Longa de ação com Clive Owen é um dos lançamentos da Netflix para este mês
“Mandando Bala é um ótimo filme de ação." “Mandando Bala é um péssimo filme de ação." Bem, isso vai depender de quem assiste ao filme. E isso levanta uma questão interessante a respeito do cinema de ação. Esse gênero é o que mais atrai público aos cinemas e para gostar dele é preciso embarcar na aventura.
Quantas vezes você já ouviu alguém na sala de cinema reclamando de alguma cena de um filme de ação? Coisas do tipo: “Até parece”, “Ah, ele não vai fazer isso” ou então “Ai que mentira!”, são comuns de se ouvir.
O cinema surgiu há 117 anos e ele possui diversas funções e a principal delas é a de entretenimento. A ideia de entrar numa sala escura, se refugiar lá por duas horas e viver uma grande história pela tela empolga muita gente. Segundo o autor Christian Metz o conteúdo de um filme é classificado de várias formas.
O tipo heroico satisfaz no espectador uma generosidade sem uso na vida cotidiana. E o filme de ação é um gênero que permite isso. Com ele, o espectador vive histórias incríveis, inimagináveis que só podem ser vividas no cinema. Cada gênero cinematográfico tem o seu dizer próprio, um conteúdo específico no qual o impossível é possível. Por isso, ao assistir a um filme de ação é preciso conhecer as regras do jogo para vivenciar e apreciar todas as peripécias na tela de forma intensa e íntima.
O filme de ação funciona com o modelo comum no qual o herói deve capturar um outro personagem do domínio hostil. A partir desse modelo há variações. O “erro” que seria um assassinato, roubo ou separação implica no ponto de partida da história. O herói leva a cabo uma briga com o oponente de forma que seu objetivo seja realizado e no final conseguir reparar o “erro”.
No filme “Mandando Bala” o herói tenta salvar uma mulher que acaba de dar à luz, só que ela acaba morrendo em um tiroteio. Resta a ele livrar o bebê da morte, quando descobre que a criança é alvo de um esquema de transplante de medula óssea. Confuso? Pois a trama um tanto quanto complicada deve ser deixada de lado. O bom mesmo é se deixar levar pela aventura, no qual a improbabilidade é a ferramenta para o diretor Michael Davis criar cenas absurdamente criativas.
O herói se chama Smith (Clive Owen) e é um homem mal-humorado que se designa como um babá britânico e perigoso. Ele é jeitoso com as palavras e é bem esperto. O tempo todo ele come cenoura, já que faz bem para os olhos e consequentemente ajuda na mira quando vai atirar. E para comprar munição ele não faz cerimônia e usa ticket de alimentação, já que serve como dinheiro.
Para ajudar Smith ele vai atrás da bela prostituta ama-de-leite interpretada pela generosa (Monica Bellucci), já que o bebê está faminto e também precisa de um carinho materno. O vilão, vivido pelo sempre ótimo Paul Giamatti é um capítulo à parte e fica pra ele a tarefa de dizer os diálogos mais divertidos do filme, como: “Sabe qual a diferença entre a esposa e a arma? É que na arma dá pra por um silenciador!”.
Outra pérola dele é a seguinte: “Violência é uma das coisas mais divertidas de se ver”. E não é verdade? Em qual outro gênero cinematográfico se pode ver loucuras fisicamente impossíveis de acontecer? Em "Mandando Bala", o herói enfrenta um batalhão, sem se machucar e ainda por cima com um bebê nos braços. E a forma então como o vilão é morto é engraçadíssima de tão absurda que é.
O filme é ágil, não perde tempo com cenas piegas e blá blá blá. Tudo é bem exagerado, com um humor cínico. Ele é absurdo sim, é insano sim e esses ingredientes nunca foram tão bem usados numa produção de ação como nessa. Então quem for assistir a “Mandando Bala”, prepare-se para as regras do jogo. Perderá aquele que não souber se divertir com um filme de ação.
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