Diretor Aluizio Abranches discute os temas homossexualismo e incesto no artificial "Do Começo ao Fim"
“Eu nasci de olhos fechados e permaneci assim por mais duas semanas... Mas naquele dia foi diferente, sem mais nem menos, abri meus olhos e olhei direto nos olhos dele”. É a partir deste primeiro olhar entre Thomás e Francisco em “Do Começo ao Fim”, que nasce o amor entre eles. Os dois são irmãos e crescem juntos nutrindo um amor fraterno que com o passar dos anos acaba se sexualizando.
“Do Começo ao Fim” que chega esta semana nas locadoras trata de um tema muito delicado: um romance homossexual e incestuoso. O diretor Aluizio Abranches tem um argumento bom nas mãos, mas o que ele faz com isso resulta em um filme artificial. Os cenários são muito arrumados, parecendo mais ambientes de decoração. Os atores são mal dirigidos, a narração over do personagem Thomas é travada, sem emoção e a trilha sonora de André Abujamra é piegas, sem inspiração. O diretor optou em abordar o assunto como uma história de amor como ele explica a seguir.
Além de dirigir o senhor foi o roteirista de "Do Começo ao Fim". Como surgiu a ideia para a história do filme?
Eu na verdade já queria falar desses assuntos do filme há algum tempo. Desde a adolescência quando li "Os Maias" do Eça de Queiroz, em que eu torcia pra que aqueles irmãos acabarem juntos e a história dar certo. Cheguei até a pensar em fazer uma adaptação do livro quando foi feita uma minissérie para a televisão da Rede Globo. Quando eu fiz "Um Copo de Cólera", o Raduan Nassar [autor do livro] tentou me convencer a fazer "Lavoura Arcaica". Nesse, um dos temas principais é a relação incestuosa entre um irmão e uma irmã. Tudo foi criando corpo daí. O filme fala dos tabus que para a mídia não são mais tabus ou não deveriam ser e aí eu achei que se fosse dois homens irmãos eu estaria falando de outro assunto também, que é o homossexualismo. Um grupo de psiquiatras que viu o filme, disse que quando não há procriação em uma relação como é o caso dos personagens que são dois homens, não é considerado incesto. Na verdade isso não é uma doença, é simplesmente um questionamento moral. Incesto é só algo moral assim como a homossexualidade. Foi uma oportunidade de tratar dos dois temas e falar de uma maneira propositalmente não sofrida, sem conflito.
É justamente isto que o senhor quis fazer, tratar o incesto de forma mais leve?
Exatamente. O filme não quer levantar uma bandeira. Eu estou contando uma história, o importante ali é o amor entre eles e o respeito da família e das pessoas que o cercam. Quem foi contra o filme foi justamente pelo filme ter esse lado não conflituoso, mas isso foi totalmente proposital. O forte do filme é não tratar os temas como tabus. Não era mostrar a ida dos personagens ao psicanalista... O conflito está na separação deles...
"Do Começo ao Fim" é acima de tudo uma história de amor?
É uma história de amor. O que me interessa é contar aquela história de amor e mostrar como que ela foi recebida pelas pessoas mais próximas. Eu não acho que as pessoas tenham que concordar ou aceitar nada. A partir do momento em que você não está prejudicando ninguém e nem a si mesmo, ninguém tem a ver com sua vida.
O filme foi muito comentado quando estreou nos cinemas. O senhor acredita que temas polêmicos são chamarizes para o público?
São, mas isso não basta. Claro que eu queria que houvesse essa discussão. Eu tenho a impressão que o filme seja melhor compreendido daqui há algum tempo. Talvez as pessoas não estejam preparadas para tanta liberdade. As pessoas perguntam: “Cadê o conflito, a negativa, a preocupação da mãe...” Por que tem que se assim? Eles estão juntos porque se gostam, foi uma coisa de destino. O público que mais foi ver o filme foi formado por mulheres acima de 30 anos. O filme é bonito, acho até que por isso agradou as mulheres, pelo lado romântico.
O restante do público eram formado por quem?
Eu tive muito retorno de jovens gays dizendo que o filme os ajudaram a se aceitarem, se assumirem. Dizendo que a vida ficou mais fácil depois desse filme. A maior rejeição foi de homens gays de meia idade. Achei que eles dariam uma gargalhada com o filme e pensassem que era uma redenção.
Haverá algum material adicional no O DVD?
Eu encontrei com a Suzy Capó [diretora de programação do Festival Mix Brasil de Cinema] e o filme ganhou o prêmio Cidadania [dado pela Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo]. Existe uma frase do Bernard Shaw que cabe muito bem para o filme que é: “Algumas pessoas olham para coisas que existem e perguntam porquê? Eu sonho com coisas que nunca existiram e pergunto por que não?”. A Susy no dia da premiação, disse que ficou faltando colocar esta frase na abertura do filme. Eu cheguei a pensar em colocar esta frase. Agora me veio a ideia para ver se é possível de fazer isso no DVD. O espectador lendo essa frase já entenderia do que se trata o filme.
