sexta-feira, 5 de agosto de 2005

WILLY WONKA ESTÁ DE VOLTA!

Tim Burton e Johnny Depp lançam a nova versão para o clássico infantil “A Fantástica Fábrica de Chocolate”

Quem tem mais de 25 anos, deve se lembrar do filme “A Fantástica Fábrica de Chocolate”. Pois agora, a produção ganha uma refilmagem pelas mãos do excêntrico diretor Tim Burton. Nesta nova versão, Willy Wonka, dono da fábrica de chocolate é encarnado pelo também excêntrico Johnny Depp. Esta é a quarta colaboração entre os dois. Eles trabalharam em “Edward Mãos de Tesoura”, “Ed Wood”, “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” e na animação “A Noiva-Cadáver, que estreia no final do ano.

Em “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, Willy Wonka, que viveu recluso por anos, reaparece para promover um sorteio. Ele oferece a um grupo de crianças, a chance de conhecer a sua fábrica de chocolate. Para isso, o chocolateiro coloca aleatoriamente, cinco bilhetes premiados em barras de chocolate espalhadas pelo mundo. Daí começa uma louca caçada pelos bilhetes dourados. Os cinco felizardos do sorteio são: o gordinho louco por chocolates, Augustus; a petulante Veruca; o viciado em videogame Mike; a competitiva Violet e o sonhador Charlie. As portas se abrem e um passeio fantástico está para começar.

Em meio a tantas guloseimas, o gostoso mesmo é ver a interpretação de Johnny Depp. É ele quem rouba a cena ao fazer um divertidíssimo Willy Wonka, meio efeminado e com um certo repúdio por crianças. Provavelmente, ele deve receber uma indicação de melhor ator em comédia no Globo de Ouro do ano que vem.

Como a produção é uma refilmagem, as comparações são inevitáveis. Esta nova versão lembra pouco ao original de 1971. Toda a ingenuidade do primeiro filme dá lugar a obscuridade. E quando se trata de um longa de Tim Burton, deve-se sempre esperar algo mais sombrio. O colorido em tons suaves do original, agora ganha tons escuros alternados com os vibrantes. Os ajudantes de Willy Wonka, os Oompa Loompas, são mais moderninhos em suas canções de lição de moral. Desta vez, o chocolateiro é um homem perturbado pelas lembranças do severo pai. E a trama é mais bem amarrada, o que dá ao filme a oportunidade de ir mais além na explicação de algumas coisas.

Na verdade, “A Fantástica Fábrica de Chocolate” é um filme mais para adultos do que para crianças. Mas no final, todos acabam se deleitando com o divertido passeio. É um apetitoso programa para o final de semana. Dispense o refrigerante e a pipoca e leve uma barra de chocolate. Pegue seu bilhete premiado e vá se deliciar com “A Fantástica Fábrica de Chocolate”.

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

REVOLUÇÃO EM CELULÓIDE

"Sin City - A Cidade do Pecado" chega para quebrar todas as regras e se destaca como um dos filmes mais originais de todos os tempos

Bravo! É o que se tem a dizer ao final da projeção de "Sin City - A Cidade do Pecado". Esqueça tudo o que você já viu e prepare-se para perambular pelas perigosas ruas da cidade do pecado, onde o sangue jorra solto. "Sin City" é uma adaptação da graphic novel (romance gráfico) criado por Frank Miller. A graphic novel é uma espécie de histórias em quadrinhos. Ela se diferencia pela temática mais adulta e um conteúdo mais denso e fechado, ou seja, as histórias têm começo, meio e fim. Mas "Sin City" não é uma adaptação qualquer. Ele inova pelo apuro visual e narrativo. O responsável por tal feito é o diretor Robert Rodriguez ("A Balada do Pistoleiro"), que chamou o cartunista Frank Miller para co-dirigir o filme com ele.

A produção foi filmada com o recurso do chroma-jey (fundo verde), na cor preto-e-branco. Mas no decorrer do filme, as cores vermelho, amarelo, azul e verde servem para identificar algumas coisas, como o céu ou a cor dos olhos de uma personagem. O banho de sangue ao longo do filme é nas cores vermelho, amarelo e claro, o branco, no melhor estilo quadrinhos P&B. O filme utiliza os mesmos diálogos e enquadramentos da graphic novel. A sensação que se tem é a de ver os quadrinhos literalmente em movimento. Resultado: um dos filmes mais espetaculares de todos os tempos.

O filme é a junção de três histórias paralelas: “A Cidade do Pecado”, "A Grande Matança”e “O Assassino Amarelo”, além do curta “O Cliente Sempre tem Razão”, que dá início a produção. A primeira história, “A Cidade do Pecado” nos apresenta o brutamontes Marv (Mickey Rourke), um homem amargurado que parte em busca de vingança após a morte de sua amada, Goldie. Antes de matar suas vítimas, Marv adora torturá-las com métodos pouco ortodoxos. Daí pode-se imaginar o banho de sangue pela frente. “A Cidade do Pecado” é a melhor das três histórias e quem brilha nela é o canastrão Mickey Rourke, mais lembrado pelo filme "9 1/2 Semanas de Amor". Ele, irreconhecível pela pesada maquiagem, dá ao personagem, um misto de sarcasmo e melancolia, presenteando o público com uma ótima atuação. Esse sucesso deve dar novo fôlego a carreira do ator.

Em “A Grande Matança”, uma gangue de prostitutas protege a Cidade Velha. Quando Jackie Boy (Benicio Del Toro) mexe com uma delas, a situação fica feia. A partir daí é travada uma briga entre as prostitutas e os policiais corruptos da cidade. Quentin Tarantino fez uma participação como diretor convidado. Ele conduziu uma sequência de diálogo entre Jackie Boy e Dwight (Clive Owen) num carro. A sequência tem o toque de humor negro característico do diretor.

Na última história, “O Assassino Amarelo”, Bruce Willis interpreta o policial Hartigan, que no passado salvou uma garotinha de um terrível sequestrador. Já grande, a garotinha se torna uma bela stripper (Jessica Alba), que agora é perseguida pelo misterioso Assassino Amarelo. Hartigan deve novamente salvá-la.

A ousada narrativa e o visual embasbacante do filme, resgata o gênero noir, muito popular entre os anos 40 e 60. Em "Sin City", todas as características do gênero estão presentes: a ambientação com ruas escuras e molhadas na madrugada; a narração over; a existência de crimes sangrentos; o anti-herói; a ambiguidade moral dos personagens; o homem esperando o momento de matar ou ser morto; a mulher fatal, sedutora e misteriosa; a natureza secreta dos assassinos e o pessimismo.

"Sin City-A Cidade do Pecado" é um noir envolvente e violento ao extremo. É visceral, explosivo e simplesmente genial. Uma experiência pela qual você deve passar.

(A estética é um elemento cinematográfico que me interessa muito. E "Sin City" tem uma estética maravilhosa e riquíssima. Por isso, escolhi esse filme como tema de minha monografia do curso de pós-graduação em Cinema, com o título: A Representação Estética da Violência no Filme "Sin City - A Cidade do Pecado". Foi um exercício fascinante de análise fílmica).