domingo, 7 de outubro de 2007

DEDO NA FERIDA


A questão da violência vista pela ótica da polícia. A corrupção na corporação provocada pela insolvência moral e financeira da Polícia Militar. É disso que se trata o fenômeno cultural do ano: o filme “Tropa de Elite”. Expressões tiradas da produção como “Pede pra sair!”, “O senhor é um fanfarrão” ou "Põe na conta do papa!", caíram na boca do público.

O filme é a união de uma história intensa, uma câmera nervosa do diretor José Padilha, trilha sonora vibrante e o carisma do ator Wagner Moura interpretando o Capitão Nascimento. Eis a mistura de um ótimo filme que expõe a violência do lado do bem. Um filme intenso, de ações duras e que faz do Capitão Nascimento, um personagem inesquecível no imaginário do público. Um cult.

sábado, 7 de julho de 2007

DE FANTÁSTICO ELES NÃO TÊM NADA

Os super-heróis do “Quarteto Fantástico” erram a mão novamente no segundo filme da série

Atualmente, fazer adaptações de HQs (histórias em quadrinhos) para o cinema se tornou uma coqueluche. Algumas são bem sucedidas, como as trilogias de “Homem-Aranha” e “X-Men”. Outras nem tanto, como “Demolidor – O Homem Sem Medo” e “Hulk”. E há aquelas que são promissoras, mas que acabam não dando em nada. Esse é o caso dos dois filmes da série “Quarteto Fantástico”. O primeiro lançado em 2005, deixou muita gente frustrada e indignada com o tratamento dado a versão dos quadrinhos para o cinema. Enquanto a grande maioria das adaptações trabalha numa vertente mais séria (“Batman Begins” é um ótimo exemplo), “Quarteto Fantástico” vai na contramão, explorando a comédia e as situações cheias de lições de moral para o público juvenil.

Com o segundo filme, “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado”, os produtores e roteiristas, acrescentaram um outro personagem das HQs, o enigmático Surfista Prateado, na tentativa de trazer seriedade para a trama. Isso não resolveu o problema. Só fez com que ele passasse vergonha ao lado do Quarteto, formado por Reed Richards/Sr. Fantástico (Ioan Gruffudd), que tem a habilidade de esticar o corpo como borracha; Sue Storm/Mulher Invisível (Jessica Alba); Johnny Storm/Tocha Humana (Chris Evans) e Bem Grimm/O Coisa (Michael Chiklis), que tem o corpo feito de pedra. Em um certo momento do filme, os quatro resgatam o Surfista Prateado. Ele está todo debilitado. Então o Sr. Fantástico, Tocha e O Coisa começam a discutir sobre quem vai pilotar a nave. É triste ver o Surfista com dor e eles perdendo tempo com besteiras. A cena é vexamimosa.

Na nova aventura, o alien Surfista Prateado vem à Terra para destruí-la. Ele tem o poder de alterar o clima e deixar crateras por onde passa. Cabe ao Quarteto impedir que isso aconteça. Dr. Destino (Julian McMahon), o vilão do primeiro filme, retorna para ajudar os heróis com informações preciosas sobre o misterioso alien. É claro que as intenções do Dr. Destino não são nada boas e por isso, o Surfista Prateado e o Quarteto vão juntar forças para acabar com ele e evitar que o planeta seja extinguido.

A meta dos blockbusters é sempre ganhar muito dinheiro nas bilheterias. Com isso, os produtores tentam a todo custo, lançarem os filmes com uma classificação etária baixa, para um maior número de pessoas poder ir assisti-las. Resultado: os filmes ficam mais infantis, sem cenas fortes e com histórias bem “mastigadas”, apelando para as gracinhas. “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” é uma produção muito ingênua. Os diálogos sobre a destruição do planeta são bobos. O filme agora explora a vida de celebridade dos heróis, já que eles não mantêm a identidade em segredo como outros personagens dos quadrinhos. Eles são grandes estrelas, posam para fotos com os fãs e dão entrevistas. Reed e Susan vão se casar e a mídia cobre o acontecimento a exaustão em jornais e programas televisivos de fofoca.

