Filmes e peças de teatro caminham de mãos dadas em diversas adaptações para as telas e para os palcos
O cinema é uma arte, na verdade ela é considerada a sétima arte numa lista de onze: música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura, cinema, fotografia, história em quadrinhos, videogame e arte digital em 2D e 3D. Atualmente essas mídias se misturam numa arte simbiótica numa jornada de adaptações sem fim. O cinema dialoga com todas as outras artes. O teatro é uma delas. Elas se alimentam uma da outra em centenas de filmes e peças.
O teatro surgiu na Grécia Antiga, no séc. IV a.C., com a representação de lendas referentes a deuses e heróis. O teatro é o local físico onde se realiza o drama frente à uma audiência. O grande cineasta francês Georges Méliès (1861-1938) é considerado por historiadores como aquele que levou o teatro para o cinema. Ele tinha uma sala de teatro chamada Robert Houdin. Lá ele encenava histórias simples sobre o cotidiano.
Em 1895, com o advento do cinema pelas mãos dos irmãos Auguste e Louis Lumière, Méliès passou no ano seguinte a realizar suas primeiras produções cinematográficas. A inspiração teatral está presente em seus filmes, caracterizado pelo plano fixo, em que não há movimentação da câmera, a construção do quadro (ambiente da cena) e a interpretação dos atores bem marcada e exagerada para explicitar ao público o que acontecia, já que na época os filmes eram mudos. Ele se especializou em fazer filmes com efeitos especiais como o fantástico "Un Homme de Têtes" (1898).
Com o passar dos anos tanto o teatro como o cinema ganharam linguagens próprias, mas mesmo assim seguindo uma relação estreita. Muitas das obras do escritor William Shakespeare foram parar no teatro como "Romeu e Julieta" e "Sonho de uma Noite de Verão". E consequentemente as peças foram parar no cinema. O ator e diretor Lawrence Olivier se enveredou nesse campo adaptando obras teatrais de Shakespeare para o cinema: "Hamlet" (1948) e "Ricardo III" (1955).
Dentre os elementos que diferenciam o cinema do teatro estão no espaço da presença ao vivo do ator e da plateia havendo a interação entre eles. No cinema se expande o espaço cênico, criado pela movimentação dos atores, já no teatro se trabalha com o espaço limitado. No cinema só se vê o que o enquadramento da câmera mostra. No teatro o espectador quem escolhe o que quer ver. No cinema há o paralelismo em que duas ou mais histórias acontecem ao mesmo tempo gerando fluência para quebrar a ideia de teatro. No cinema, o primeiro plano (enquadramento do tronco à cabeça) serve para a construção do drama. No teatro se vê o chão, o teto, e os atores.
ADAPTAÇÕES
Quanto a adaptação de uma peça de teatro para o cinema, o que se deve observar é como o diretor define a sua visão da peça para o filme. Para exemplificar, a peça "Boca de Ouro" (1960), escrita por Nelson Rodrigues começa em um consultório no qual o personagem principal, Boca de Ouro pede ao dentista que extraia todos os seus dentes e substitua por uma dentadura de ouro. No filme, de 1962, o diretor Nelson Pereira dos Santos opta por começar com um prólogo em que se inventa uma bibliografia do Boca que na peça não existe.
Muitas obras teatrais foram adaptadas para o cinema e vice-versa. Este ano passaram pelos palcos brasileiros a adaptação de "Madame Satã", que narra a trajetória de João Francisco dos Santos, um malandro transformista, homossexual e bom de briga, que se tornou figura emblemática na noite carioca. No cinema ele foi vivido por Lázaro Ramos. Outra produção que virou peça foi "Salò ou os 120 Dias de Sodoma", clássico do diretor italiano Pier Paolo Pasolini em que jovens são submetidos a diversas formas de tortura e humilhação em ciclos intitulados de Círculos da Mania, Merda e do Sangue.
A peça "Novas Diretrizes para Tempos de Paz" ganhou sua versão para o cinema, chamada "Tempos de Paz". Os atores Tony Ramos e Dan Stulbach que contracenaram no teatro entre 2002 e 2003, reprisam seus personagens no longa dirigido por Daniel Filho. O sucesso cinematográfico "Divã", também é uma adaptação teatral com a atriz Lília Cabral nas duas versões. O filme "As Pontes de Madison" (1995) com Clint Eastwood e Meryl Streep tem atualmente sua versão teatral em São Paulo. Os atores Marcos Caruso e Jussara Freire estão nos papéis principais na história de amor entre um fotógrafo e uma dona-de-casa casada. A peça fica em cartaz até o dia 20 de dezembro.
