sábado, 27 de novembro de 2010

SAGA BRASILEIRA


Sandi Adamiu, diretor da distribuidora de "A Saga Crepúsculo" revela detalhes das filmagens de "Amanhecer - Parte 1" no Rio de Janeiro

Fãs aos gritos, ruas interditadas, forte esquema de segurança... No início deste mês, o Rio de Janeiro ficou assim por cinco dias em função da barulhenta passagem dos astros Robert Pattinson e Kristen Stewart pelo país. Os dois vieram para realizar parte das filmagens de "Amanhecer - Parte 1", quarto capítulo da Saga Crepúsculo, que estreia dia 18 de novembro de 2011.

Quem acompanhou as filmagens de perto foi Sandi Adamiu, diretor da Paris Filmes, distribuidora dos filmes da "Saga" no Brasil. Na entrevista a seguir ele fala como foram as negociações para fazer do Brasil, cenário para a produção e os bastidores das filmagens. Ele ainda revela que o clima no set foi de puro romance entre os protagonistas da "Saga".

Em entrevista ao site "Pipoca Moderna", Sérgio Sá Leitão, presidente da RioFilme disse que as negociações para as filmagens de "Amanhecer - Parte 1" no Brasil surgiram no American Film Market de 2009. Foi lá que tudo começou?
Na verdade isso começou um pouco antes quando o Leonardo Monteiro de Barros, da Conspiração Filmes me ligou e disse que no quarto livro da série, Amanhecer, a lua de mel dos personagens [Edward e Bella] se passava no Brasil. Assim eu entrei em contato com a Summit Entertainment [produtora e distribuidora dos filmes da Saga nos Estados Unidos], que é a nossa parceira para tentar fazer a filmagem aqui. O Sérgio Sá Leitão e o Steve Solot [presidente do Rio Film Commission] se prontificaram e trabalharam em conjunto de uma forma muito bacana, no qual eu ofertei uma série de vantagens para se filmar no Rio de Janeiro, que seria ajuda de infra-estrutura e logística. No American Film Market tivemos um almoço com os produtores da Summit, Steve, Sérgio e o cônsul do Brasil em Los Angeles. A conversa começou ali e se desenvolveu muito bem.

Leitão também disse que o fator decisivo para as filmagens acontecerem no Brasil foi em função do Rio Film Commission.
O Rio Film Commission ainda não existia, mas como o Steve conhece muito o negócio, ele acabou fazendo o Rio Film Commission nascer. Steve nos apoiou desde o começo. Ele ajudou mostrando que existe o Rio Film Commission e que há estrutura de um Film Commission, como tem no mundo todo, que auxilia a produção de filmes. Isso é desde a contratação de figurantes até fechar o bairro da Lapa, que é o que foi feito no caso de Amanhecer, junto com a prefeitura e o RioFilme.

Qual foi o papel da Paris Filmes na negociação?
O nosso papel foi apoiar e dar suporte para a Summit fazendo essa ponte entre eles e o RioFilme e o Rio Film Commission. Todos os filmes da Summit são distribuídos no Brasil por nós. Somos amigos, o Patrick Wachsberger, presidente da empresa já esteve aqui há um ano e meio quando já tínhamos essa vontade de trazer as filmagens para o Brasil. Mostrei todas as ideias e ele realmente gostou e nos defendeu no estúdio e isso fez a diferença também. Para nós foi um ótimo marketing.

Os produtores do filme vieram ao Brasil para conhecer as locações, não é mesmo?
Ao todo eles fizeram três viagens ao Brasil para conhecer tudo. O diretor de fotografia [Guilhermo Navarro] veio também. Eles filtraram e escolheram quais seriam as locações mais interessantes. Foi o chamado location scouting.

A negociação de locações para a filmagem levou quanto tempo?
Foi entre 1 ano e meio a dois anos.

Quanto foi gasto para as filmagens de "Amanhecer" no Rio de Janeiro?
O orçamento foi de US$ 3,5 milhões.