A produção se preocupa mais em ser engraçado ao mostrar os heróis usando os seus poderes, do que com a história em si. O enredo não se desenvolve. Quando o grande enfrentamento entre o Quarteto, o Surfista Prateado e Dr. Destino acontece, o desenlace se resolve rapidamente e quando o espectador se dá conta, o filme já acabou. Além disso, a produção conseguiu um feito incrível: deixar Jessica Alba feia. Ela está horrorosa com o cabelo num tom amarelo estranho e lentes de contato azuis, que deixou a atriz com um visual artificial.

O problema também está na escolha de Tim Story para dirigir o filme. Responsável por outras bombas como “Taxi” e “Uma Turma do Barulho”, o diretor não tem experiência e criatividade para conduzir uma super produção como essa.

O filme não funciona no cinema, ele se adapta melhor na Sessão da Tarde na televisão, no qual o espectador não está muito atento a história e que se levanta durante os intervalos. “Quarteto Fantástico” deveria ter ficado nas histórias em quadrinhos e na série de desenhos animados, pois a versão em carne e osso, realmente não convence. Os poderes dos super-heróis é até algo divertido. Eles têm a capacidade de esticar o corpo, ficar invisível, criar fogo num estalar de dedos e ser resistente como uma rocha. E pode ser uma coisa legal de se ver. Mas quando eles resolvem usar esses poderes para salvar o mundo, é difícil levá-los a sério.

domingo, 1 de julho de 2007

UMA QUESTÃO DE CLASSE

Amigos dentro e fora das telas, os galãs George Clooney, Brad Pitt e Matt Damon esbanjam charme e sofisticação no novo “Treze Homens e Um Novo Segredo”

“Onze Homens e Um Segredo” (2001), “Doze Homens e Um Outro Segredo” (2004) e agora, “Treze Homens e Um Novo Segredo”. George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Don Cheadle, Bernie Mac e Andy Garcia pegam carona na onda das trilogias e retornam para a terceira e provável última parte da história do grupo de amigos que aplicam golpes milionários.

Após diversas críticas ao segundo filme, o elenco e o diretor Steven Soderbergh resolveram encerrar a franquia com classe, prestando uma grande homenagem ao filme que originou a série de sucesso, a produção “Onze Homens e Um Segredo”, de 1960, estrelada por Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr, Peter Lawford e Joey Bishop. Na época eles formaram o famoso “Rat Pack”, que era um apelido dado a um grupo de amigos populares que trabalhavam juntos e tinham um estilo de vida regado à mulheres, whisky e confusões. Com Clooney e companhia, o apelido persiste.

Os filmes da série são uma mera desculpa para eles se reunirem no set de filmagem e se divertirem. A química entre os atores é explícita e não é nada mal ver o elenco de colírios da foto acima esbanjando charme, destilando diálogos absurdos, vestindo ternos de grife e comendo e bebendo do melhor. Fora das telas é da mesma forma. Os amigos desfrutam de férias na mansão de Clooney no Lago Como, na Itália, passeiam de iate pela Europa e passam a noite jogando pôquer.

Desta vez, a justificativa para os atores se reunirem não é o dinheiro e sim a vingança. Reuben Tishkoff (Elliot Gold), um dos membros da gangue de Danny Ocean (George Clooney), sofre um ataque cardíaco após ser enganado por um antigo colega, o magnata Willy Bank (Al Pacino), que vai inaugurar um novo cassino, chamado The Bank.

O plano do grupo é arruinar a inauguração, fazendo com que os jogadores faturem alto durante uma falha no equipamento de segurança do cassino. Terry Benedict (Andy Garcia), grande rival de Danny nos filmes anteriores, se junta ao bando para também se vingar de Bank, por ele ter tomado a liderança nos negócios de jogos em Las Vegas.

Nos três filmes da série, a presença feminina é mínima. Julia Roberts que interpreta a esposa de Danny, agora ficou de fora da história. Catherine Zeta-Jones, que fez uma aparição insossa no segundo filme, também não retornou. Agora é a cinquentona Ellen Barquin que surge em cena como Abigail Sponder, braço direito de Bank e “papa-anjo” que dá em cima de Linus (Matt Damon). Mas a participação dela se restringe apenas em fazer biquinhos durante o filme todo.