INFANTIS E MUSICAIS
Um público que tem muitas opções de filmes adaptados para o teatro é o infantil. Desenhos animados da Disney como "A Bela e a Fera", "A Pequena Sereia" e "A Dama e o Vagabundo" encantam a criançada. Da televisão para os palcos há "Cocoricó, uma Aventura no Teatro" e "Pucca Ao Vivo". E a aventura "Homem-Aranha: Ação e Aventura" empolgará a garotada com os saltos e voos do aracnídeo no Rio de Janeiro até o dia oito de novembro.
O musical é outro gênero de sucesso no teatro. O Brasil cultiva a onda de adaptação de filmes musicais americanos que por sua vez são adaptações de espetáculos apresentados na avenida Broadway, em Nova York. Em 2004, a atriz Danielle Winits encarnou a sensual Velma Kelly no musical "Chicago", que era uma peça americana e que também ganhou uma esplendorosa versão cinematográfica ganhadora de seis Oscar em 2003, incluindo melhor filme.
Os musicais da Broadway, "Os Produtores" e "Hairspray" são sucessos recentes nos palcos brasileiros. E o responsável pelas adaptações é o multifacetado Miguel Falabella. O filme "Primavera para Hitler" (1968) de Mel Brooks, foi adaptado para o teatro nos Estados Unidos em 2001 e em 2005 ganhou uma nova versão para o cinema. No Brasil, Falabella se inspirou no espetáculo musical, que fez enorme sucesso no ano passado.
A atual empreitada de Falabella é "Hairspray", adaptação do musical de mesmo nome, que ganhou uma adaptação para o cinema, com John Travolta na pele da mãe protetora Edna Turnblad. Por aqui, a peça tem Edson Celulari vivendo o mesmo personagem que Travolta interpretou no filme. Para quem mora no Rio de Janeiro e quiser conferir a peça aproveite, pois o musical foi prorrogado até o dia 1° de novembro. Cinema e teatro, duas artes que com suas linguagens próprias acabam em um bom casamento no território das adaptações.
O cinema é uma arte, na verdade ela é considerada a sétima arte numa lista de onze: música, dança, pintura, escultura, teatro, literatura, cinema, fotografia, história em quadrinhos, videogame e arte digital em 2D e 3D. Atualmente essas mídias se misturam numa arte simbiótica numa jornada de adaptações sem fim. O cinema dialoga com todas as outras artes. O teatro é uma delas. Elas se alimentam uma da outra em centenas de filmes e peças.
O teatro surgiu na Grécia Antiga, no séc. IV a.C., com a representação de lendas referentes a deuses e heróis. O teatro é o local físico onde se realiza o drama frente à uma audiência. O grande cineasta francês Georges Méliès (1861-1938) é considerado por historiadores como aquele que levou o teatro para o cinema. Ele tinha uma sala de teatro chamada Robert Houdin. Lá ele encenava histórias simples sobre o cotidiano.
Em 1895, com o advento do cinema pelas mãos dos irmãos Auguste e Louis Lumière, Méliès passou no ano seguinte a realizar suas primeiras produções cinematográficas. A inspiração teatral está presente em seus filmes, caracterizado pelo plano fixo, em que não há movimentação da câmera, a construção do quadro (ambiente da cena) e a interpretação dos atores bem marcada e exagerada para explicitar ao público o que acontecia, já que na época os filmes eram mudos. Ele se especializou em fazer filmes com efeitos especiais como o fantástico "Un Homme de Têtes" (1898).
Com o passar dos anos tanto o teatro como o cinema ganharam linguagens próprias, mas mesmo assim seguindo uma relação estreita. Muitas das obras do escritor William Shakespeare foram parar no teatro como "Romeu e Julieta" e "Sonho de uma Noite de Verão". E consequentemente as peças foram parar no cinema. O ator e diretor Lawrence Olivier se enveredou nesse campo adaptando obras teatrais de Shakespeare para o cinema: "Hamlet" (1948) e "Ricardo III" (1955).