"Amanhecer" teve quantos dias de filmagem?
No Rio de Janeiro foi um dia de filmagem. As locações foram a Marina da Glória e o bairro da Lapa. Na Lapa foi muito legal. Tinha mais de 350 figurantes. Foi fechado três quarteirões. A filmagem começou à noite e foi até às 5 da manhã. O povo carioca estava feliz da vida. Os figurantes dançavam, se divertiam... Então o filme vai passar o clima de alegria da Lapa. Em Paraty foram quatro dias de filmagens. Na história do filme, o Edward ganha da mãe a Ilha Esme. Eles estão de passagem pelo Rio de Janeiro e vão para essa ilha. A locação para a Ilha Esme foi Paraty. Na verdade a casa da locação é de um amigo meu. Ele abriu uma exceção e alugou a casa para a filmagem. Também foi alugada uma casa próxima à cinco minutos de barco da locação, para os atores ficarem hospedados. Lá tinha piscina, uma cozinha legal e eles comeram muita comida brasileira.
Você esteve nas locações do filme. Quais foram as suas impressões?
O set era impressionante. Foi uma experiência única! A equipe é muito profissional. Os atores fizeram as cenas quantas vezes fossem necessárias. Eu fiquei impressionado em ver a forma como a equipe trabalhava.

Você chegou a conversar com os astros do filme, Robert Pattinson e Kristen Stewart?
Os atores estavam muito restritos. Eles só cumprimentavam. Robert e Kristen estavam num clima romântico total. Eles ficaram hospedados no mesmo quarto no Rio e em Paraty ficaram na mesma casa. Para o filme isso é impagável. Eles estão em lua de mel de verdade no Brasil e também fazem uma lua de mel no filme (risos).

No fim, tudo deu certo nas filmagens?
Sim, ficamos muito felizes, depois de dois anos de trabalho em conjunto com a Total Filmes, RioFilme e o Rio Film Commission. Nosso único problema foi O Impostor [quadro do programa humorístico "Pânico na TV"] que fez um antimarketing e criou um problema para nós. Nós fizemos um marketing positivo para o Rio de Janeiro, mas a atitude do "Pânico" gerou um antimarketing muito maior. O Impostor entrou na casa, fez imagens e o que nós percebemos é que ele não invadiu o set, pois isso era impossível. Ele comprou alguém de dentro que filmou tudo e vendeu a imagem para o Impostor. Eu achei feio ele corromper uma pessoa e ainda invadir um espaço reservado.

Em 2009, Kristen Stewart e Taylor Lautner vieram à São Paulo promover "A Saga Crepúsculo: Lua Nova". Foi uma visita rápida. Há chance do elenco vir ao Brasil para lançar "Amanhecer - Parte 1"?
É uma possibilidade, pois os atores gostaram do Rio de Janeiro. Eles curtiram Paraty, entraram no mar... Robert e Kristen até comentaram que fazia mais de um ou dois anos que eles não tinham aquele tipo de privacidade, de ficar em paz em um lugar. Lá eles estavam realmente isolados e tiveram tranquilidade. Eles precisam querer vir e o estúdio precisa organizar uma turnê internacional. O Brasil tem que ser um dos destinos com certeza. Mas os fãs da Saga Crepúsculo são fanáticos. Os atores têm medo de sair na rua. Eles são jovens, conheceram o sucesso muito cedo e estão assustados. No Rio de Janeiro eles só saíam para filmar e o restante do tempo ficavam no quarto. Diferente do Vin Diesel que estava no mesmo hotel, fazendo festa na piscina todo dia (risos).

Em função do forte assédio dos fãs ficaria mais difícil organizar uma pré-estreia com direito a tapete vermelho para os fãs terem a chance de conhecerem os atores de perto?
Eu acho difícil isso acontecer. O fã da "Saga" é adolescente e adolescente apaixonado é um problema duplo (risos). As fãs gritam, querem encostar no ator, é uma loucura mesmo. Na porta do hotel, elas gritavam, corriam atrás do carro... O fã da "Saga" é doente e isso assusta mais.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ROMANCE, MÚSICA E CIGARROS



Depois do sucesso de "Durval Discos", Anna Muylaert retorna com "É Proibido Fumar". A comédia traz Gloria Pires e Paulo Miklos. Ela é a professora de violão Baby e ele o músico Max. Vizinhos, eles se apaixonam. O único problema é o vício dela pelo cigarro. Anna conversou com NO MUNDO DO CINEMA sobre o filme já a venda. Confira!

Você tem uma vasta experiência como roteirista. Em relação a direção, muda muito a forma de você trabalhar?

