
25 de agosto de 1981, ano de turbulência na política brasileira com a renúncia do presidente Jânio Quadrose a morte do prefeito de Sucupira. Para substituir o morto, uma eleição é feita às pressas na cidadezinha. No embate estão Vladimir de Castro (Tonico Pereira) e Odorico Paraguaçu (Marco Nanini). Este último acaba eleito e promete como primeiro ato de sua candidatura, a construção de um cemitério. Dessa forma, o local será a morada eterna para os mortos e o ato manterá o prefeito no coração dos vivos.
“Caixa 2, todo mundo faz!”. Com essa filosofia Odorico segue em frente com o seu plano, pois para quê água e luz, um cemitério é muito mais importante. Superfaturando os materiais de construção, o cemitério fica pronto. Mas não foi inaugurado porque ninguém morre na cidade. Aí a popularidade do prefeito começa a cair e ele sai em busca de um moribundo para ser o primeiro inquilino do cemitério.
“O Bem Amado” é baseado na obra de Dias Gomes e já foi transformada em novela em 1973, com Paulo Gracindo como Odorico Paraguaçu. A versão cinematográfica é dirigida por Guel Arraes que tem longa carreira na televisão envolvido com “TV Pirata”, “O Auto da Compadecida” e “A Grande Família”. Ele imprime o seu estilo com a ambientação nordestina, edição acelerada e atuação caricata para dar o tom de comédia ao longa.
Com linguagem televisiva descarada, Arraes faz um filme com cara de minissérie. Durante o filme dá até para imaginar onde seria feito os cortes para entrar o intervalo. Na tela do cinema a produção se perde e com certeza terá uma melhor recepção do público quando a produção chegar na TV no ano que vem, quando a produção for transformada em minissérie de quatro capítulos na Globo. Lá sim é o lugar de “O Bem Amado”.
Ele é uma obra despretensiosa e didática para que o espectador distraído de televisão consiga apreciar o “filme” entre uma ida ao banheiro e um lanchinho nos intervalos. O diretor/roteirista Guel Arraes reduz o filme a um produto televisivo. O longa "O Bem Amado" é uma versão pronta para ser digerida como enlatado de televisão. Uma pena!
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