quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O VETERANO E A NOVATA


Diretor José Joffily e a atriz estreante Cristina Lago trabalham juntos no suspense "Olhos Azuis", que chega as locadoras hoje. NO MUNDO DO CINEMA conversou com o diretor e a atriz sobre detalhes da produção. Confira a entrevista exclusiva!

Cristina como foi a sua interação com o ator David Rasche e a barreira da língua inglesa?

No começo eu estava muito apreensiva com a chegada do David, pois eu não o conhecia, eu não falo muito inglês e estava ansiosa para ver como seria essa relação. Eu tive uma surpresa muito boa porque o David é um ator muito generoso e conseguimos nos comunicar muito bem. Nos dois primeiros dias eu fiquei um pouco tímida, mas depois quebramos a barreira e nos tornamos parceiros.

José, como surgiu a ideia para o argumento do filme, a questão de fazer um filme que se passa em dois países...
Eu tenho um amigo que foi para os Estados Unidos e foi deportado. Ele voltou para o Brasil e ficou na minha casa arquitetando uma forma de retornar aos Estados Unidos. Conversamos muito sobre a experiência dele.

Quando isso aconteceu?
Foi há uns dez anos. Aí outros projetos foram surgindo e o "Olhos Azuis" foi ficando para trás. Fiquei um tempão com esse roteiro guardado e quando chegou a hora de rodar o filme, eu decidi mudar a história. O roteiro tinha um problema prático porque originalmente a história se passava em Cuba, Bolívia e Argentina. Falava-se um pouco da trajetória dos personagens, que eram contadas em flashbacks. Como o orçamento era pequeno, tivemos de eliminar esse formato do roteiro. Foi aí que inventamos a trajetória do Marshall em busca de redenção no Nordeste.

No filme, o espectador não sabe muito sobre a vida da Bia. Algumas coisas ficam subentendidas numa cena do avô falando dela. Como você criou essa personagem? Você inventou um passado para ela?
CRISTINA - Esse passado, eu e o José que criamos. Essa forma de não revelar totalmente o passado da Bia foi muito bacana. Fizemos uma sessão do filme num subúrbio do Rio de Janeiro e as pessoas ficaram muito curiosas em saber qual era o passado dessa personagem. Por que o avô pregava tanto a Bíblia e ela foi embora? Qual era a real relação dela com avô? É legal que as pessoas percebam o que poderia ter acontecido. Nós inventamos um passado para os personagens para eles ficarem mais consistentes, quando estiver mostrando o presente deles.

Como foi o trabalho para você José, que é um veterano no cinema em trabalhar com uma atriz estreante?
JOFFILY -
Fizemos vários testes antes de escolher a Cristina. No teste achei que ela tinha recursos suficientes para viver muito bem a personagem. Ela ainda tinha uma vantagem de ser desconhecida do público. Isso deu uma credibilidade importante. Trabalhar com a Cristina foi uma ótima surpresa e espero repetir a experiência.
CRISTINA - Como o José é mais experiente, ele dava informações muito precisas para mim. Isso foi muito importante para chegar onde queríamos. Essa relação com o David também ajudou muito minha personagem a crescer.
JOFFILY - Quando a Cristina e o David se conheceram no Recife, na verdade foi o momento mais tenso porque o filme dependia muito da química entre os dois. O entendimento entre eles resultaria num filme interessante ou não. Isso era vital. Com a Cristina ele teria um relacionamento intenso e teria uma curva dramática grande, uma relação sinuosa. Fiquei muito tenso e insone por uns três dias (risos).
CRISTINA - Eu confesso que também fiquei (risos).
JOFFILY - Mas nunca se pode mostrar o temor, tem de mostrar segurança absoluta.
CRISITNA - Pensei que o medo era só meu.
JOFFILY - Até essa entrevista ela jamais saberia que eu tinha ficado em pânico. Naquele encontro, eu temi que talvez os dois não se dariam muito bem (risos).
CRISITNA - Eu me lembro até hoje, corremos para o hotel encontrar com o David. Ele saiu do elevador e deu de cara comigo. Eu lembro que o José sugeriu de eu e o David irmos jantar sozinhos. Eu não falava quase nada de inglês e ele não falava português. Mas foi muito legal. A relação dos personagens ficou muito parecida com a nossa, porque eu tinha que traduzir algumas coisas para ele, mesmo que fosse com mímica. Então a relação já foi se estabelecendo a partir daquele momento.

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