(São Paulo, BR Press) - "Os contos de fadas contam
histórias imaginárias. Eu, ao contrário, sou uma personagem real. Eu
existo! Se contassem minha vida de mulher real, finalmente descobririam o
verdadeiro ser que sou". São palavras de Grace Patricia Kelly, uma
menina que nasceu em Filadélfia, fez carreira no cinema, se tornando
musa de Alfred Hitchcock, e que largou tudo para ser princesa de Mônaco.
A fascinante história dessa mulher é contada na exposição Os Anos
Grace Kelly, Princesa de Mônaco. Os 1200 m2 do Museu de Arte Brasileira,
da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), se dividiu em 12 salas -
cada uma contando um pedaço da vida de Kelly, por meio de quase 900
objetos.
O príncipe de Mônaco, Albert II, filho de Grace Kelly, esteve, na
última quarta (04/05), na abertura da exposição para convidados. Ele
teve a oportunidade de rever os objetos, alguns pertencentes à história
dele. A exibição Os Anos Grace Kelly, Princesa de Mônaco abriu para o
público nesta quinta (05/05), e fica em cartaz até 10 de julho.
Infância e juventude
Nas salas Filadélfia e Nova York, os visitantes podem ver filmes
caseiros, álbuns de fotos e as certidões de nascimento e de batismo de
Kelly, nascida em Filadélfia, no dia 12 de novembro de 1929.
Na adolescência, ela tinha um álbum onde colava itens do dia a dia,
como embalagem de chiclete, figurinhas e guardanapos. Em 1947, a moça
partia para Nova York, para estudar artes dramáticas.
Hollywood
Em 1950, Kelly estreava em Hollywood, na série de TV Believe It or
Not. No ano seguinte, atuava num papel secundário em seu primeiro
longa-metragem: Fourteen Hours. No faroeste Matar ou Morrer (High Noon,
1952), dividia os créditos com Gary Cooper.
A carreira de Kelly deslanchou a partir da primeira parceria com o
diretor Alfred Hitchcock, em Disque M Para Matar (Dial M for Murder,
1954), com quem ainda trabalhou em Janela Indiscreta (Rear Window, 1954)
e Ladrão de Casaca (To Catch a Thief, 1955).
Ela quase estrelou Marnie - Confissões de uma Ladra (Marnie, 1964) -
como pode-se ver na exposição, uma carta escrita por Hitchcock à sua
musa, oferecendo o papel principal. Kelly, então princesa, chegou a
aceitar, mas os cidadãos de Mônaco se opuseram à ideia de ver sua
princesa vivendo uma ladra na tela.
No estúdio Metro-Goldwyn-Mayer (MGM), Kelly trabalhou em três filmes:
Tentação Verde (Green Fire, 1954), O Cisne (The Swan, 1956) e Alta
Sociedade (High Society, 1956). Como Kelly iria se casar com o príncipe
Rainier III, ela quebrou o contrato com o estúdio, que previa mais um
filme com a atriz.
As salas Hollywood e Hitchcock são dedicadas a essa breve - mas
marcante - carreira de Kelly no cinema. Uma oportunidade rara para os
visitantes é conferir a estatueta do Oscar que ela ganhou por Amar É
Sofrer (The Country Girl, 1954) e a cadeira de rodas usada por James
Stewart, no suspense Janela Indiscreta.
Conto de fadas
Nas salas Encontro e Casamento, estão expostas fotos e vídeos sobre o
rendez-vous de Kelly com o futuro marido, príncipe Rainier III e o
comentado matrimônio. Na visita da atriz ao Palácio de Mônaco, numa
pausa que fez na divulgação do longa Ladrão de Casaca, no Festival de
Cannes, em 1955, Kelly teve um breve encontro com o príncipe, no qual os
dois trocaram endereços.
Em 19 de abril de 1956, o casamento real acontecia, com Kelly usando
um vestido de noiva criado por Helen Rose, figurinista da MGM, feito com
seda, renda bordada e pérolas cultivadas. Neste dia, a atriz se tornava
princesa Grace de Mônaco. O famoso vestido está na exposição e foi um
dos itens mais cultuados pelo público na noite de abertura, pois foi
inspiração para o modelo usado por Kate Middleton, no casamento com o
príncipe William.
Moda e estilo
Outras salas bastante badaladas na exibição foram as Bailes, Glamour e
Princesa, dedicadas à simplicidade americana e à elegância
aristocrática na forma de Grace se vestir. 23 vestidos usados por ela
nos diversos bailes do principado estão expostos, para o deleite do
público, em especial as mulheres. Cada um deles parecem obras de arte,
desenhados por Christian Dior, Yves Saint-Laurent, Cristobal Balenciaga,
Maggy Rouff e outros estilistas.
A administradora Sandra Sanchez, presente na noite de abertura da
exposição, ficou encantada com o que viu: "Superou as minhas
expectativas. Como eu gosto muito de moda, o que mais me impressionou
foram os vestidos. Eles são maravilhosos! O guarda-roupa dela é
fantástico, principalmente os vestidos de Christian Dior. Lindos! Quando
eu entrei na sala fiquei maravilhada. E o vestido de noiva? Fiquei até
sem ar quando olhei para ele, digno de uma princesa".
Além das roupas, Grace ficou famosa pelos chapéus criados por Jean
Barthet, as joias Cartier e a icônica bolsa Hermés, que ganhou o nome
Kelly, após a princesa usar um modelo de couro marrom da marca. Criado
em 1930, o acessório serviu para representar a transformação de vida das
mulheres ao ganharem independência.
Um pouco mais de Grace
As três salas restantes: Jardim Particular e Mulher Secreta,
Maternidade e Família e Real tratam do lado pessoal da princesa,
apaixonada por flores e dedicada aos três filhos, Caroline, Albert e
Stéphanie, em paralelo aos compromissos do principado.
A exposição apresenta ao público uma jornada fascinante. Os contos de
fadas são imaginários e a vida de mulher real que a atriz e princesa
teve é merecida de ser contada e vista de perto. Assim, cada visitante
descobrir uma faceta dessa lady que foi Grace Kelly.