“Eu nasci de olhos fechados e permaneci assim por mais duas semanas... Mas naquele dia foi diferente, sem mais nem menos, abri meus olhos e olhei direto nos olhos dele”. É a partir deste primeiro olhar entre Thomás e Francisco em “Do Começo ao Fim”, que nasce o amor entre eles. Os dois são irmãos e crescem juntos nutrindo um amor fraterno que com o passar dos anos acaba se sexualizando.
“Do Começo ao Fim” que chega esta semana nas locadoras trata de um tema muito delicado: um romance homossexual e incestuoso. O diretor Aluizio Abranches tem um argumento bom nas mãos, mas o que ele faz com isso resulta em um filme artificial. Os cenários são muito arrumados, parecendo mais ambientes de decoração. Os atores são mal dirigidos, a narração over do personagem Thomas é travada, sem emoção e a trilha sonora de André Abujamra é piegas, sem inspiração. O diretor optou em abordar o assunto como uma história de amor como ele explica a seguir.
Além de dirigir o senhor foi o roteirista de "Do Começo ao Fim". Como surgiu a ideia para a história do filme?
Eu na verdade já queria falar desses assuntos do filme há algum tempo. Desde a adolescência quando li "Os Maias" do Eça de Queiroz, em que eu torcia pra que aqueles irmãos acabarem juntos e a história dar certo. Cheguei até a pensar em fazer uma adaptação do livro quando foi feita uma minissérie para a televisão da Rede Globo. Quando eu fiz "Um Copo de Cólera", o Raduan Nassar [autor do livro] tentou me convencer a fazer "Lavoura Arcaica". Nesse, um dos temas principais é a relação incestuosa entre um irmão e uma irmã. Tudo foi criando corpo daí. O filme fala dos tabus que para a mídia não são mais tabus ou não deveriam ser e aí eu achei que se fosse dois homens irmãos eu estaria falando de outro assunto também, que é o homossexualismo. Um grupo de psiquiatras que viu o filme, disse que quando não há procriação em uma relação como é o caso dos personagens que são dois homens, não é considerado incesto. Na verdade isso não é uma doença, é simplesmente um questionamento moral. Incesto é só algo moral assim como a homossexualidade. Foi uma oportunidade de tratar dos dois temas e falar de uma maneira propositalmente não sofrida, sem conflito.
É justamente isto que o senhor quis fazer, tratar o incesto de forma mais leve?
Exatamente. O filme não quer levantar uma bandeira. Eu estou contando uma história, o importante ali é o amor entre eles e o respeito da família e das pessoas que o cercam. Quem foi contra o filme foi justamente pelo filme ter esse lado não conflituoso, mas isso foi totalmente proposital. O forte do filme é não tratar os temas como tabus. Não era mostrar a ida dos personagens ao psicanalista... O conflito está na separação deles...
"Do Começo ao Fim" é acima de tudo uma história de amor?
É uma história de amor. O que me interessa é contar aquela história de amor e mostrar como que ela foi recebida pelas pessoas mais próximas. Eu não acho que as pessoas tenham que concordar ou aceitar nada. A partir do momento em que você não está prejudicando ninguém e nem a si mesmo, ninguém tem a ver com sua vida.
O filme foi muito comentado quando estreou nos cinemas. O senhor acredita que temas polêmicos são chamarizes para o público?
São, mas isso não basta. Claro que eu queria que houvesse essa discussão. Eu tenho a impressão que o filme seja melhor compreendido daqui há algum tempo. Talvez as pessoas não estejam preparadas para tanta liberdade. As pessoas perguntam: “Cadê o conflito, a negativa, a preocupação da mãe...” Por que tem que se assim? Eles estão juntos porque se gostam, foi uma coisa de destino. O público que mais foi ver o filme foi formado por mulheres acima de 30 anos. O filme é bonito, acho até que por isso agradou as mulheres, pelo lado romântico.
O restante do público eram formado por quem?
Eu tive muito retorno de jovens gays dizendo que o filme os ajudaram a se aceitarem, se assumirem. Dizendo que a vida ficou mais fácil depois desse filme. A maior rejeição foi de homens gays de meia idade. Achei que eles dariam uma gargalhada com o filme e pensassem que era uma redenção.
Haverá algum material adicional no O DVD?
Eu encontrei com a Suzy Capó [diretora de programação do Festival Mix Brasil de Cinema] e o filme ganhou o prêmio Cidadania [dado pela Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo]. Existe uma frase do Bernard Shaw que cabe muito bem para o filme que é: “Algumas pessoas olham para coisas que existem e perguntam porquê? Eu sonho com coisas que nunca existiram e pergunto por que não?”. A Susy no dia da premiação, disse que ficou faltando colocar esta frase na abertura do filme. Eu cheguei a pensar em colocar esta frase. Agora me veio a ideia para ver se é possível de fazer isso no DVD. O espectador lendo essa frase já entenderia do que se trata o filme.
Nenhum comentário:
Postar um comentário