Existem mil maneiras de escrever. Tem o escrever para mim mesma e o escrever para os outros. Para mim, escrever e dirigir são um processo único. Meus filmes são muito pessoais... Quando eu escrevo para os outros eu tento me colocar no lugar do outro, o que ele quer, o que gosta e realizar aquilo tecnicamente com coração. Entre roteiro e direção o que muda é que o roteiro é papel, é ideia, uma partitura. Direção é como se fosse uma orquestra. É preciso lidar com várias pessoas e absorver o talento de todas.

De onde veio a inspiração para o triângulo amoroso de "É Proibido Fumar"?
A ideia veio do próprio "Durval Discos", de se trabalhar em algo fechado. De repente me veio a ideia de haver um vizinho na história e depois ter um paralelo entre a dependência afetiva que o Max tem da ex-mulher e a dependência química da Baby. Fiz um paralelo entre o amor e as drogas. Na verdade, essa história demorou alguns anos para ser feita. Eu tinha algumas opções para o rumo da história. O final foi super difícil de ser pensado. O roteiro demorou uns cinco anos para ficar pronto.

"Durval Discos" e "É Proibido Fumar" têm uma trilha sonora como personagem. Fale um pouco sobre a musicalidade presente em seus filmes.
Esses dois filmes são irmãos. O "Durval" eu fiz numa loja de música, que trouxe naturalmente uma discografia com um estilo musical que eu gosto. Em "É Proibido Fumar" a Baby é uma professora de violão. A música de novo veio da própria história do filme. As histórias inspiram e pedem a música. Em "Durval", a trilha representava a loja. Aqui no "Proibido Fumar", o Heitor Villa-Lobos representa a feminilidade e o swing e o ritmo do Jorge Ben Jor representa a masculinidade. O filme é o confronto dessas duas musicalidades.

Quais os extras do DVD de É Proibido Fumar? Tem algo que você destaca?
Tem o making of e cenas deletadas, que são todas cenas que eu amo (risos). Acabamos optando por um ritmo bem pop para o filme. Tem uma cena muito boa da Baby na igreja com as três irmãs, e ela tinha um ataque de tosse... Todas as cenas são realmente lindas.
Agora você está preparando o filme "Que Horas Ela Volta?". Como está o andamento deste projeto?
Ele está bem no começo. O filme já tem roteiro e eu convidei a Regina Case para o papel principal. A história é sobre uma empregada doméstica e a filha. Ela topou. Tivemos algumas reuniões e estamos esperando o resultado de editais. Ainda não existe captação.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

PEDE PRA FICAR!

"Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro" arrasa a bilheteria nacional há sete semanas

Os cinemas do Brasil foram invadidos há sete semanas por "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro". O resultado tem sido devastador para a concorrência e faz do agora Coronel Nascimento, vivido por Wagner Moura, um herói nacional. Até agora, dez milhões de pessoas foram conferir "Tropa" rendendo mais de R$ 90 milhões no caixa.

Nos três primeiros dias de exibição, o filme já havia faturado R$ 14 milhões, valor que nenhuma produção do cinema de retomada havia conquistado. Além da maior estreia desde a retomada, é também a maior abertura de 2010 em renda e público.

"Tropa" se tornou a quarta maior abertura em público em dez anos, deixando para trás "A Era do Gelo 3" e "Homem Aranha". Os recordes não param por aí. Esta semana "Tropa de Elite 2" chegou ao número de dez milhões de espectadores. Em breve ele deve se tornar o filme brasileiro mais visto da história do cinema nacional. O campeão ainda é Dona Flor e seus Dois Maridos (1975) com 10,7 de espectadores. O excelente resultado na bilheteria, pode fazer com que em breve "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro" chegue aos R$ 100 milhões em faturamento elevando a produção ao posto de blockbuster.

NO MUNDO DO CINEMA conversou com Manoel Rangel, diretor-presidente da Agência Nacional do Cinema (Ancine), que comentou sobre a fantástica performance do filme. “O momento que o cinema brasileiro está vivendo é maravilhoso. Aí se destaca o talento da equipe de 'Tropa de Elite 2'. Há um vivo interesse da sociedade brasileira pelo cinema e pela forma como esse filme dialoga com diversos aspectos da realidade brasileira de uma forma muito bem feita. Esse é um momento excepcional em que os filmes mobilizam a sociedade para assistir aos filmes brasileiros".