Os filmes da franquia nunca se propuseram a serem produções ambiciosas e cheias de trucagens. A proposta sempre foi fazer uma comédia leve e despretensiosa sobre amigos que se divertem executando roubos audaciosos, somente isso. No entanto, “Treze Homens e Um Novo Segredo” soa um pouco repetitivo.

O elenco de estrelas já é motivo para ir conferir o longa, só que o problema deste terceiro filme está na falta de empenho do roteiro e dos atores em manterem o mesmo nível de graça das outras produções, o que é uma pena. Claro que há momentos engraçados no filme, como a prótese de nariz que Linus usa, que é apelidada de “Brody”, uma piada em relação ao nariz grande do ator Adrien Brody (“O Pianista”) e quando Rusty (Brad Pitt) flagra Danny assistindo ao programa feminino da apresentadora Oprah Winfrey. Mas a sensação é de desgaste, de que está faltando algo. Eles acabaram perdendo o fôlego.

Por outro lado, o filme é um show de direção de Steven Soderbergh, que resgata o clima dos filmes dos anos 60, com a uma animação super colorida na abertura, o uso de letreiros ao longo do filme e a divisão da tela para mostrar vários acontecimentos ao mesmo tempo. O diretor utiliza variados enquadramentos e movimentos de câmera não convencionais. E ele retoma o uso de diferentes tonalidades de cores na fotografia, como fez no filme “Traffic”. Em “Treze Homens e Um Novo Segredo” a fotografia ora é estourada, ora é em tons azulados e avermelhados. O filme é uma bela homenagem de Soderbergh ao clã Sinatra, mas mostra que o 13 nem sempre é um número de sorte.

domingo, 24 de junho de 2007

SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO

Em “Shrek Terceiro”, o ogro verde enfrenta o dilema de aceitar ou não a coroa de rei

Shrek e companhia estão de volta para mais uma aventura em “Shrek Terceiro”. E esse título tem a ver com a nova história, pois o Rei Harold, pai de Fiona, está muito doente e o reino Tão Tão Distante precisa de alguém para ocupar o trono. Shrek é o forte candidato. O problema é que ele não está nem um pouco interessado nesta vida luxuosa: morar num castelo, ter tratamentos de beleza e cumprir o calendário da realeza inaugurando navios e comparecendo a cerimônias com desconfortáveis trajes de gala. O ogro verde quer mesmo é regressar para o seu adorável pântano com a princesa Fiona e desfrutar de seus costumeiros banhos de lama.

No leito de morte, o Rei Harold menciona o nome do sobrinho, Arthur Pendegron, para ser um possível herdeiro da coroa. Shrek, aliviado com a possibilidade de se livrar desse fardo, parte numa viagem com seus fieis escudeiros Burro e Gato de Botas, para buscar Artie. O destino é a escola onde o primo de Fiona estuda. Ele é o típico “loser” do colegial, pois Artie não é popular com as garotas, é péssimo nos esportes e é sempre alvo de piadas e pegadinhas. Ele não tem o perfil de um rei, não faz ideia de quais as funções dele e se esquiva da situação como todo adolescente rebelde. Shrek é claro, vai fazer de tudo para convencer Artie do contrário.

Com a vaga do reino em aberto, Príncipe Encantado, agora um ator de teatro fracassado, vê novamente a grande oportunidade de conquistar o posto de rei que sempre desejou. Ele, juntamente com outros vilões dos contos de fadas como, Bruxa Má, Capitão Gancho e o Cavaleiro Sem Cabeça, decidem se apoderar da cidade. Fiona e as amigas Cinderela, Branca de Neve, Bela Adormecida, Rapunzel e Irmã Feia, vão lutar contra eles e tentar impedir a tomada do poder.

Os personagens coadjuvantes têm ganhado mais espaço a cada filme e eles se tornaram as grandes estrelas da produção. Burro reina absoluto com seu jeito tagarela e suas ótimas tiradas. O Gato de Botas, que conquistou a todos com seu olhar de coitado em “Shrek 2”, tem no novo filme o mesmo espaço que Burro. O restante da trupe formada por Pinóquio, Homem-Biscoito, Lobo Mau, Os Três Porquinhos e Os Três Ratinhos Cegos rendem os melhores momentos da produção. A cena em que Pinóquio tenta não mentir para o Príncipe Encantado sobre o paradeiro de Shrek é simplesmente hilária.

