapaças e roubos que o levam a prisão. Na cadeia Steve conhece o amor de sua vida, o recatado Phillip Morris (Ewan McGregor). Eles vivem uma linda história de amor até que Phillip cumpre sua pena e se separa de Steve. Mas como no amor vale tudo, o vigarista vai fazer de tudo, tudo mesmo, para ficar perto de seu grande amor.

Santoro foi até a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) conversar com os alunos da instituição sobre o filme. NO MUNDO DO CINEMA não ficou de fora e esteve lá para trazer os principais momentos do debate.

Como você recebeu o roteiro do filme e como foi a sua preparação?
O roteiro chegou pelo meu agente. Eu tinha lido o livro antes do roteiro na verdade. Achei muito fiel. Trabalhamos um pouco com improviso. O Jim Carrey é um ator muito criativo. Às vezes ele achava que não estava bem e tentava fazer a cena de uma outra forma. Não tive muito tempo para a preparação, mas na verdade como o personagem tinha o drama da doença, eu tive que perder peso. Perdi muito peso e os diretores sempre ficavam comendo na minha frente (risos). E tivemos uma semana em Miami para a leitura do texto. Ouvi muita música dos nos 80, foi um flashback da minha adolescência que eu tenho a maior saudade.

Quais são suas expectativas com o filme?
Esta é a terceira exibição do filme. A minha impressão foi boa. Eu assisti ao filme só uma vez. Foi no Festival de Sundance e vi o filme numa sala cheia de pessoas que fazem filmes. Foi emocionante. É sempre difícil para eu ver um trabalho que fiz. E ver pela primeira vez com outras pessoas, você se sente duplamente exposto. Fiquei satisfeito com o trabalho que foi feito, mas sempre tenho a sensação de que ficou faltando alguma coisa, como ver que o take oito era melhor do que o take 2 e eles escolherem o 2 por outra razão. É difícil você se desprender dessa análise, mas eu estou aprendendo.

Há diferenças entre fazer filme no Brasil e nos Estados Unidos?
No final das contas é tudo igual. Esse é um filme independente, feito na raça, com uma equipe pequena, apesar de ter atores conhecidos como o Jim Carrey e o Ewan McGregor. Foi um filme feito por vontade de se fazer um filme. Eles não pediram cachês altos, estavam ali porque acharam o roteiro interessante e porque curtiram esses dois camaradas aqui (Glenn Ficarra e John Requa). Filme independente é filme independente, filme grande é filme grande. As relações de amizade são parecidas. Cinema demora. É difícil. Fazer o roteiro, ajeitar, trabalhar tudo. Depois tem a pós-produção e até o filme ficar pronto demora. Cinema é um processo demorado em qualquer lugar.

Você tem medo de ficar rotulado por fazer personagens homossexuais como nesse e em "Carandiru"?
Na verdade vou responder a essa pergunta matematicamente (risos). A minha preocupação é única e exclusiva com o personagem, nos conflitos, na jornada, no que ele passa, o que sente e como ele se transforma. Se pensarmos que já interpretei mais de dez personagens heterossexuais, há de se pensar que eu também sou rotulado como heterossexual (risos). E por acaso eu sou heterossexual (risos). Eu nunca tive problema em interpretar homossexuais. Com a Ladi Di em "Carandiru" foi o primeiro e foi uma experiência sensacional, um mergulho no ser humano. Ela passava por uma transformação corporal. Era uma outra história. Não me senti repetindo a experiência de interpretar um homossexual. E isso que é o mais interessante.

E quanto as cenas de amor cortadas no filme?
Saiu na imprensa daquele jeito né?: Cenas tórridas e eróticas foram cortadas... (risos). E não tem nada disso, não tem nada chocante. A decisão apenas foi tomada pelos diretores após a exibição teste do filme nos Estados Unidos. Isso é uma coisa muito comum por lá. Depois da sessão a plateia responde a algumas perguntas sobre o filme. E as pessoas ficaram focadas na história principal que tem o Jim Carrey e o Ewan McGregor. Nossa história até por causa da doença era um pouco apelativa e que não estava funcionando. Tem uma cena muito forte, pesada em que eu estou doente, machucado. E aí essa história estava puxando muito a atenção para isso. E aí eu não deveria ter tanto espaço dentro da trama. Os diretores até me ligaram, muito carinhosos e me deram a notícia do corte, mas que era um elogio. A cena tinha funcionado tão bem que teria que diminuí-la na história. Você não pode se apegar ao filme. Do jeito que está ficou melhor realmente.

Nos Estados Unidos os cachês são altos. Você está ganhando bem para fazer filmes no exterior?
Eu não estou rico, na verdade nunca vi a cor desse dinheiro, nem o cheiro (risos). A carreira internacional foi uma coisa que cruzou o meu caminho e resolvi seguir. Eu nunca trabalhei guiado pelo dinheiro. Trabalhar lá fora tem sido sensacional. Vivendo, viajando, conhecendo outras culturas. Além de trabalhar, a gente precisa viver bem.