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

ENGATADO NA PRIMEIRA

George Clooney é um assassino no noir marcha lenta "Um Homem Misterioso "

O galã George Clooney é um homem mil e uma utilidades. Ele é ator, diretor, produtor, roteirista, astro, oscarizado, ativista social. A credibilidade que tem na indústria de Hollywood o permite escolher os projetos que quer fazer sem ter de ouvir a opinião de agentes e produtores de estúdio que empurram blockbusters aos seus astros. Clooney gosta de experimentar e esse é o caso do noir contemporâneo “Um Homem Misterioso”.

Clooney é um assassino que atende pelos nomes Jack e Edward. Ele se esconde numa cidadezinha na Itália para realizar um último trabalho e assim quem sabe conseguir a tão ansiada aposentadoria. O filme segue a estrutura do noir tendo como fio condutor, claro a violência. O assassino é o herói da história. Ele é perseguido por outros assassinos e não pode confiar em ninguém. No seu caminho aparecem algumas femme fatales ambíguas e a sensação é que o pior está por vir.

O filme é charmoso. A trama e a ambientação na cidade com cara de abandonada, com ruas sinuosas e escuras são os ingredientes perfeitos para um suspense noir. Mas nas mãos de Anton Corbijn – diretor de videoclipes e do longa musical “Control”, a receita desanda. O filme acompanha sem pressa a rotina deste assassino, que por sinal é bem enfadonha. Entre um assassinato e outro, o herói faz algumas flexões, bate papo com o padre da cidade, vai a uma cafeteria e se encontra com uma prostituta.Os diálogos são poucos, o silêncio prevalece. “Um Homem Misterioso” é insosso, cheio de trivialidades e sem clímax. Na marcha lenta ele não chega a lugar algum.


sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A HISTÓRIA DE UM HERÓI

Ayrton Senna, ídolo das pistas de Fórmula 1 ressurge no emocionante documentário "Senna"

Um herói luta para ultrapassar obstáculos e enfrenta vilões de frente em nome de um sonho. Uma história com esse enredo daria um filme, certo? Pois é essa história e bem real que ganha as telas no documentário inglês "Senna". O herói da história é o piloto Ayrton Senna, os obstáculos e vilões são os adversários nas pistas de corrida, problemas técnicos do seu carro e a politicagem do duro sistema da Fórmula 1. O sonho dele é ser um campeão.

Essa história de luta, derrotas, determinação e conquistas, muito brasileiros conhecem e acompanharam quinzenalmente aos domingos pelas transmissões das corridas de Fórmula 1. O final dessa história todos sabem que não foi feliz e que poderia ser esquecida, mas a jornada dele essa sim vale a pena ser lembrada. É assim que o documentário conta a incrível história de Senna desde a o começo de carreira no kart até a derradeira corrida no Grande Prêmio de San Marino, na curva Tamburello.

Durante entrevista coletiva para divulgar o filme, Viviane Senna, irmã do piloto e presidente do Instituto Ayrton Senna ficou emocionada ao falar do documentário. “É difícil falar, já vi o filme três vezes e ele é sempre muito emocionante. Ele trouxe um pouco do que o Ayrton era não só dentro das pistas, mas também fora, mostrando todo o lado político e o sistema da Fórmula 1, o lado negro que ele enfrentou durante toda a carreira. Esse foi o principal embate e o Ayrton pagou caro por isso, mas enfrentou não abrindo mão dos valores. Ele lutou muito para correr”.

Para a realização do documentário, a equipe passou alguns anos analisando mais de cincos mil horas de gravações. “Foi um processo longo e difícil. Ninguém teve acesso a muitas sequências que estão do filme. Tivemos sorte por termos tempo para fazê-lo. Não queríamos usar somente cenas que todos já haviam visto na TV, queríamos mostrar o ponto de vista do Ayrton”, explica o diretor Asif Kapadia.

