sexta-feira, 19 de março de 2010

PALAVRAS VENERADAS

"O Livro de Eli" coloca Denzel Washington como guardião de um misterioso livro

Em um mundo pós-apocalíptico, Eli (Denzel Washington) é um andarilho que percorre estradas desertas e vilarejos pouco habitados. Seu destino é o oeste. O vento misturado à terra seca e o sol escaldante o acompanham nesta jornada. Eli é um homem que tem em sua posse um livro misterioso. Ele deve protegê-lo até chegar ao oeste.

Esta é a trama de "O Livro de Eli", uma trama que não revela muito o que de fato acontece no filme. Mas para assisti-lo deve-se agir como se lê a um livro. Você começa a ler, não sabe o que vem nas próximas páginas. As informações são reveladas aos poucos. Você fica tão instigado, curioso e só vai sossegar quando ler a última página.

O filme traz uma ótima caracterização dos personagens com o uso da maquiagem e do figurino para expor o lado crítico em que eles vivem. Houve uma guerra, o mundo não é o mesmo desde então. Eli é um dos sobreviventes. As pessoas precisam usar óculos escuros para o sol não cegá-los. A moeda de compra são objetos e pertences encontrados em casas abandonadas e corpos de mortos, como um isqueiro ou um par de luvas. Eli conta que antes da guerra as pessoas tinham tudo de sobra. Descartavam coisas que hoje são preciosas. O bem mais precioso para os sobreviventes é a água.

Cornegie (Gary Oldman de "Batman - O Cavaleiro das Trevas") é quem detém o poder sobre a água. Além disso, ele tem um bando que tem a missão de recolher livros por onde passam. A esperança de Cornegie é que no meio de tantos tenha o que ele almeja tanto. O livro é uma arma que será a salvação para os sobreviventes. Cornegie descobre que Eli possui o tal livro e parte no encalço dele para colocar as mãos no bem tão precioso.

Durante a guerra todos os livros semelhantes a esse foram queimados. Esse fato remete ao fantástico filme "Fahrenheit 451" (1966), dirigido por François Truffaut, no qual os livros são banidos e queimados. Ter um livro era ao mesmo tempo proibido e raro. Em "O Livro de Eli" a curiosidade fica em descobrir o que tem no último exemplar de um livro que motivou a guerra. Para Eli a mensagem da obra é fazer mais pelos outros do que faz a si mesmo. É isso que ele aprende.

O filme aborda questões interessantes e atuais como o consumo desenfreado, a não preocupação com o que se consegue facilmente e principalmente a gana pelo poder. O dito popular: “Em terra de cego, quem tem um olho é rei” se aplica muito bem a história de "O Livro de Eli". No fim, pequenas coisas se tornam dádivas

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