A SUÉCIA EM VOGA

Mostra de Cinema abre espaço para a exibição de filmes suecos da nova geração de realizadores

Quando se pensa em cinema sueco, a primeira coisa que vem a cabeça são os filmes do cineasta Ingmar Bergman. As produções sobre a ansiedade feminina, solidão, sexualidade e morte ganharam notoriedade no mundo inteiro em filmes como "Morangos Silvestres", "Quando Duas Mulheres Pecam" e "Gritos e Sussurros". Bergman morreu em 2007, após isso, a Suécia tem revelado uma nova geração de diretores loucos para exporem suas visões sobre o mundo. Tanto que a Mostra de Cinema de São Paulo dedicou a 33° edição, um espaço para a Mostra Suécia, com interessantes produções, como "Quase Elvis", "Deixa Ela Entrar", "Bananas!", "Videocracia" e "Metropia".

Petter Mattsson, gerente de projetos da Swedish Film Institute expõe que na Suécia, quando um ingresso de cinema é comprado, 10% vai para a produção de filmes no país. “Também temos uma nova política no Swedish Film, para tornar os filmes mais fortes financeiramente. Nossa meta é financiar até 40% da produção. Por enquanto financiamos apenas 32%. Por outro lado houve uma mudança na mentalidade, principalmente após o que aconteceu com o cinema da Dinamarca na última década, em especial por causa de diretores como Lars von Trier. Eles têm uma filosofia de trabalharem juntos em vez de competirem entre si”, explica ele. Um exemplo do que Mattsson fala é a produtora sueca Atmo, criada pelos diretores Tarik Saleh e Erik Gandini. Há dez anos ela produz filmes e seriados com temas políticos e estéticas sofisticadas.

ENTREVISTA COM TARIK SALEH

Diretor sueco Tarik Saleh veio a Mostra de Cinema de São Paulo apresentar seu novo filme, "Metropia"
Uma estação de metrô, xampu para caspa e a boneca Hello Kitty juntos em uma teoria conspiratória? Sim. São esses os elementos por trás do original "Metropia". O ano é 2024, o mundo está ficando sem petróleo, e os subterrâneos são conectados por uma gigantesca rede de metrô que integra toda a Europa. Roger vive em Estocolmo e toda vez que Roger entra nessa rede, ouve uma estranha voz em sua cabeça.

Roger fica confuso e suspeita que há uma grande conspiração acontecendo e vai atrás de respostas. Mas essas respostas não serão respondidas de forma fácil. Aos poucos ele vai achando as peças desse quebra-cabeça conspiratório. Uma dessas peças é o xampu Dangst, que possui microchips que se infiltram no cabelo de quem usa. Isso permite o acesso a tudo o que a pessoa ouve e vê. O grande plano é usar uma boneca Hello Kitty para por fim as maquinações daqueles que querem dominar a população.

Tarik Saleh, diretor e roteirista da animação tinha como experiência anterior, a realização de documentários. "Gitmo" trata dos acontecimentos na Baía de Guantánamo, usada para aprisionar terroristas. E em "Sacrificio: Who Betryed Che Guevara", Ciro Bustos, tido como aquele que matou Che, revela a sua versão da história. Saleh conversou com o NO MUNDO DO CINEMA sobre o filme "Metropia".

Qual foi a técnica usada para realizar "Metropia"?"Metropia" é uma animação feita com uma nova técnica, superrealista chamada boneca de papel. Eu até brinco que é até mais realista do que os próprios filmes reais (risos). A técnica é baseada em fotografia, mas não é fotografia. Usamos as texturas das fotos, tiramos os olhos de um, a boca de outro, construindo cada personagem. Ele é em 2D, mas parece 3D.

Como foi a experiência de fazer uma animação?A impressão que se tem é de trabalhar de forma muito lenta. Cada animador, animava 12 segundos do filme, por semana. E como diretor, você trabalha em câmera lenta. As pessoas se espantam ao saberem que eu passei seis anos fazendo este filme. E não entendo (risos). A maioria das pessoas passa a vida inteira em um emprego que odeia. Eu adoro fazer filmes, então para mim não é problema ficar seis anos fazendo algo que eu amo. Poderia ficar 12 anos... (risos). Para mim, o mais importante nas animações é mostrar as sensações e diferentes emoções em imagens. Na animação isso é possível.

Como é o processo de realização de filmes na Suécia?Nós fazemos co-produções com muitos países e temos um orçamento bem baixo. Metropia foi um projeto de US$ 5 milhões e isso não é nada para realizar uma animação. O financiamento vem de uma comissão de editores, investidores e fundos que recebemos do Swedish Film Institute. A situação tem sido boa nos últimos anos. Desde a morte de Ingmar Bergman, é como se os diretores tivessem finamente aparecido. Eu adoro o trabalho dele, mas há uma geração tentando ser Bergman, e não é possível, só há um Bergman. Quando ele morreu, os diretores passaram a fazer coisas diferentes das que ele fazia.

