quarta-feira, 28 de julho de 2010

RETRATO ESPÍRITA

Ângelo Antônio, ator do filme "Chico Xavier" conta detalhes do trabalho em cinebiografia do médium

O líder espiritual Chico Xavier foi uma das figuras mais reconhecidas do Brasil. O filme que traz o nome do médium conta a trajetória de Chico, que viveu 92 anos. Ele desenvolveu importantes atividades espíritas e filantrópicas ao longo de sua vida. Chico passou a ser reconhecido pelos poderes de psicografar mensagens, que viraram livros e assim se tornou uma figura querida por muitos brasileiros. O filme é dirigido por Daniel Filho e o roteiro foi baseado no livro "As Vidas de Chico Xavier", de Marcel Souto Maior. A produção chega hoje em DVD e Blu-ray.

Na produção, Chico Xavier é interpretado por Matheus Costa durante a infância e na velhice por Nelson Xavier. O ator Ângelo Antônio vive o Chico na fase jovem. O trabalho de Antônio é incrível na caracterização do personagem. Ele vive a fase mais importante da vida do médium, em que Chico descobre quem ele é e a sua função na Terra. A partir desta revelação, ele passa a desenvolver o mediunismo, psicografando livros e fazendo atendimentos. Antônio conversou com o NO MUNDO DO CINEMA. Confira a entrevista exclusiva

Como surgiu o convite para interpretar Chico Xavier na fase jovem?
O convite veio do Daniel Filho, diretor do filme. Desde o momento que ele percebeu que precisaria de “três Chicos”, pensou no Nelson Xavier e em mim. O Matheus Costa foi escolhido depois de testes. Curioso é que Nelson e eu temos a mesma altura e esta foi uma das sintonias do filme. Tive duas honras neste projeto – interpretar o Chico e trabalhar com o Nelson.

O senhor teve de fazer muita pesquisa para interpretar Chico Xavier no filme?
Nunca trabalhei um personagem que tivesse um material tão vasto para pesquisar. E não cheguei nem na metade. O que mais me chamou a atenção foi sua docilidade, sensibilidade, essa coisa do feminino. Até hoje leio "O Evangelho Segundo o Espiritismo", abro aleatoriamente de vez em quando...

A sua atuação no filme foi incrível. Como foi o processo do trabalho ao interpretar uma pessoa real (trejeitos, tom de voz etc)?
Eu sinto que a gente faz um trabalho e neste trabalho eu vejo claramente o esforço de muitas pessoas. O pessoal do figurino, a maquiagem, a peruca... Tudo isso vai compondo. Todas estas coisas somadas dão a forma. E trabalhando com um amigo que estava fazendo o filme, Paulo Vespúcio [que interpreta Emiliano], falou; “este cara é prognata, olhe a boca dele”. Isso porque mostrei umas imagens do Chico. Comecei a pensar em ficar mais prognata. Eu colocava algodão para lembrar. Um algodãozinho para dar o efeito do prognata, dava uma diferençazinha. Isso mudava o sentimento, mudava a fala. Também ganhei um lenço que pertencia ao Chico, que era algo pessoal dele. Era forte imaginar que ele tinha aquele lenço, que ele usava. E ainda tinha o perfume que eu ganhei, que eu achava que iria compor, que iria fazer parte desta montagem, desta aglutinação de pessoas e coisas. Dei um vidrinho pro Nelson e um vidrinho pro Matheus, o que foi muito bacana, pois eu sentia que estávamos conectados de alguma forma pelo cheiro. Tudo isso faz a gente dar uma ancorada. Esta é a palavra que traduz.

Como o senhor tem conciliado o trabalho no cinema com o da TV?
É uma loucura. Uma correria. Sai de um set vai para outro compromisso... Termina uma gravação, corre para outro lugar. Um exemplo foi na sexta-feira da estreia do filme em Uberaba. Eu gravei uma cena da novela "Cama de Gato" de manhã no cemitério, e depois corri para o avião direto para Minas...

Que mensagem você espera que o filme "Chico Xavier" passe para o público?
Espero que os conceitos de bondade, tolerância e docilidade possam tocar as pessoas. É um filme que as pessoas merecem assistir

O que você acha da doutrina espírita? O senhor é espírita ou passou a se interessar pelo tema?
Sempre me interessei pela espiritualidade. Quando criança, uma tia me levava a um centro espírita... Mas tento seguir a espiritualidade independente de doutrina. As religiões têm pontos em comum, mas minha busca vai além de dogmas.

Como o senhor avalia os filmes nacionais que têm sido lançados?
Tem muita coisa boa, muito filme bom acontecendo. Ainda está longe de ser o ideal, mas em termos artísticos temos grandes talentos. Desta safra mais nova, gosto muito de "Estômago", por exemplo. É um filme sensacional, o João Miguel está incrível. "Tempos de Paz" também é um belo filme, surpreendente fazer um filme daquele jeito...

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