segunda-feira, 14 de julho de 2014

RESGATE DO NOIR


Dica da semana é o noir "O Segredo de Berlim"

“O Segredo de Berlim” tem como pano de fundo uma Berlim devastada pela guerra no qual traz George Clooney como o jornalista de guerra Jake Geismar que reencontra a ex-amante, Lena Brandt (Cate Blanchett), e acaba se envolvendo em uma misteriosa trama de assassinato.

O filme faz uma grande homenagem ao subgênero noir. Por que subgênero? Porque o noir está sempre inserido em um outro gênero. O noir é tratado como subgênero nos livros "O Outro Lado da Noite: Filme Noir" e "Dicionário Teórico e Crítico de Cinema". No caso de “O Segredo de Berlim” trata-se de um noir inserido em um filme de drama/suspense. Outro exemplo recente é "Sin City -A Cidade do Pecado" (2005) que é um noir dentro de um filme de ação.

O noir surgiu na década de 1940, após a 2° Guerra Mundial. As produções desse gênero despertaram o interesse geral em função das suas características visuais e temáticas diferentes de outros filmes realizados antes da guerra. 

O filme inaugural do gênero foi "O Homem do Olhos Esbugalhados" (1040). Esse e outros longas tinham como particularidades, histórias cheias de niilismo, paranoia e cinismo; a existência de personagens ambíguos, crimes e uma ambientação urbana. Eles eram estruturados em uma narrativa sinuosa e pessimista em voz over e utilizavam a fotografia em preto-e-branco.

Em "O Segredo de Berlim" o diretor Steven Soderbergh recria toda a ambientação e clima do subgênero. A história tem um casal que vive um amor proibido, os personagens são pessoas em quem não se pode confiar. A interpretação dos atores é bem teatralizada, com um tom de voz rebuscado. Cate Blanchett faz uma clássica femme fatale, misteriosa cheia de segredos, que lembra Ava Gardner.

A fotografia em preto-e-branco é impecável, com a trama ambientada em locais escuros, noites esfumaçadas e com uma trilha sonora cheia de nuances. Outras características marcantes são os planos com grande profundidade de campo e enquadramentos de baixo para cima (contra-plongée) em que se mostra o teto dos cenários.

Para colocar o teto como parte integrante do enquadramento, deve se contar com um bom trabalho de fotografia. Como o teto é mostrado, dificulta-se o trabalho de iluminação do local. Esse recurso era muito utilizado pelo cineasta Orson Welles, como no filme “Cidadão Kane”.

“O Segredo de Berlim” é um ótimo convite à aqueles que querem conhecer melhor esse subgênero fascinante que é o noir.

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