Como o público sueco recebe os filmes locais?É algo abstrato. Nós não pensamos em número de espectadores. Se uma pessoa gosta do meu filme, já basta. Uns acham que filmes suecos são estúpidos filmes suecos (risos). Na verdade, os suecos não gostam muito dos filmes do Bergman. O resto do mundo adora, acha exótico, gosta de ver os dramas de mulheres histéricas... Mas na Suécia, as pessoas pensam: “Nossa, essa mulher parece a minha mãe!” (risos).

Antes de "Metropia", você fez documentários com temas políticos. Como foi trabalhar com esse gênero?Eu adoro trabalhar com documentários. Fazer documentários é ter uma ideia sobre o mundo e começar a olhar o mundo especificamente por essa lente. Muitas pessoas acham que documentário é mostrar a realidade. Mas não é. Algumas vezes ficamos com medo de pessoas do poder, porque elas ficam muito irritadas. Eu fiz "Gitmo", sobre a Baía de Guantánamo e toda vez que vou aos Estados Unidos, sempre sou interrogado. Mas sempre digo que sou apenas um cineasta (risos). Os militares ficaram muito irritados por causa das informações contidas no filme. Não tínhamos noção de que seria algo tão ruim. O filme provocou curiosidade, os americanos queriam saber o que diabos acontecia em Guantánamo. Então quando decidi filmar "Metropia" queria fazer um filme de “comédia” (risos).

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

CORAÇÃO AO VENTO

Caetano Veloso como se nunca viu é mostrado sem censura no documentário "Coração Vagabundo", dirigido por Fernando Grostein Andrade

Fernando Grostein Andrade, 28 anos, faz sua estreia em longa-metragem com o documentário "Coração Vagabundo". Nele, Caetano Veloso aparece cândido em suas aparições em São Paulo, Nova York, Tokio e Kioto durante a turnê "A Foreing Sound", fruto do álbum do cantor gravado todo em inglês. O filme chega às locadoras e lojas no dia quatro de novembro. Andrade conversou com o NO MUNDO DO CINEMA, em que dá mais detalhes sobre a experiência de conviver com um grande nome da Música Popular Brasileira.

Você dirigiu o clipe do Caetano Veloso da música Você Não me Ensinou a Te Esquecer (trilha sonora do filme Lisbela e o Prisioneiro). Foi desse encontro que surgiu a ideia de fazer Coração Vagabundo?
ANDRADE -
Foi esse encontro que provocou a série de eventos que levou ao Coração Vagabundo. Primeiro eu fiz esse clipe e como o trabalho foi super bem, a equipe me chamou para fazer o DVD musical do show A Foreing Sound. Durante o making of do DVD, eu estava com o Caetano em Nova York, ele estava fazendo um grande sucesso no exterior com uma série de shows no Carnegie Hall, matéria de página inteira no The New York Times... Aí o Caetano falou que na entrevista que ele deu ao Charlie Rose, grande entrevistador americano, ele se sentiu um provinciano: “Eu sou de Santo Amaro, eu vivi em Santo Amaro até os 18 anos de idade, não sou um cara de São Paulo que já nasceu achando que está no mundo”. Eu senti uma emoção muito forte e enxergava uma história pela qual me apaixonei, que é a história de um grande músico brasileiro, lançando um disco em inglês, fora do Brasil, fazendo sucesso e que não se sentia a vontade com isso, porque veio de uma cidade pequena. Eu achei isso muito interessante e me apaixonei pela ideia e comecei a fazer o filme.

Que Caetano você quis mostrar no documentário?
ANDRADE -
Quando eu comecei a fazer esse filme eu tinha 23 anos, o Caetano, 62. Eu nunca, nem de longe tive a pretensão de querer explicá-lo ou querer defini-lo porque eu não tenho escopo para isso. O que eu quis fazer foi mostrar um olhar sobre um momento da vida dele e de uma viagem de lançamento do disco. Quem vê o filme tem a sensação que está viajando com um amigo. É uma coisa bem leve e emocionante quando temos a participação do Antonioni, que foram as últimas imagens do cineasta em vida. As pessoas se emocionam nessa parte.

Como foi a sua interação com o Caetano durante as filmagens?
ANDRADE -
O filme foi feito praticamente com uma equipe de duas pessoas. Isso somado a ideia de não fazer uma entrevista com o Caetano, mas só filmar ele, criou um ambiente mais intimista e favorável a uma relação de amizade.

Como você avalia o mercado cinematográfico nacional, já que você é um diretor estreante?
ANDRADE -
Eu estou chegando agora e tenho a impressão que a indústria brasileira está amadurecendo, com produtos que conseguem aliar o lado artístico com o lado comercial. Eu comecei minha carreira em um momento em que dá para sonhar. Um tempo atrás isso era algo totalmente impensável. Graças a Andrucha Waddington, Fernando Meirelles, Guel Arraes, Hector Babenco dá para sonhar em fazer cinema. Eu cheguei no mercado no momento em que a parte mais difícil já tinha sido resolvida pelos nossos mestres.