Deficientes visuais têm a chance de enxergar a magia do cinema pela audiodescrição, recurso disponível em Blu-ray de "Chico Xavier"
O filme é uma obra dotada de sons e imagens projetado numa tela que transmite e provoca sensações e emoções no espectador. Mas se o espectador é um deficiente visual, como que um filme pode ser apreciado em sua plenitude? Isso pode se realizar graças a audiodescrição, no qual um narrador descreve personagens, cenários e o que acontece no decorrer da história.
Alessandra Savino, roteirista da audiodescrição de "Chico Xavier" e gerente de dublagem e operações da Sony Pictures, explica que o recurso é um áudio auxiliar que entra nos intervalos do filme em que não há fala, “descrevendo tudo o que está acontecendo em cena, características físicas e psicológicas dos personagens, eventuais efeitos de imagens, transição de cenas e sutilezas”.
Segundo Alessandra, a mixagem da locução foi feita com o áudio um pouco mais alto que o som original do filme para que o espectador consiga fazer a diferenciação. ”É importante que o texto seja bem resumido e que caiba nesses intervalos para não haver ‘atropelo’ de audiodescrição em cima da fala dos personagens”, declara ela.
Para você ter ideia do que é um texto de audiodescrição em um trecho do filme o narrador fala: “Chico trabalha datilografando. Uma mulher atravessa a sala. Ele continua datilografando e para, pois sua vista o incomoda. Ele esfrega os olhos. Abre e fecha os olhos. Chico apanha um lenço e cobre um olho. Sente dor. No lenço, sangue. Assustado, ele anda pela sala vazia”.
EXPERIÊNCIA MÁGICA
Para marcar o lançamento do Blu-ray, a Sony realizou uma sessão para deficientes visuais terem a chance de assistir a produção por meio da audiodescrição. A sessão de "Chico Xavier" parecia como a de qualquer outro filme. As pessoas segurando pipoca e refrigerante se dirigiam à sala de cinema e escolhiam os seus lugares. Mas com o apagar das luzes a experiência de se assistir a um filme tomava um novo significado.
A estudante Sivone de Souza Santos nasceu com retinose pigmentar e quando vai ao cinema sempre tem alguém que a acompanha. Ela senta na primeira fileira e até consegue ver o que está na tela, mas detalhes como a cor dos olhos dos personagens ela já não enxerga. “Eu gostaria que tivesse isso sempre para quando eu for assistir a um filme, não ficar com dúvidas, imaginar o que deve estar acontecendo. Além disso, a audiodescrição não atrapalha quem enxerga, só ajuda a entender mais o filme”, contou ela.
"Chico Xavier" é a terceira produção com audiodescrição no Brasil. As outras são "Irmãos de Fé" e "Ensaio Sobre a Cegueira". "Chico Xavier" foi o primeiro filme com audiodescrição que o atendente de loja André Cadete assistiu. “Gostei muito. Para nós que temos deficiência visual, os detalhes são muito importantes. A audiodescrição ajudou bastante”, disse ele. O representante comercial Rubens da Silva conseguiu entender o filme e até se emocionar. “Eu assisti e me emocionei muito não só com o filme, mas também pelo fato de existir esse tipo de recurso. É uma preocupação que passou a existir para as pessoas que são portadoras de deficiência visual”.
A professora Regina Célia convidou a amiga Karla Queiroz para a sessão especial do filme. “Eu que não enxergo, tive a noção total do que estava acontecendo no filme. Isso é inclusão, me oferecer acessibilidade junto às pessoas que não necessitam dela”, contou Regina. Karla também gostou da experiência. “Fiquei imaginando como deve ser para a Regina, que não consegue ver as cenas do filme. Ele foi bem descrito e foi emocionante encontrar essas pessoas. Nós que às vezes pensamos que tudo é difícil, percebemos que não é bem assim”, falou ela.
Para a audiodescritora Lívia Maria Villela de Mello Motta, o recurso utilizado no filme é uma iniciativa bem-vinda. “Ainda há uma dificuldade grande em expandir o recurso para todos os contextos culturais. Com a audiodescrição há uma ampliação do entendimento em que a pessoa compreende o que está assistindo sem necessitar da ajuda de outra pessoa. Dessa forma ela pode ver um filme autonomamente”.
O ator Paulo Goulart, que em "Chico Xavier" interpreta Saulo Guimarães, anfitrião do programa "Pinga-Fogo" acredita que o mais importante em situações excepcionais é o prazer que as pessoas sentem em continuarem integradas a vida. “Hoje há recursos técnicos que possibilitam essa integração de uma forma muito plena. O enxergar com os ouvidos é uma coisa tão maravilhosa que acaba transformando tudo”. Ao final de uma exibição audiodescritiva, é possível perceber que um filme, mesmo sendo uma obra audiovisual pode sim ser assistido com os ouvidos!
