sábado, 7 de julho de 2007

DE FANTÁSTICO ELES NÃO TÊM NADA

Os super-heróis do “Quarteto Fantástico” erram a mão novamente no segundo filme da série

Atualmente, fazer adaptações de HQs (histórias em quadrinhos) para o cinema se tornou uma coqueluche. Algumas são bem sucedidas, como as trilogias de “Homem-Aranha” e “X-Men”. Outras nem tanto, como “Demolidor – O Homem Sem Medo” e “Hulk”. E há aquelas que são promissoras, mas que acabam não dando em nada. Esse é o caso dos dois filmes da série “Quarteto Fantástico”. O primeiro lançado em 2005, deixou muita gente frustrada e indignada com o tratamento dado a versão dos quadrinhos para o cinema. Enquanto a grande maioria das adaptações trabalha numa vertente mais séria (“Batman Begins” é um ótimo exemplo), “Quarteto Fantástico” vai na contramão, explorando a comédia e as situações cheias de lições de moral para o público juvenil.

Com o segundo filme, “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado”, os produtores e roteiristas, acrescentaram um outro personagem das HQs, o enigmático Surfista Prateado, na tentativa de trazer seriedade para a trama. Isso não resolveu o problema. Só fez com que ele passasse vergonha ao lado do Quarteto, formado por Reed Richards/Sr. Fantástico (Ioan Gruffudd), que tem a habilidade de esticar o corpo como borracha; Sue Storm/Mulher Invisível (Jessica Alba); Johnny Storm/Tocha Humana (Chris Evans) e Bem Grimm/O Coisa (Michael Chiklis), que tem o corpo feito de pedra. Em um certo momento do filme, os quatro resgatam o Surfista Prateado. Ele está todo debilitado. Então o Sr. Fantástico, Tocha e O Coisa começam a discutir sobre quem vai pilotar a nave. É triste ver o Surfista com dor e eles perdendo tempo com besteiras. A cena é vexamimosa.

Na nova aventura, o alien Surfista Prateado vem à Terra para destruí-la. Ele tem o poder de alterar o clima e deixar crateras por onde passa. Cabe ao Quarteto impedir que isso aconteça. Dr. Destino (Julian McMahon), o vilão do primeiro filme, retorna para ajudar os heróis com informações preciosas sobre o misterioso alien. É claro que as intenções do Dr. Destino não são nada boas e por isso, o Surfista Prateado e o Quarteto vão juntar forças para acabar com ele e evitar que o planeta seja extinguido.

A meta dos blockbusters é sempre ganhar muito dinheiro nas bilheterias. Com isso, os produtores tentam a todo custo, lançarem os filmes com uma classificação etária baixa, para um maior número de pessoas poder ir assisti-las. Resultado: os filmes ficam mais infantis, sem cenas fortes e com histórias bem “mastigadas”, apelando para as gracinhas. “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” é uma produção muito ingênua. Os diálogos sobre a destruição do planeta são bobos. O filme agora explora a vida de celebridade dos heróis, já que eles não mantêm a identidade em segredo como outros personagens dos quadrinhos. Eles são grandes estrelas, posam para fotos com os fãs e dão entrevistas. Reed e Susan vão se casar e a mídia cobre o acontecimento a exaustão em jornais e programas televisivos de fofoca.

A produção se preocupa mais em ser engraçado ao mostrar os heróis usando os seus poderes, do que com a história em si. O enredo não se desenvolve. Quando o grande enfrentamento entre o Quarteto, o Surfista Prateado e Dr. Destino acontece, o desenlace se resolve rapidamente e quando o espectador se dá conta, o filme já acabou. Além disso, a produção conseguiu um feito incrível: deixar Jessica Alba feia. Ela está horrorosa com o cabelo num tom amarelo estranho e lentes de contato azuis, que deixou a atriz com um visual artificial.

O problema também está na escolha de Tim Story para dirigir o filme. Responsável por outras bombas como “Taxi” e “Uma Turma do Barulho”, o diretor não tem experiência e criatividade para conduzir uma super produção como essa.