Os filmes da franquia sempre lidaram com a questão universal do amor. No primeiro filme, Shrek teve de aprender a amar a si mesmo para poder amar Fiona. Neste terceiro filme, ele deve aceitar a paternidade para amar seus futuros filhos. A princesa está grávida e a notícia cai como uma bomba para Shrek. Ele preferia a vida de recém-casado, só os dois. Na produção se discute esse assunto, sobre a pressão que o homem sofre para constituir uma família e a responsabilidade se ser pai. O Burro e a Dragão saíram na frente, eles tiveram cinco filhos. Burro é o primeiro a animar o futuro papai. A relação tempestuosa do ogro com o jovem Artie serve como um treino para os filhos que irão vir.

Só para adultos
“Shrek Terceiro” e os outros filmes da série estão longe de serem produções genuinamente infantis. As animações realizadas atualmente conseguem agradar a todas as faixas etárias. Já foi o tempo que os pais se martirizavam ao acompanhar seus filhos nas matinês da vida. Na indústria cinematográfica americana está havendo uma inversão de papéis, já que os filmes infantis estão ficando adultos.

Os roteiros de “Shrek” são concebidos de maneira que seu variado público aprecie o filme de diferentes formas. Enquanto as crianças se divertem com as trapalhadas dos personagens, os jovens e adultos se deleitam com o conteúdo repleto de piadas, ironias, referências e sátiras à sociedade. Shrek é o herói politicamente incorreto, que se assemelha aos personagens de desenhos adultos como, Homer Simpson de “Os Simpsons” e Peter Griffin de “Uma Família da Pesada”.

Fazer referências é o forte da franquia, tanto que se o espectador não estiver muito atualizado sobre a cultura pop, algumas piadas passam batidas. Desta vez se faz referência ao filme “Jerry Maguire - A Grande Virada”, quando Shrek repete a famosa frase da personagem de Renée Zellweger: “Você me ganhou no oi”. A música tema do longa “Kill Bill: Volume 1” está presente quando Fiona e as amigas atacam os vilões. Quando as lojas de Tão Tão Distante são saqueadas, um homem muda o nome de uma delas para “Hooters”, que é um famigerado bar, em que as garçonetes tem certos atributos generosos.

Também se faz alusão aos filmes “Piratas do Caribe”, com o navio em que Shrek, Burro e Gato de Botas viajam e à “Harry Potter”, com o professor de magia de Artie. Ainda se faz referência a moda das celebridades em batizarem os filhos com nomes incomuns. Os nomes das crias do Burro: Coco, Amendoim e Banana são uma brincadeira com o nome da filha da atriz Gwyneth Paltrow, que se chama Apple (maçã), da filha de Julia Roberts, Hazel (avelã) e da atriz Courteney Cox Arquette, chamada Coco.

O filme ainda satiriza vários clichês do cinema, como a música triste para a reconciliação de Shrek e Artie. O som de bateria e trombone ao final de uma piada. Uma mulher histérica que leva um tapa no rosto para se recompor, dentre outros momentos. Enfim. São inúmeros os motivos para ir assistir “Shrek Terceiro”. Em sua terceira parte, ele não perde a força, mantendo o mesmo nível das outras produções. Um quarto filme já está a caminho, anunciado para 2010 e a curiosidade fica por conta de quais serão as próximas piadas da turma do Shrek.

domingo, 17 de junho de 2007

O NOME DELE É SUCESSO

Jerry Bruckheimer é um dos produtores mais bem sucedidos de Hollywood, responsável pelo mega-hit do momento "Piratas do Caribe-No Fim do Mundo"

Atualmente, "Piratas do Caribe-No Fim do Mundo" é o filme mais visto no país. Esse sucesso todo não se deve as suas incríveis cenas de ação, nem aos atores Johnny Depp e Orlando Bloom, e sim a uma pessoa que nem aparece no filme, mas que está por trás das câmeras, o produtor Jerry Bruckheimer. Ele mudou a imagem do produtor de filmes, função essa que ninguém sabe direito qual é e muito menos o nome dele. Bruckheimer se tornou uma marca, sinônimo de diversão. Seu apelido é um tanto sugestivo: Sr. Blockbuster, pois esse é o termo usado para aquelas produções milionárias que ultrapassam os 100 milhões de dólares em faturamento.

Uma frase famosa dele é a seguinte: “Nós trabalhamos no negócio de transportes. Nós transportamos o público para um outro lugar”. E isso é do que se trata a indústria do cinema, fazer filmes para as pessoas entrarem num mundo de magia e esquecerem suas vidas naquelas duas horas que passam dentro da sala escura do cinema. E isso é o que Bruckheimer faz de melhor, com uma receita bem simples: entretenimento puro com histórias fantásticas, grandes astros e muita ação para o púbico relaxar e não ficar refletindo sobre a história.

Nos anos 80, ele juntamente com seu antigo parceiro, o produtor Don Simpson (que morreu em 1996, vítima de overdose), reinventou o gênero de ação com os ingredientes acima, nos filmes "Um Tira da Pesada I" e "II" e "Top Gun-Ases Indomáveis", que levaram Eddie Murphy e Tom Cruise ao estrelato. Com o diretor Michael Bay fez uma rentosa parceria nas produções "Os Bad Boys" (1995), "A Rocha" (1996), "Armageddon" (1998), "Pearl Harbor" (2001), "Bad Boys II" (2003) e a adaptação do videogame "Prince of Persia: Sands of Time", que estréia em 2009.

Outras produções de destaque na carreira de Bruckheimer são "Inimigo do Estado" (1998), com Will Smith, o drama "Falcão Negro em Perigo" (2001), a comédia juvenil "Canguru Jack" (2003) e "A Lenda do Tesouro Perdido" (2004), que terá sua continuação estreando em janeiro do ano que vem.

Sem dúvida nenhuma, a franquia "Piratas do Caribe" é a cria favorita do produtor. Em 2003 ele decidiu se arriscar ao produzir um filme do gênero pirata, que estava totalmente desacreditado por causa de fiascos produzidos anteriormente, como "A Ilha da Garganta Cortada" (1995). Mas hoje, o gênero está em evidência graças ao fenômeno "Piratas."

Outra incursão de sucesso de Bruckheimer é na televisão. Ele expandiu seus horizontes para a telinha com os seriados investigativos "C.S.I" e seus spin-offs (seriados derivados) "C.S.I: Miami" e "C.S.I: NY", além de "Without a Trace", "Cold Case", "Close to Home" e até em reality show, com o premiado "The Amasing Race". Ao 62 anos e uma filmografia que contabiliza mais de 3 bilhões de dólares em caixa, vai ser difícil ver Bruckheimer se aposentando tão cedo.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

QUERIDO FRANKIE


Ainda em cartaz na cidade, a aventura épica "300", traz como protagonista, o ator Gerard Butler como o intenso Rei Leônidas. E nas locadoras há um DVD estrelado pelo galã, que merece ser descoberto. É uma produção filmada na terra natal do ator, Glasgow, Escócia, chamada "Querido Frankie". No filme, para compensar a ausência do pai de Frankie, sua mãe Lizzie (Emily Mortimer de "Match Point-Ponto Final"), escreve cartas fictícias em nome do pai do menino, que supostamente trabalha em um navio.

Tudo muda quando um navio chega ao porto da cidade. É quando Butler entra em cena como um homem misterioso que é contratado por Lizzie para fingir ser o pai do garoto durante o período que o navio estiver ancorado. A relação criada entre o estranho e Frankie é simplesmente adorável. O filme é carinhoso e terno, é melodramático sem ser piegas e emocionante na medida certa. "Querido Frankie" é cativante e verte lágrimas “a rodo”, mas que são lágrimas de enlevo. Ele é uma grata surpresa que vai te conquistar.

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

MICHAEL MOORE E COMPANHIA: DOCUMENTÁRIO COMO INSTRUMENTO DE DENÚNCIA


O documentário é um gênero em que se narra algo por meio do som, no qual se estabelecem afirmações sobre o eu e/ou o mundo pelas imagens, por intermédio da câmera. Ao assistir a um determinado filme, o espectador consegue distinguir o que é ficção e o que é documentário. A ficção é uma trama com personagens que entretém o público. O documentário é uma forma de representação feita por asserções.