Dentre os elementos que diferenciam o cinema do teatro estão no espaço da presença ao vivo do ator e da plateia havendo a interação entre eles. No cinema se expande o espaço cênico, criado pela movimentação dos atores, já no teatro se trabalha com o espaço limitado. No cinema só se vê o que o enquadramento da câmera mostra. No teatro o espectador quem escolhe o que quer ver. No cinema há o paralelismo em que duas ou mais histórias acontecem ao mesmo tempo gerando fluência para quebrar a ideia de teatro. No cinema, o primeiro plano (enquadramento do tronco à cabeça) serve para a construção do drama. No teatro se vê o chão, o teto, e os atores.
ADAPTAÇÕES
Quanto a adaptação de uma peça de teatro para o cinema, o que se deve observar é como o diretor define a sua visão da peça para o filme. Para exemplificar, a peça "Boca de Ouro" (1960), escrita por Nelson Rodrigues começa em um consultório no qual o personagem principal, Boca de Ouro pede ao dentista que extraia todos os seus dentes e substitua por uma dentadura de ouro. No filme, de 1962, o diretor Nelson Pereira dos Santos opta por começar com um prólogo em que se inventa uma bibliografia do Boca que na peça não existe.
Muitas obras teatrais foram adaptadas para o cinema e vice-versa. Este ano passaram pelos palcos brasileiros a adaptação de "Madame Satã", que narra a trajetória de João Francisco dos Santos, um malandro transformista, homossexual e bom de briga, que se tornou figura emblemática na noite carioca. No cinema ele foi vivido por Lázaro Ramos. Outra produção que virou peça foi "Salò ou os 120 Dias de Sodoma", clássico do diretor italiano Pier Paolo Pasolini em que jovens são submetidos a diversas formas de tortura e humilhação em ciclos intitulados de Círculos da Mania, Merda e do Sangue.
A peça "Novas Diretrizes para Tempos de Paz" ganhou sua versão para o cinema, chamada "Tempos de Paz". Os atores Tony Ramos e Dan Stulbach que contracenaram no teatro entre 2002 e 2003, reprisam seus personagens no longa dirigido por Daniel Filho. O sucesso cinematográfico "Divã", também é uma adaptação teatral com a atriz Lília Cabral nas duas versões. O filme "As Pontes de Madison" (1995) com Clint Eastwood e Meryl Streep tem atualmente sua versão teatral em São Paulo. Os atores Marcos Caruso e Jussara Freire estão nos papéis principais na história de amor entre um fotógrafo e uma dona-de-casa casada. A peça fica em cartaz até o dia 20 de dezembro.
INFANTIS E MUSICAIS
Um público que tem muitas opções de filmes adaptados para o teatro é o infantil. Desenhos animados da Disney como "A Bela e a Fera", "A Pequena Sereia" e "A Dama e o Vagabundo" encantam a criançada. Da televisão para os palcos há "Cocoricó, uma Aventura no Teatro" e "Pucca Ao Vivo". E a aventura "Homem-Aranha: Ação e Aventura" empolgará a garotada com os saltos e voos do aracnídeo no Rio de Janeiro até o dia oito de novembro.
O musical é outro gênero de sucesso no teatro. O Brasil cultiva a onda de adaptação de filmes musicais americanos que por sua vez são adaptações de espetáculos apresentados na avenida Broadway, em Nova York. Em 2004, a atriz Danielle Winits encarnou a sensual Velma Kelly no musical "Chicago", que era uma peça americana e que também ganhou uma esplendorosa versão cinematográfica ganhadora de seis Oscar em 2003, incluindo melhor filme.
Os musicais da Broadway, "Os Produtores" e "Hairspray" são sucessos recentes nos palcos brasileiros. E o responsável pelas adaptações é o multifacetado Miguel Falabella. O filme "Primavera para Hitler" (1968) de Mel Brooks, foi adaptado para o teatro nos Estados Unidos em 2001 e em 2005 ganhou uma nova versão para o cinema. No Brasil, Falabella se inspirou no espetáculo musical, que fez enorme sucesso no ano passado.
A atual empreitada de Falabella é "Hairspray", adaptação do musical de mesmo nome, que ganhou uma adaptação para o cinema, com John Travolta na pele da mãe protetora Edna Turnblad. Por aqui, a peça tem Edson Celulari vivendo o mesmo personagem que Travolta interpretou no filme. Para quem mora no Rio de Janeiro e quiser conferir a peça aproveite, pois o musical foi prorrogado até o dia 1° de novembro. Cinema e teatro, duas artes que com suas linguagens próprias acabam em um bom casamento no território das adaptações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário