São Paulo vive e respira cinema por duas semanas na 33° Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Filmes de todo o mundo em um só lugar
O movimento para comprar os ingressos é grande. A fila é imensa. Uma moça olha atentamente o catálogo da Mostra, um grupo de amigos aponta para um guia de filmes, um outro rapaz tira do bolso um papel amassado contendo os nomes dos filmes que quer assistir. É assim o clima que São Paulo viveu por duas semanas durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que este ano teve sua 33° edição. Os cinéfilos de plantão montam um verdadeiro esquema para conseguirem ver o maior número possível de filmes. Também não é para menos, foram 424 filmes, vindos de mais de 57 países. As pessoas se armam com garrafinhas de água, balinhas e casacos para se esconderem nas 26 salas que exibiam produções das mais variadas.
FUTEBOL, LUTA LIVRE...
A abertura da 33° Mostra de São Paulo contou com a exibição da ótima comédia "À Procura de Eric", de Ken Loach. Eric é um carteiro frustrado com a vida, que desabafa seus problemas diante do pôster de seu grande ídolo, o jogador de futebol Eric Cantona, astro do time inglês Manchester United. Após fumar um baseado, Eric passa a ter visões de Cantona, que vai ajudar o carteiro a mudar o rumo de sua vida. Outro astro do futebol, mais especificamente da Argentina, Diego Armando Maradona foi tema do documentário "Maradona", dirigido por Emir Kusturica, ardoroso fã do craque. Ainda no tapetão, teve "Futebol Brasileiro", documentário sobre a paixão nacional pelo futebol.
Outros esportes também foram colocados na tela. A luta apareceu no documentário "Tyson", sobre o grande lutador Mike Tyson e em "Os Gracies e o Nascimento do Vale Tudo", revelam-se os conflitos e títulos da família dedicada ao jiu-jitsu. Outro documentário, "Mamachas do Ringue", mostra mulheres nos ringues de luta livre na Bolívia. Houve espaço também para o tênis de mesa em "O Rei do Ping-Pong" e para a natação no sueco "Saída a Nado", que inclusive levou o Prêmio da Juventude de melhor filme.
ROCK E OUTRAS COSITAS MÁS
A música invadiu as telas da Mostra com "Rock Brasileiro - História em Imagens", que traz depoimentos de Roberto Carlos, Tony Campello, Blitz! e Paralamas do Sucesso. "Revolução Mundial" trata da história de Stefan Weber e sua banda de rock Drahdiwaberl. E "A Todo Volume" traz três importantes guitarristas da música americana: The Edge (U2), Jimmy Page (Led Zeppelin) e Jack White (The White Stripes), que expõem seus estilos de tocar.
Saindo do rock, Tom Zé foi tema do documentário espanhol "Astronauta Libertado", que levou o Prêmio do Público de melhor documentário. "A Árvore da Música" mostra que o Pau-Brasil é a melhor madeira para se confeccionar violinos. Para fechar um pouco de R&B no documentário "O Poder do Soul" que resgata cenas de um festival com participações de James Brown e B.B. King.
O movimento para comprar os ingressos é grande. A fila é imensa. Uma moça olha atentamente o catálogo da Mostra, um grupo de amigos aponta para um guia de filmes, um outro rapaz tira do bolso um papel amassado contendo os nomes dos filmes que quer assistir. É assim o clima que São Paulo viveu por duas semanas durante a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que este ano teve sua 33° edição. Os cinéfilos de plantão montam um verdadeiro esquema para conseguirem ver o maior número possível de filmes. Também não é para menos, foram 424 filmes, vindos de mais de 57 países. As pessoas se armam com garrafinhas de água, balinhas e casacos para se esconderem nas 26 salas que exibiam produções das mais variadas.
FUTEBOL, LUTA LIVRE...
A abertura da 33° Mostra de São Paulo contou com a exibição da ótima comédia "À Procura de Eric", de Ken Loach. Eric é um carteiro frustrado com a vida, que desabafa seus problemas diante do pôster de seu grande ídolo, o jogador de futebol Eric Cantona, astro do time inglês Manchester United. Após fumar um baseado, Eric passa a ter visões de Cantona, que vai ajudar o carteiro a mudar o rumo de sua vida. Outro astro do futebol, mais especificamente da Argentina, Diego Armando Maradona foi tema do documentário "Maradona", dirigido por Emir Kusturica, ardoroso fã do craque. Ainda no tapetão, teve "Futebol Brasileiro", documentário sobre a paixão nacional pelo futebol.
Outros esportes também foram colocados na tela. A luta apareceu no documentário "Tyson", sobre o grande lutador Mike Tyson e em "Os Gracies e o Nascimento do Vale Tudo", revelam-se os conflitos e títulos da família dedicada ao jiu-jitsu. Outro documentário, "Mamachas do Ringue", mostra mulheres nos ringues de luta livre na Bolívia. Houve espaço também para o tênis de mesa em "O Rei do Ping-Pong" e para a natação no sueco "Saída a Nado", que inclusive levou o Prêmio da Juventude de melhor filme.
ROCK E OUTRAS COSITAS MÁS
A música invadiu as telas da Mostra com "Rock Brasileiro - História em Imagens", que traz depoimentos de Roberto Carlos, Tony Campello, Blitz! e Paralamas do Sucesso. "Revolução Mundial" trata da história de Stefan Weber e sua banda de rock Drahdiwaberl. E "A Todo Volume" traz três importantes guitarristas da música americana: The Edge (U2), Jimmy Page (Led Zeppelin) e Jack White (The White Stripes), que expõem seus estilos de tocar.
Saindo do rock, Tom Zé foi tema do documentário espanhol "Astronauta Libertado", que levou o Prêmio do Público de melhor documentário. "A Árvore da Música" mostra que o Pau-Brasil é a melhor madeira para se confeccionar violinos. Para fechar um pouco de R&B no documentário "O Poder do Soul" que resgata cenas de um festival com participações de James Brown e B.B. King.
BRASILEIRINHO
O Brasil marcou presença com mais de 70 produções durante a Mostra entre longas e curta-metragens. "O Sol do Meio-Dia", de Eliane Caffé levou o Prêmio da Crítica de melhor longa brasileiro. O filme conta a trajetória de três personagens que rompem com o passado e partem para reconstruir uma vida nova. Ele expõe a capacidade das pessoas se regenerarem a partir de experiências difíceis. Caffé disse ao NO MUNDO DO CINEMA que o prêmio foi algo totalmente inesperado. “Eu não estava esperando mesmo! Acho que é um prêmio super importante, ainda mais por ter estado ao lado de filmes tão legais. Fiquei muito emocionada”, comemorou.
No campo do documentário, vários títulos colocaram em foco, figuras da cultura brasileira. "Dzi Croquettes" levou quatro prêmios de melhor longa de documentário na Mostra: Prêmio Quanta, Teleimage, Itamarary e do Público. Ele mostra a trajetória do grupo que marcou o cenário artístico brasileiro nos anos 70. Ele confrontava a ditadura da época de forma irônica e inteligente. "Alô, Alô, Terezinha" relembra os momentos do lendário Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Os queridos Mamonas Assassinas, que morreram em um acidente também são lembrados em "Mamonas para Sempre (o Doc)".
Em "Caro Francis", o jornalista Paulo Francis com seus comentários irreverentes sobre a política e a sociedade é mostrado através de depoimentos de vários amigos. "A Raça Síntese de Joãozinho 30" coloca em destaque a construção de um enredo que o carnavalesco Joãozinho 30 criou para uma escola de samba. "Eu Eu Eu José Lewgoy" percorre a carreira do ator que se enveredou pelas chanchadas, cinema francês, Cinema Novo e novelas da Rede Globo.
Dois importantes nomes da nova geração de diretores brasileiros retornaram. Beto Brant ("O Invasor") dirigiu "O Amor Segundo B. Schianberg", em que um ator e uma videoartista passam três semanas confinados em um apartamento. Karim Aïnouz, do tocante "O Céu de Suely" faz ao lado de Marcelo Gomes, em "Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te amo" um retrato emocionante de um povo do sertão nordestino que se vê abandonado sob a possibilidade da construção de um canal.
“EU QUERO SEXO!”
A música do Ultraje a Rigor, "Sexo!!" serve bem para ilustrar três produções com a temática. A começar pelo vencedor na Mostra de melhor filme na categoria Novos Diretores, o sul-coreano "Voluntária Sexual", de Kyeong-duk Cho. O diretor coloca na tela um deficiente físico que confessa a um padre que quer experimentar o prazer sexual. Uma prostituta fica a cargo de realizar o pedido dele.
Na divertida comédia "O Dia da Transa" os amigos Ben e Andrew se reencontram e acabam se inscrevendo para um festival de filmes pornôs. Eles decidem fazer sexo em frente as câmeras. Resta saber se eles conseguem. O filme ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Sundance deste ano. O documentário "American Swing" convida o espectador a conhecer o famoso clube Plato’s Retreat, em Nova York, em que casais iam para dançar, nadar e claro, fazer swing.