Dentro do documentário existem quatro quadros estilísticos e modos de representação:

Estilo:
1.Poético: representação do mundo urbano ou voltado para as asserções sobre o eu.
2.Clássico: uso da voz over, imagens de arquivo, música e encenação.
3.Moderno: dividido em direto (imparcialidade, ideologia, voltado para o acaso) e verdade (interatividade por meio de entrevista. Reflexão).
4.Contemporâneo: dividido em cabo (asserções temáticas. Mostra o que aconteceu) e autoral (em função do diretor. Voz na 1° pessoa).

Representação:
1.Expositivo: narração e comentários em voz over.
2.Observacional: não intervenção da equipe técnica. Evita entrevistas, comentários, letreiros, etc.
3.Interativo: intervenção do cineasta.
4.Reflexivo: uso de ironia, sátira e intervenção ativa do cineasta.

Hoje, os documentários se tornaram coqueluche. Não é preciso muitos recursos para se fazer um e com isso, muitas vezes, os cineastas acabam realizando produções com temas banais. Mas outros tiram proveito dessa facilidade para discutir temas palpitantes. Aí está uma forma inteligente de usar a linguagem do documentário para denunciar.

Os documentaristas fazem asserções sobre questões problemáticas do mundo. Esses problemas são contados aos espectadores para mostrar fatos que aconteceram ou acontecem e levá-los a uma reflexão a respeito. Nesses documentários, o estilo mais utilizado é o cinema-verdade, no qual há interatividade por meio de entrevistas sobre um determinado tema, gerando assim, a reflexão por parte do espectador.

Nos últimos anos têm sido lançados ótimos exemplares desse estilo de documentário. O nacional “Ônibus 174”, de José Padilha mostra o desenrolar trágico do sequestro de um ônibus no Rio de Janeiro em 2000. O diretor se aproveita deste caso para analisar a violência nas grandes cidades.

“The Corporation” examina o conceito, evolução e impacto das grandes corporações nos Estados Unidos, além do poder delas na vida da população. Em “Super Size Me – A Dieta do Palhaço”, o diretor Morgan Spurlock faz uma análise dos hábitos alimentares dos americanos. Ele se submete a passar um mês comendo somente fast food da rede de lanchonetes McDonald’s mostrando as consequências desse hábito.

O australiano “Kidnapped” tenta desvendar o motivo do desaparecimento de 13 japoneses entre os anos 70 e 80. Uma das suposições a que se chega é de que eles foram sequestrados por espiões da Coreia do Norte, como parte de um complô do líder Kim Jong II. Este ano foi lançado nos Estados Unidos, “Uma Verdade Inconveniente”. Durante a campanha presidencial de Al Gore, são questionados problemas ambientais como o aquecimento global.

Esses são apenas alguns exemplos, mas no meio de muitos, com certeza, um grande representante desse modelo de documentário é o diretor Michael Moore. Nascido em Flint, Michigan, nos EUA, ele estudou Jornalismo e depois passou a se dedicar à carreira de cineasta. Seu primeiro documentário foi “Roger e Eu” (1989), no qual investiga o fechamento da General Motors em sua cidade natal e o que isso acarretou ao município. A produção mostra as diversas tentativas de Moore em falar com o presidente da companhia.

No seu primeiro filme, o cineasta mostra uma característica que seria sua marca registrada em seus próximos trabalhos: ser a “pedra no sapato” de políticos, instituições e grandes corporações, expondo sua opinião com uma boa dose de ironia e sarcasmo. Depois ele alternou produções para o cinema, vídeo e televisão, como “The Big One”, “TV Nation” e “The Awful Truth”. Em 2002, o diretor ganhou o Oscar de melhor documentário de longa-metragem por “Tiros em Columbine”.

Os filmes de Moore seriam uma mescla dos estilos clássico, moderno e contemporâneo. Dentre os modos de representação as produções se encaixam nos modelos expositivo, interativo e reflexivo. O último e mais badalado trabalho do diretor, “Fahrenheit 11 de Setembro” (2004), serve bem para exemplificar o trabalho de junção de estilos e modos de representação citados anteriormente.