sexta-feira, 25 de março de 2011

INVASÃO DOS REBOOTS


Na urgência de resgatar personagens, estúdios de Hollywood apostam no reinício de franquias cinematográficas

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quinta-feira, 24 de março de 2011

ZONA DE GUERRA

Pelotão americano instalado num dos lugares mais perigosos do planeta é visto no documentário “Restrepo”

“Vamos para a guerra!”. É isso que um grupo de oficiais americanos diz empolgado a caminho do Afeganistão em 2007. Eles fazem parte de um pelotão que vai atuar no leste do país, no Vale Korengal, considerado não só o lugar mais perigoso do Afeganistão como também o lugar mais mortal da Terra.

Em “Restrepo”, os oficiais se estabelecem no posto avançado KOP, região dominada pelo Talibã. A incerteza e o medo tomam conta deles. Emboscadas aparecem de todos os lados possíveis. Na Operação Avalanche, todas as posições americanas são atacadas ao mesmo tempo. Em 2010, os Estados Unidos saiu de lá com 50 baixas e homens sem saber lidar com as lembranças de combate.

A guerra no Afeganistão tem sido muito retratada em documentários, como em “No End in Sight”, “Operation Homecoming: Writing the Wartime Experience” e “Iraq in Fragments”. Todos eles são muito eficientes em explorar os desafios e as injustiças de uma guerra infundada, assim como “Restrepo”.

quarta-feira, 23 de março de 2011

ADEUS A ELIZABETH TAYLOR

Estrela de muitos clássicos, como "Gata em Teto de Zinco Quente", morre aos 79 anos

A dama do cinema americano, Elizabeth Taylor, teve sua vida interrompida nesta madrugada, quando a atriz morreu, após um quadro de insuficiência cardíaca, aos 79 anos.

A atriz começou a carreira aos 10 anos e protagonizando "Lassie Come Home". Aos 15, atuou em Nossa Vida Com Papai. Já adulta Liz fez aprte de projetos marcantes como, "Assim Caminha a Humanidade", "Gata em Teto de Zinco Quente" e "Cleópatra".

"Disque Butterfield 8" e "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?", lhe valeram o Oscar de melhor atriz. Com a sáude debilitada, Liz fez seu último trabalho, em 2001, dublando uma personagem da série animada God, the Devil and Bob.

AMORES

A vida fora das telas, acabou chamando muito mais atenção, do que os filmes de Liz. Muito apaixonada, ela se casou oito vezes, duas delas com o ator Richard Burton, que conheceu no set de "Cleópatra".


OS MUITOS MARIDOS DE ELIZABETH TAYLOR


Conrad Hilton Jr. (1950 – 1951)

Michael Wilding (1952 – 1957)

Mike Todd (1957 – 1958)

Eddie Fisher (1959 – 1964)

Richard Burton (1964 – 1974) / (1975 – 1976)

John Warner (1976 – 1982)

Larry Fortensky (1991 – 1996)

sexta-feira, 4 de março de 2011

POR TRÁS DA TROPA

NO MUNDO DO CINEMA revela os passos de "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora É Outro" até o sucesso numa entrevista exclusiva com dois membros da equipe do filme: Marcos Prado e Bráulio Mantovani

O ano de 2010 foi fantástico para o cinema nacional. "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora É Outro" se tornou a maior bilheteria da história da indústria cinematográfica brasileira com um faturamento de R$ 104 milhões e um público de 11,1 milhões. Este é apenas o começo. Agora ele terá uma longa jornada em festivais e no home vídeo. Mais do que números os dois filmes de "Tropa de Elite" conseguiram o feito de se tornarem um fenômeno cultural colocando o coronel Nascimento (Wagner Moura) no patamar de ídolo nacional.

A fórmula para o sucesso não existe e é aí que entra o talento e o know-how de uma equipe disposta a arriscar. Foi este o caso de "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora É Outro". À frente da missão está o diretor José Padilha que comandou uma produção ambiciosa, cercada de estratégias e um trabalho complexo de logística para colocar "Tropa 2" na tela.

Para colocar você a par desse fenômeno, NO MUNDO DO CINEMA conversou com personagens centrais que fizeram com que "Tropa 2" tivesse uma história de sucesso tanto de público quanto de crítica. O produtor Marcos Prado e o roteirista Bráulio Mantovani, revelaram como foi transformar a história no papel em imagens para a tela. Desde o conceito da trama do filme, as estratégias de mercado, até as precauções tomadas para evitar o vazamento de informações e a pirataria da produção.

TRABALHO NA RAÇA

Produtor Marcos Prado revela os desafios para colocar "Tropa de Elite 2" no cinema e no home video e as chances do filme no mercado internacional

A produção "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora É Outro" conta com uma equipe de parceria vinda do primeiro, lançado em 2007. Marcos Prado, produtor dos dois filmes da série agora se prepara para lançar seu primeiro longa-metragem de ficção: "Paraísos Artificiais" com José Padilha – diretor de "Tropa 1" e "2" – como o produtor. O filme aborda o universo das festas raves e do consumo de drogas. Os dois são parceiros de longa data, além dos filmes "Tropa", Prado produziu o documentário "Ônibus 174", de Padilha.

Prado finaliza agora a edição do longa no que chama de “corrida contra o tempo”, pois "Paraísos" participará do Amsterdam Film Festival, que anuncia os ganhadores no dia 31 de maio. Ele interrompeu a “corrida” para conversar com o NO MUNDO DO CINEMA, sobre o trabalho realizado em 'Tropa de Elite 2" e o futuro do filme no mundo cinematográfico.