GASTRONOMIA
Uma pitada de sal, outra de açúcar e assim o público se deliciou com três produções com a culinária como uma das personagens. Em "A Cozinha de Stella", uma cozinheira indiana prepara maravilhas para um casal no Alto Comissariado Canadense em Nova Déli. "Julie & Julia" é a adaptação de livro homônimo no qual a blogueira Julie decide experimentar as 500 receitas do livro de Julia Child (Meryl Streep). "Soul Kitchen", traz um dono de restaurante numa maré de azar que vê tudo mudar quando contrata um novo cozinheiro.
POLITICAGEM
Intrigas do poder expostas. A política foi um prato cheio para documentários como os suecos "Videocracia" e "Bananas!". "Videocracia" expõe o domínio da imagem do atual primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi na época em que era presidente, no qual conseguiu controlar o conteúdo televisivo do país. "Bananas!" mostra a luta de plantadores nicaraguenses contra uma grande empresa alimentícia, após indícios de envenenamento de trabalhadores.
"Hugo Rei e sua Donzela" explora o esquema de compra de voto no governo venezuelano para manter Hugo Chávez no poder. "O Cerco: A Democracia nas Malhas do Neoliberalismo" investiga a ideologia neoliberal presente no Japão. Ainda no terreno asiático, "Kimjongilia" fala do regime totalitarista na Coreia do Norte, marcado pelas mãos de ferro de Kim II Sung e Kim Jong II. "Momentos de Jerusalém" é composto por sete curta-metragens de diretores palestinos e israelenses sobre o conflito que perdura entre Palestina e Israel.
BADALADOS
Como qualquer boa Mostra, não faltou aqueles filmes muito comentados e queridos do público. "Abraços Partidos" ganhou justamente o Prêmio do Público de melhor filme. A nova produção do cineasta Pedro Almodóvar, traz a sua musa, Penélope Cruz num turbilhão de emoções e acontecimentos que o diretor costuma fazer. Michael Haneke, do mórbido "Violência Gratuita", retoma a temática da violência com "A Fita Branca", que recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Em um vilarejo alemão estranhos acidentes passam a acontecer. O povoado começar a questionar quem está por trás dos acontecimentos. "Lebanon", ganhador do Leão de Ouro em Veneza coloca o espectador dentro de um tanque durante a primeira Guerra do Líbano, em 1982. O que acontece no mundo externo é visto apenas pelo visor da mira do canhão. Claustrofóbico, mas incrível!
O ator Heath Ledger que morreu em 2008, estava no meio das filmagens de "O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus". O público da Mostra teve a chance de conferir este trabalho póstumo do ator, que interpreta o personagem título, o qual tem o poder de guiar a imaginação dos outros. O despretensioso "500 Dias Com Ela" acompanha o relacionamento de Tom e Summer desde o primeiro encontro, até as brigas, idas e voltas do casal. A Mostra é a chance que os cinéfilos têm de conferir produções antes de estrearem e muitas que nem vão chegar ao circuito de exibição nos cinemas. Um verdadeiro deleite cinematográfico!
O Brasil marcou presença com mais de 70 produções durante a Mostra entre longas e curta-metragens. "O Sol do Meio-Dia", de Eliane Caffé levou o Prêmio da Crítica de melhor longa brasileiro. O filme conta a trajetória de três personagens que rompem com o passado e partem para reconstruir uma vida nova. Ele expõe a capacidade das pessoas se regenerarem a partir de experiências difíceis. Caffé disse ao NO MUNDO DO CINEMA que o prêmio foi algo totalmente inesperado. “Eu não estava esperando mesmo! Acho que é um prêmio super importante, ainda mais por ter estado ao lado de filmes tão legais. Fiquei muito emocionada”, comemorou.
No campo do documentário, vários títulos colocaram em foco, figuras da cultura brasileira. "Dzi Croquettes" levou quatro prêmios de melhor longa de documentário na Mostra: Prêmio Quanta, Teleimage, Itamarary e do Público. Ele mostra a trajetória do grupo que marcou o cenário artístico brasileiro nos anos 70. Ele confrontava a ditadura da época de forma irônica e inteligente. "Alô, Alô, Terezinha" relembra os momentos do lendário Abelardo Barbosa, o Chacrinha. Os queridos Mamonas Assassinas, que morreram em um acidente também são lembrados em "Mamonas para Sempre (o Doc)".
Em "Caro Francis", o jornalista Paulo Francis com seus comentários irreverentes sobre a política e a sociedade é mostrado através de depoimentos de vários amigos. "A Raça Síntese de Joãozinho 30" coloca em destaque a construção de um enredo que o carnavalesco Joãozinho 30 criou para uma escola de samba. "Eu Eu Eu José Lewgoy" percorre a carreira do ator que se enveredou pelas chanchadas, cinema francês, Cinema Novo e novelas da Rede Globo.