O documentário conta a história de Senna por meio de colagem de cenas e declarações em voz over da irmã dele, Viviane, do jornalista Reginaldo Leme, do dono da equipe Williams, Frank Williams, e outras pessoas que tiveram contato com o piloto. Há também diversas entrevistas de Senna falando da luta contra o sistema da F1, com o piloto Alain Prost e sua paixão por velocidade. O grande atrativo do filme são os momentos inéditos de reuniões de pilotos que rendiam muito bate-boca e imagens caseiras dele com a família. O piloto morreu há 16 anos e depois de todo esse tempo ao ver o documentário nota-se como ele faz falta nas manhãs de domingo.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DIVERSIDADE CINEMATOGRÁFICA

São Paulo vive e respira cinema por duas semanas na 34° Mostra Internacional de Cinema. Filmes de todo o mundo em um só lugar

Se tem uma data que os cinéfilos, em especial os moradores da cidade de São Paulo reservam no calendário, é a da Mostra Internacional de Cinema. Este ano, a 34° edição aconteceu entre 22 de outubro e quatro de novembro com uma seleção de quase 500 filmes de todos os cantos do mundo. A Mostra dá chance ao público conhecer uma diversidade de culturas e nacionalidades.

Sessões, debates e exposições marcaram a programação da Mostra. “Esse ano eu me senti muito vencedora em trazer os desenhos do Akira Kurosawa. Ele sempre foi um dos meus cineastas prediletos. Comemoramos o centenário do Kurosawa em grande estilo com a exposição de 80 storyboards, o lançamento do livro da assistente dele, Teruyo Nogami. Além disso, a Mostra teve a ousadia de fazer uma exibição de 'Metrópolis' no Parque do Ibirapuera com os músicos da Jazz Sinfônica. Isso tudo me deixa feliz, é uma vitória”, contou Renata de Almeida, co-diretora da Mostra.

VARIEDADE
Só na Mostra é possível ver salas de cinema tão cheias, que havia o chamado ingresso para sentar no chão. Isso mesmo! As pessoas pagavam para ver um filme, mesmo que isso significasse sentar no chão. Foi assim nas concorridas sessões de "Um Lugar Qualquer", "Cópia Fiel", "Film Socialisme" e "Vips".

Muita gente correu para ver em primeira mão, produções que logo estreariam no circuito nacional, caso de "Minhas Mães e Meu Pai", "Atração Perigosa", "Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos" e "Machete". Outros tiveram a rara oportunidade de ver filmes que nem devem chegar ao Brasil, como o desafiador "Dharma Guns", o solitário e perverso "Ano Bissexto" ou o polêmico "O Silêncio". A Mostra também exercitou a paciência das pessoas dispostas a passarem mais de duas horas numa sala nas longas sessões de "Mistérios de Lisboa" e seus 272 minutos de duração e "Carlos" e seus incríveis 330 minutos.

A Mostra dura apenas duas semanas e o tempo é pouco para conferir tantas produções. Mas não importa a quantidade de filmes a que se assistiu, mas a qualidade do que se conseguiu ver após correria de uma sala para outra e as longas filas. O que interessa é o espectador se aventurar com diretores consagrados, histórias desconhecidas ou produções badaladas, no qual a Mostra é uma Torre de Babel no qual todos se entendem no escuro do cinema.

PROGRAMA MUDO

Mostra realiza exibição histórica de "Metrópolis"

O Parque do Ibirapuera, lugar de práticas esportivas e passeio se transformou num cinema a céu aberto para a exibição do filme mudo "Metrópolis" (1927). Mais de dez mil pessoas se sentaram no gramado em frente à parede do Auditório do Ibirapuera para conferir a impressionante versão restaurada com 25 minutos de cenas inéditas. Esta foi a segunda exibição na nova versão de "Metrópolis". A primeira foi em fevereiro no Festival de Berlim.O clássico do expressionismo alemão dirigido por Fritz Lang teve acompanhamento da orquestra Jazz Sinfônica, que executou ao vivo a trilha sonora original do filme.

REVELANDO O EXTERIOR


Wm Wenders apresenta série de fotos inéditas em exposição

O cineasta Wim Wenders participou da 34° Mostra para apresentar a exposição “Lugares, Estranhos e Quietos”, composta por 23 fotos inéditas tiradas entre 1983 e 2010 em Berlim, Sicília, Palermo, Tóquio, São Paulo, Salvador e em outras cidades. “Como cineasta eu tenho o privilégio de viajar para vários lugares e alguns locais são impressionantes e ninguém se interessa em vê-los em fotos”, declarou Wenders. As fotos da exposição foram parar em um livro editado pela Imprensa Oficial.

