Diretor Guel Arraes indica produção nacional "Cidade de Deus"
O Eu Recomendo desta edição é cortesia do diretor recifense Guel Arraes. Seu trabalho mais conhecido está na TV com programas marcantes como "Armação Ilimitada", "TV Pirata", "Os Normais" e "A Grande Família". Com um cinema marcado pela cultura nordestina, Arraes realizou "O Auto da Compadecida", "Caramuru - A Invenção do Brasil' e "Lisbela e o Prisioneiro". Seu último trabalho foi "O Bem Amado".
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“Eu recomendo 'Cidade de Deus' que é um dos filmes brasileiros de que mais gosto e um dos mais importantes. Ele mistura de maneira exemplar: entretenimento e arte. O filme abriu um assunto novo no cinema brasileiro, que depois ficou chamado de filme-favela. Ele retrata o que era a periferia brasileira, hoje em dia praticamente está no centro do Brasil. A periferia está se tornando cada vez mais importante, com a ascensão da classe C. Cidade de Deus foi meio que um filme premonitório no seu tema. Antigamente esse tipo de longa era chamado de filme-cabeça, militante. Cidade de Deus teve a ousadia de passar um recado social e entreter ao mesmo tempo, além de ser um filme muito bem acabado e artisticamente importante.”
Guel Arraes
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“Na Cidade de Deus, se ficar o bicho pega e se ficar o bicho come”. É assim que o jovem Buscapé designa a comunidade surgida nos anos 60 e retratada no filme "Cidade de Deus", dirigido por Fernando Meirelles e co-dirigido por Kátia Lund. A produção mostra como dois meninos, Buscapé e Dadinho vão traçar as suas vidas no cotidiano marginal na favela Cidade de Deus. Dadinho, mais tarde conhecido como Zé Pequeno se rende ao crime. Já Buscapé aproveita a paixão pela fotografia para trabalhar em um jornal colocando em foco a violência que o cerca na favela.
Meirelles utiliza cortes de tela, edição acelerada, flashbacks e trilha envolvente, escancarando a violência de forma estilizada para contar a história de pessoas que vivem na Cidade de Deus. Um lugar como Buscapé fala: “Fica muito longe do cartão postal do Rio de Janeiro”. Este é um cenário costumeiro no cinema brasileiro citado por Guel Arraes como filme-favela. A temática é explorada desde 1935 com "Favela dos Meus Amores" e hoje feita a rodo como nos recentes "Sonhos Roubados", "5X Favela, Agora por Nós Mesmos" e "Tropa de Elite 2". "Cidade de Deus" fez uma ótima carreira no Brasil e internacionalmente conquistando 55 prêmios e até chegou a ser indicado a quatro Oscar: diretor, roteiro adaptado, edição e fotografia.
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