Dois importantes nomes da nova geração de diretores brasileiros retornaram. Beto Brant ("O Invasor") dirigiu "O Amor Segundo B. Schianberg", em que um ator e uma videoartista passam três semanas confinados em um apartamento. Karim Aïnouz, do tocante "O Céu de Suely" faz ao lado de Marcelo Gomes, em "Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te amo" um retrato emocionante de um povo do sertão nordestino que se vê abandonado sob a possibilidade da construção de um canal.
“EU QUERO SEXO!”
A música do Ultraje a Rigor, "Sexo!!" serve bem para ilustrar três produções com a temática. A começar pelo vencedor na Mostra de melhor filme na categoria Novos Diretores, o sul-coreano "Voluntária Sexual", de Kyeong-duk Cho. O diretor coloca na tela um deficiente físico que confessa a um padre que quer experimentar o prazer sexual. Uma prostituta fica a cargo de realizar o pedido dele.
Na divertida comédia "O Dia da Transa" os amigos Ben e Andrew se reencontram e acabam se inscrevendo para um festival de filmes pornôs. Eles decidem fazer sexo em frente as câmeras. Resta saber se eles conseguem. O filme ganhou o prêmio especial do júri no Festival de Sundance deste ano. O documentário "American Swing" convida o espectador a conhecer o famoso clube Plato’s Retreat, em Nova York, em que casais iam para dançar, nadar e claro, fazer swing.
GASTRONOMIA
Uma pitada de sal, outra de açúcar e assim o público se deliciou com três produções com a culinária como uma das personagens. Em "A Cozinha de Stella", uma cozinheira indiana prepara maravilhas para um casal no Alto Comissariado Canadense em Nova Déli. "Julie & Julia" é a adaptação de livro homônimo no qual a blogueira Julie decide experimentar as 500 receitas do livro de Julia Child (Meryl Streep). "Soul Kitchen", traz um dono de restaurante numa maré de azar que vê tudo mudar quando contrata um novo cozinheiro.
POLITICAGEM
Intrigas do poder expostas. A política foi um prato cheio para documentários como os suecos "Videocracia" e "Bananas!". "Videocracia" expõe o domínio da imagem do atual primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi na época em que era presidente, no qual conseguiu controlar o conteúdo televisivo do país. "Bananas!" mostra a luta de plantadores nicaraguenses contra uma grande empresa alimentícia, após indícios de envenenamento de trabalhadores.
"Hugo Rei e sua Donzela" explora o esquema de compra de voto no governo venezuelano para manter Hugo Chávez no poder. "O Cerco: A Democracia nas Malhas do Neoliberalismo" investiga a ideologia neoliberal presente no Japão. Ainda no terreno asiático, "Kimjongilia" fala do regime totalitarista na Coreia do Norte, marcado pelas mãos de ferro de Kim II Sung e Kim Jong II. "Momentos de Jerusalém" é composto por sete curta-metragens de diretores palestinos e israelenses sobre o conflito que perdura entre Palestina e Israel.
BADALADOS
Como qualquer boa Mostra, não faltou aqueles filmes muito comentados e queridos do público. "Abraços Partidos" ganhou justamente o Prêmio do Público de melhor filme. A nova produção do cineasta Pedro Almodóvar, traz a sua musa, Penélope Cruz num turbilhão de emoções e acontecimentos que o diretor costuma fazer. Michael Haneke, do mórbido "Violência Gratuita", retoma a temática da violência com "A Fita Branca", que recebeu a Palma de Ouro no Festival de Cannes. Em um vilarejo alemão estranhos acidentes passam a acontecer. O povoado começar a questionar quem está por trás dos acontecimentos. "Lebanon", ganhador do Leão de Ouro em Veneza coloca o espectador dentro de um tanque durante a primeira Guerra do Líbano, em 1982. O que acontece no mundo externo é visto apenas pelo visor da mira do canhão. Claustrofóbico, mas incrível!
O ator Heath Ledger que morreu em 2008, estava no meio das filmagens de "O Mundo Imaginário de Dr. Parnassus". O público da Mostra teve a chance de conferir este trabalho póstumo do ator, que interpreta o personagem título, o qual tem o poder de guiar a imaginação dos outros. O despretensioso "500 Dias Com Ela" acompanha o relacionamento de Tom e Summer desde o primeiro encontro, até as brigas, idas e voltas do casal. A Mostra é a chance que os cinéfilos têm de conferir produções antes de estrearem e muitas que nem vão chegar ao circuito de exibição nos cinemas. Um verdadeiro deleite cinematográfico!
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