Uma das fotos do cineasta-fotógrafo foi utilizada para estampar o pôster oficial da Mostra, tirada na cidade de Alice Springs, Austrália. “Eu estive lá nos anos 70 e toda noite eu ia neste local assistir a filmes. Depois nos anos 80 eu retornei ao local e vi que não existia mais sessões de cinema, somente a tela. Eu gosto da imagem da tela abandonada, ela evoca a ideia de cinema, por isso eu tirei a foto”. A exposição fica em cartaz até o dia 16 de janeiro de 2011 no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e o valor do ingresso é R$15 e às terças-feiras a entrada é gratuita.

A programação da Mostra ainda contou com a exibição de quatro filmes de Wenders: "Asas do Desejo"; "Paris, Texas"; "O Filme de Nick" e uma versão definitiva de "Até o Fim do Mundo", com 280 minutos de duração. O último trabalho de Wenders, "Pina", estreia no ano que vem e é um documentário sobre a bailarina e coreógrafa Pina Bausch, realizado todo em 3D. O diretor falou que só no ano passado foi possível filmar pessoas em três dimensões de forma satisfatória. “Começamos filmando com duas câmeras, que eram pesadas e desajeitadas e terminamos usando câmeras portáteis, por isso espero que mais documentários utilizem essa tecnologia”.

PINTURAS CINEMATOGRÁFICAS

Exposição de storyboards marca centenário de Akira Kurosawa

O grande homenageado da Mostra foi o cineasta japonês Akira Kurosawa, que completaria 100 anos em 23 de março deste ano. Um dos pôsteres da Mostra conta com uma ilustração dele. Para a celebração do centenário, o Instituto Tomie Ohtake realiza até o dia 26 de novembro uma exposição com 80 storyboards feitos por Kurosawa referente aos filmes "Kagemusha", "Ran", "Sonhos", "Rapsódia em Agosto", "Madadayo" e "Sob o Olhar do Mar". Além da exposição, o centenário foi lembrado com o lançamento do livro "À Espera do Tempo - Filmando com Kurosawa". Escrito pela assistente e produtora do diretor, Teruyo Nogami, ela fala da experiência no set de filmagem e a forma como o diretor trabalhava. O público da Mostra ainda teve a oportunidade de ver o longa "Rashomon", vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza.

Foto: Kurosawa Production Inc. Licensed exclusively by HoriPro Inc

A ARTE IMITA A VIDA

Wagner Moura fala do filme "Vips", sobre a história real do golpista Marcelo Rocha

Depois de faturar cinco prêmios no Festival do Rio, o filme "Vips" foi visto na Mostra, produção essa que só estreia no circuito nacional em março do ano que vem. Wagner Moura interpreta o golpista Marcelo Rocha, que usou várias identidades falsas em nome do sonho de ser piloto. Ele finge ser o empresário Henrique Constantino, herdeiro da companhia aérea Gol e acaba descoberto.

O ator Wagner Moura participou de um bate-papo com o público sobre o filme. Para ele, apesar de "Vips" ser baseado numa história real, ele não teve interesse em saber sobre o verdadeiro Marcelo. “Fiz uma opção estética em não me identificar com esse modelo dele. Ele me pareceu muito raso. Eu não queria ir pelo caminho do cara que aplica golpes para ganhar dinheiro, mas fazer um personagem se buscando. Isso me pareceu mais interessante”. Na programação da Mostra também foi exibido um documentário sobre Marcelo Rocha, intitulado "Histórias Reais de um Mentiroso", de Mariana Caltabiano.

TRAVESSIA MUITO LOUCA

Robert Downey Jr. e Zach Galifianakis embarcam numa jornada com muitos risos em “Um Parto de Viagem”

O arquiteto Peter Highman (Robert Downey Jr.) precisa fazer uma viagem de Atlanta até Los Angeles para chegar a tempo de ver o nascimento do primeiro filho. Ele decide ir de avião para claro, chegar mais rápido. No seu caminho aparece o aspirante a ator Ethan Tremblay (Zach Galifianakis) e por causa de um mal entendido os dois vão parar na temida lista de Proibidos de Voar.

Sem documentos, dinheiro e desesperado, Peter acaba aceitando o convite de Ethan em viajar de carro com ele. Logo, o arquiteto se arrepende, pois Ethan é uma matraca, irritante e atrapalhado. Ele testa a paciência de Peter, que precisa aturar o companheiro por alguns dias, caso contrário ele não verá o nascimento do filho.