O filme não funciona no cinema, ele se adapta melhor na Sessão da Tarde na televisão, no qual o espectador não está muito atento a história e que se levanta durante os intervalos. “Quarteto Fantástico” deveria ter ficado nas histórias em quadrinhos e na série de desenhos animados, pois a versão em carne e osso, realmente não convence. Os poderes dos super-heróis é até algo divertido. Eles têm a capacidade de esticar o corpo, ficar invisível, criar fogo num estalar de dedos e ser resistente como uma rocha. E pode ser uma coisa legal de se ver. Mas quando eles resolvem usar esses poderes para salvar o mundo, é difícil levá-los a sério.

domingo, 1 de julho de 2007

UMA QUESTÃO DE CLASSE

Amigos dentro e fora das telas, os galãs George Clooney, Brad Pitt e Matt Damon esbanjam charme e sofisticação no novo “Treze Homens e Um Novo Segredo”

“Onze Homens e Um Segredo” (2001), “Doze Homens e Um Outro Segredo” (2004) e agora, “Treze Homens e Um Novo Segredo”. George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Don Cheadle, Bernie Mac e Andy Garcia pegam carona na onda das trilogias e retornam para a terceira e provável última parte da história do grupo de amigos que aplicam golpes milionários.

Após diversas críticas ao segundo filme, o elenco e o diretor Steven Soderbergh resolveram encerrar a franquia com classe, prestando uma grande homenagem ao filme que originou a série de sucesso, a produção “Onze Homens e Um Segredo”, de 1960, estrelada por Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford e Joey Bishop. Na época eles formaram o famoso “Rat Pack”, que era um apelido dado a um grupo de amigos populares que trabalhavam juntos e tinham um estilo de vida regado à mulheres, whisky e confusões. Com Clooney e companhia, o apelido persiste.

Os filmes da série são uma mera desculpa para eles se reunirem no set de filmagem e se divertirem. A química entre os atores é explícita e não é nada mal ver o elenco de colírios da foto acima esbanjando charme, destilando diálogos absurdos, vestindo ternos de grife e comendo e bebendo do melhor. Fora das telas é da mesma forma. Os amigos desfrutam de férias na mansão de Clooney no Lago Como, na Itália, passeiam de iate pela Europa e passam a noite jogando pôquer.

Desta vez, a justificativa para os atores se reunirem não é o dinheiro e sim a vingança. Reuben Tishkoff (Elliot Gold), um dos membros da gangue de Danny Ocean (George Clooney), sofre um ataque cardíaco após ser enganado por um antigo colega, o magnata Willy Bank (Al Pacino), que vai inaugurar um novo cassino, chamado The Bank.

O plano do grupo é arruinar a inauguração, fazendo com que os jogadores faturem alto durante uma falha no equipamento de segurança do cassino. Terry Benedict (Andy Garcia), grande rival de Danny nos filmes anteriores, se junta ao bando para também se vingar de Bank, por ele ter tomado a liderança nos negócios de jogos em Las Vegas.

Nos três filmes da série, a presença feminina é mínima. Julia Roberts que interpreta a esposa de Danny, agora ficou de fora da história. Catherine Zeta-Jones, que fez uma aparição insossa no segundo filme, também não retornou. Agora é a cinquentona Ellen Barquin que surge em cena como Abigail Sponder, braço direito de Bank e “papa-anjo” que dá em cima de Linus (Matt Damon). Mas a participação dela se restringe apenas em fazer biquinhos durante o filme todo.

Os filmes da franquia nunca se propuseram a serem produções ambiciosas e cheias de trucagens. A proposta sempre foi fazer uma comédia leve e despretensiosa sobre amigos que se divertem executando roubos audaciosos, somente isso. No entanto, “Treze Homens e Um Novo Segredo” soa um pouco repetitivo.

O elenco de estrelas já é motivo para ir conferir o longa, só que o problema deste terceiro filme está na falta de empenho do roteiro e dos atores em manterem o mesmo nível de graça das outras produções, o que é uma pena. Claro que há momentos engraçados no filme, como a prótese de nariz que Linus usa, que é apelidada de “Brody”, uma piada em relação ao nariz grande do ator Adrien Brody (“O Pianista”) e quando Rusty (Brad Pitt) flagra Danny assistindo ao programa feminino da apresentadora Oprah Winfrey. Mas a sensação é de desgaste, de que está faltando algo. Eles acabaram perdendo o fôlego.

Por outro lado, o filme é um show de direção de Steven Soderbergh, que resgata o clima dos filmes dos anos 60, com a uma animação super colorida na abertura, o uso de letreiros ao longo do filme e a divisão da tela para mostrar vários acontecimentos ao mesmo tempo. O diretor utiliza variados enquadramentos e movimentos de câmera não convencionais. E ele retoma o uso de diferentes tonalidades de cores na fotografia, como fez no filme “Traffic”. Em “Treze Homens e Um Novo Segredo” a fotografia ora é estourada, ora é em tons azulados e avermelhados. O filme é uma bela homenagem de Soderbergh ao clã Sinatra, mas mostra que o 13 nem sempre é um número de sorte.