O filme é uma obra dotada de sons e imagens projetado numa tela que transmite e provoca sensações e emoções no espectador. Mas se o espectador é um deficiente visual, como que um filme pode ser apreciado em sua plenitude? Isso pode se realizar graças a audiodescrição, no qual um narrador descreve personagens, cenários e o que acontece no decorrer da história.
Alessandra Savino, roteirista da audiodescrição de "Chico Xavier" e gerente de dublagem e operações da Sony Pictures, explica que o recurso é um áudio auxiliar que entra nos intervalos do filme em que não há fala, “descrevendo tudo o que está acontecendo em cena, características físicas e psicológicas dos personagens, eventuais efeitos de imagens, transição de cenas e sutilezas”.
Segundo Alessandra, a mixagem da locução foi feita com o áudio um pouco mais alto que o som original do filme para que o espectador consiga fazer a diferenciação. ”É importante que o texto seja bem resumido e que caiba nesses intervalos para não haver ‘atropelo’ de audiodescrição em cima da fala dos personagens”, declara ela.
Para você ter ideia do que é um texto de audiodescrição em um trecho do filme o narrador fala: “Chico trabalha datilografando. Uma mulher atravessa a sala. Ele continua datilografando e para, pois sua vista o incomoda. Ele esfrega os olhos. Abre e fecha os olhos. Chico apanha um lenço e cobre um olho. Sente dor. No lenço, sangue. Assustado, ele anda pela sala vazia”.
EXPERIÊNCIA MÁGICA
Para marcar o lançamento do Blu-ray, a Sony realizou uma sessão para deficientes visuais terem a chance de assistir a produção por meio da audiodescrição. A sessão de "Chico Xavier" parecia como a de qualquer outro filme. As pessoas segurando pipoca e refrigerante se dirigiam à sala de cinema e escolhiam os seus lugares. Mas com o apagar das luzes a experiência de se assistir a um filme tomava um novo significado.
A estudante Sivone de Souza Santos nasceu com retinose pigmentar e quando vai ao cinema sempre tem alguém que a acompanha. Ela senta na primeira fileira e até consegue ver o que está na tela, mas detalhes como a cor dos olhos dos personagens ela já não enxerga. “Eu gostaria que tivesse isso sempre para quando eu for assistir a um filme, não ficar com dúvidas, imaginar o que deve estar acontecendo. Além disso, a audiodescrição não atrapalha quem enxerga, só ajuda a entender mais o filme”, contou ela.
"Chico Xavier" é a terceira produção com audiodescrição no Brasil. As outras são "Irmãos de Fé" e "Ensaio Sobre a Cegueira". "Chico Xavier" foi o primeiro filme com audiodescrição que o atendente de loja André Cadete assistiu. “Gostei muito. Para nós que temos deficiência visual, os detalhes são muito importantes. A audiodescrição ajudou bastante”, disse ele. O representante comercial Rubens da Silva conseguiu entender o filme e até se emocionar. “Eu assisti e me emocionei muito não só com o filme, mas também pelo fato de existir esse tipo de recurso. É uma preocupação que passou a existir para as pessoas que são portadoras de deficiência visual”.
A professora Regina Célia convidou a amiga Karla Queiroz para a sessão especial do filme. “Eu que não enxergo, tive a noção total do que estava acontecendo no filme. Isso é inclusão, me oferecer acessibilidade junto às pessoas que não necessitam dela”, contou Regina. Karla também gostou da experiência. “Fiquei imaginando como deve ser para a Regina, que não consegue ver as cenas do filme. Ele foi bem descrito e foi emocionante encontrar essas pessoas. Nós que às vezes pensamos que tudo é difícil, percebemos que não é bem assim”, falou ela.
Para a audiodescritora Lívia Maria Villela de Mello Motta, o recurso utilizado no filme é uma iniciativa bem-vinda. “Ainda há uma dificuldade grande em expandir o recurso para todos os contextos culturais. Com a audiodescrição há uma ampliação do entendimento em que a pessoa compreende o que está assistindo sem necessitar da ajuda de outra pessoa. Dessa forma ela pode ver um filme autonomamente”.
O ator Paulo Goulart, que em "Chico Xavier" interpreta Saulo Guimarães, anfitrião do programa "Pinga-Fogo" acredita que o mais importante em situações excepcionais é o prazer que as pessoas sentem em continuarem integradas a vida. “Hoje há recursos técnicos que possibilitam essa integração de uma forma muito plena. O enxergar com os ouvidos é uma coisa tão maravilhosa que acaba transformando tudo”. Ao final de uma exibição audiodescritiva, é possível perceber que um filme, mesmo sendo uma obra audiovisual pode sim ser assistido com os ouvidos!
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