Entre discussões, mal entendidos e acidentes de percurso, Peter e Ethan muito bem encarnados por Downey Jr. e Galifianakis fazem de “Um Parto de Viagem”, um filme impagável com ótimas tiradas. O filme é dirigido por Todd Phillips, especialista em realizar comédias que fazem de homens adultos, completos idiotas passando por situações vexaminosas, vide “Se Beber, Não Case!” e “Dias Incríveis”.


terça-feira, 2 de novembro de 2010

HONRARIA NO OSCAR















Francis Ford Coppola e Jean-Luc Godard ganham prêmio em reconhecimento a carreira

Em todas as edições do Oscar são concedidos prêmios especiais a grandes nomes do cinema em reconhecimento ao trabalho na tela. Antes esses prêmios eram dados na própria cerimônia do Oscar. Mas desde o ano passado, o critério mudou e passou a ser entregue na festa Governors Awards. A edição 2010 se realizará no dia 14 homenageando os diretores Francis Ford Coppola e Jean-Luc Godard, o ator Eli Wallach e o diretor de fotografia Kevin Brownlow.

Com cinco Oscar na carreira, Coppola, diretor da trilogia "O Poderoso Chefão", vai ganhar o Irving G. Thalberg Memorial Award pelo conjunto da obra. O prêmio é em reconhecimento ao trabalho criativo e de alta qualidade cinematográfica. Diretor participante do movimento Nouvelle Vague, Godard que nunca foi indicado a um prêmio da Academia, receberá um Oscar Honorário, assim como Wallach e Brownlow.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

RETRATO BRASILEIRO













Diretor Guel Arraes indica produção nacional "Cidade de Deus"

O Eu Recomendo desta edição é cortesia do diretor recifense Guel Arraes. Seu trabalho mais conhecido está na TV com programas marcantes como "Armação Ilimitada", "TV Pirata", "Os Normais" e "A Grande Família". Com um cinema marcado pela cultura nordestina, Arraes realizou "O Auto da Compadecida", "Caramuru - A Invenção do Brasil' e "Lisbela e o Prisioneiro". Seu último trabalho foi "O Bem Amado".
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Eu recomendo 'Cidade de Deus' que é um dos filmes brasileiros de que mais gosto e um dos mais importantes. Ele mistura de maneira exemplar: entretenimento e arte. O filme abriu um assunto novo no cinema brasileiro, que depois ficou chamado de filme-favela. Ele retrata o que era a periferia brasileira, hoje em dia praticamente está no centro do Brasil. A periferia está se tornando cada vez mais importante, com a ascensão da classe C. Cidade de Deus foi meio que um filme premonitório no seu tema. Antigamente esse tipo de longa era chamado de filme-cabeça, militante. Cidade de Deus teve a ousadia de passar um recado social e entreter ao mesmo tempo, além de ser um filme muito bem acabado e artisticamente importante.
Guel Arraes
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“Na Cidade de Deus, se ficar o bicho pega e se ficar o bicho come”. É assim que o jovem Buscapé designa a comunidade surgida nos anos 60 e retratada no filme "Cidade de Deus", dirigido por Fernando Meirelles e co-dirigido por Kátia Lund. A produção mostra como dois meninos, Buscapé e Dadinho vão traçar as suas vidas no cotidiano marginal na favela Cidade de Deus. Dadinho, mais tarde conhecido como Zé Pequeno se rende ao crime. Já Buscapé aproveita a paixão pela fotografia para trabalhar em um jornal colocando em foco a violência que o cerca na favela.

Meirelles utiliza cortes de tela, edição acelerada, flashbacks e trilha envolvente, escancarando a violência de forma estilizada para contar a história de pessoas que vivem na Cidade de Deus. Um lugar como Buscapé fala: “Fica muito longe do cartão postal do Rio de Janeiro”. Este é um cenário costumeiro no cinema brasileiro citado por Guel Arraes como filme-favela. A temática é explorada desde 1935 com "Favela dos Meus Amores" e hoje feita a rodo como nos recentes "Sonhos Roubados", "5X Favela, Agora por Nós Mesmos" e "Tropa de Elite 2". "Cidade de Deus" fez uma ótima carreira no Brasil e internacionalmente conquistando 55 prêmios e até chegou a ser indicado a quatro Oscar: diretor, roteiro adaptado, edição e fotografia.