sexta-feira, 23 de julho de 2010

FEITO PARA A TELEVISÃO

Versão cinematográfica de “O Bem Amado”, mais parece uma minissérie do que filme, tanto que será transformado neste formato no ano que vem

25 de agosto de 1981, ano de turbulência na política brasileira com a renúncia do presidente Jânio Quadrose a morte do prefeito de Sucupira. Para substituir o morto, uma eleição é feita às pressas na cidadezinha. No embate estão Vladimir de Castro (Tonico Pereira) e Odorico Paraguaçu (Marco Nanini). Este último acaba eleito e promete como primeiro ato de sua candidatura, a construção de um cemitério. Dessa forma, o local será a morada eterna para os mortos e o ato manterá o prefeito no coração dos vivos.

“Caixa 2, todo mundo faz!”. Com essa filosofia Odorico segue em frente com o seu plano, pois para quê água e luz, um cemitério é muito mais importante. Superfaturando os materiais de construção, o cemitério fica pronto. Mas não foi inaugurado porque ninguém morre na cidade. Aí a popularidade do prefeito começa a cair e ele sai em busca de um moribundo para ser o primeiro inquilino do cemitério.

“O Bem Amado” é baseado na obra de Dias Gomes e já foi transformada em novela em 1973, com Paulo Gracindo como Odorico Paraguaçu. A versão cinematográfica é dirigida por Guel Arraes que tem longa carreira na televisão envolvido com “TV Pirata”, “O Auto da Compadecida” e “A Grande Família”. Ele imprime o seu estilo com a ambientação nordestina, edição acelerada e atuação caricata para dar o tom de comédia ao longa.

Com linguagem televisiva descarada, Arraes faz um filme com cara de minissérie. Durante o filme dá até para imaginar onde seria feito os cortes para entrar o intervalo. Na tela do cinema a produção se perde e com certeza terá uma melhor recepção do público quando a produção chegar na TV no ano que vem, quando a produção for transformada em minissérie de quatro capítulos na Globo. Lá sim é o lugar de “O Bem Amado”.

Ele é uma obra despretensiosa e didática para que o espectador distraído de televisão consiga apreciar o “filme” entre uma ida ao banheiro e um lanchinho nos intervalos. O diretor/roteirista Guel Arraes reduz o filme a um produto televisivo. O longa "O Bem Amado" é uma versão pronta para ser digerida como enlatado de televisão. Uma pena!

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