Como nasceu o fenômeno “Tropa de Elite”? Em 2007, quando o primeiro filme foi lançado, vocês tinham ideia do sucesso que a produção faria e o quanto isso cresceria com o segundo?
Por causa da pirataria do primeiro filme, a mídia espontânea que tivemos por três meses, a polêmica em relação ao conteúdo e a forma, as pessoas acusando o filme de fascista, maniqueísta e outras amando o filme... Isso virou um assunto, uma coisa partidária. Quando pensamos em fazer o segundo filme, nós achávamos que nó mínimo teríamos o mesmo público do primeiro: 2,5 milhões de espectadores. Preparamos um plano de negócios e fizemos uma pesquisa de mercado. As sequências de sucesso quase sempre fazem o mesmo número ou um pouco melhor que o primeiro. Projetamos dois cenários: pessimista com o número que deu o "Tropa 1" e o otimista contando com as 11,5 milhões de pessoas que segundo o Datafolha e o IBOPE assistiram a versão pirata. Colocamos na internet o trailer e a partir dele percebemos que tínhamos um potencial. Inicialmente iríamos lançar o filme com 600 cópias, que já era algo audacioso e terminamos com quase 790. A resposta que o trailer teve no YouTube deu uma força para nos arriscarmos.

O que mudou na parte prática para a produção entre o primeiro e o segundo filme?
Na produção sabíamos que teria de ser feita uma ação que imprimisse verdade. Tanto o 1 quanto o 2 misturam ação com conteúdo. Não partimos para fazer o segundo filme porque era uma boa oportunidade de negócio. Existia toda a temática das milícias que não havia sido explorada. Vimos que tinha muita coisa para ser contada, fazer o Nascimento passar da visão que tinha de dentro do quartel da Polícia Militar para dentro da política.

Qual você diria que foi o maior desafio para filmar "Tropa 2"?
Conseguimos apoio de todas as instituições, do governo municipal e estadual. Imprimimos muita verdade. Filmamos dentro do quartel do Bope. Eles nos apoiaram integralmente. Tinha um Caveirão quebrado, consertamos ele e usamos na cena da invasão no Morro Dona Marta. A Polícia Civil alocou o helicóptero para outra sequência. A dificuldade foi conseguir todos esses apoios. Fizemos diversas reuniões explicando a importância de trazer essa temática para a população. Foi bem trabalhoso, não foi de uma hora para outra. Outra questão era quanto a nossa decisão de distribuir o filme sozinhos.

Como veio essa decisão de controlar todo o lançamento por meio da própria Zazen Produções, incluindo a distribuição independente nos cinemas e em vídeo?
O primeiro filme foi distribuído pela Universal Pictures e quando apresentamos o plano de negócios, ela não quis participar. Era um projeto muito complexo e ela achou que estávamos sendo um pouco audaciosos e assim nos tornamos os donos de todos os direitos do filme. Em vez de nos associarmos a outra distribuidora, decidimos fazer nós mesmos. Achamos um expert no mercado que é o Marco Aurélio Marcondes, que já foi sócio da Europa Filmes, ajudou a fundar a Globo Filmes. Ele tem um know how muito grande em lançar filmes. Nós o contratamos para ele ser o coordenador de lançamentos, montamos uma micro distribuidora aqui mesmo na Zazen e capitaneados por Marcondes fomos estudando o tamanho do lançamento, apostamos tudo e deu certo.

Como foi montada a equipe de produção do filme?
Procuramos repetir a fórmula com os mesmos técnicos do primeiro "Tropa". A direção de arte mudou um pouco com o Tiago Marques Teixeira. O primeiro foi tão difícil de fazer, corremos tanto risco nas favelas dominadas pelo poder paralelo e isso fez com que a equipe ficasse muito unida. Agregamos uma nova equipe de produção, mas repetimos todos os técnicos: som, maquiagem, figurino, inclusive os estrangeiros que haviam feito os efeitos especiais do "Tropa 1".

Quanto a escolha do elenco, quais foram as escolhas mais fáceis e quais deram mais trabalho?
Wagner Moura! (risos). Foi convencê-lo a fazer o 2 (risos). Antes de fazer a sequência pensávamos em produzir uma minissérie. As emissoras começaram a propor isso, tinha a dúvida em fazer e o Wagner também não queria. Passaram uns dois anos quando houve a ideia de fazer o 2. Apresentamos a ele como seria o personagem, já que não seria uma continuação simplesmente. O Wagner se interessou vendo que não seria uma repetição do personagem. Era um elenco grande com mais de 100 pessoas, o Rafael Salgado [assistente de direção] e a Fátima Toledo [preparadora de elenco] ajudaram muito. Foi um longo processo, tudo é muito difícil no cinema (risos).

Segundo dados fornecidos pelo Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Município do Rio de Janeiro (SEDCMRJ), na segunda semana de 2011, "Tropa de Elite 2" ainda estava em cartaz e contabilizava público de mais de 11,2 milhões de espectadores. A que você atribui tal marca?
Só tem uma coisa que leva as pessoas ao cinema que é o boca-a-boca. Alguém gosta e recomenda o filme. Não adianta colocar toneladas de anúncios e propagandas, isso só ajuda no começo. A qualidade dele é que faz esse sucesso. Já tínhamos a vantagem do primeiro filme e até brincamos que nunca saberemos se a pirataria dele foi ruim para nós. Mais de 11 milhões de pessoas tinham assistido a versão pirata. O Ibope calculou que 70% dos brasileiros tinham ouvido falar do Capitão Nascimento e isso se alastrou pelo Brasil. Grande parte desse sucesso se deu por causa do "Tropa 1".

Muito se fala sobre o fato de "Tropa de Elite" ainda não ter sido lançado em Blu-ray. Existe alguma chance de vermos o filme de 2007 nesse formato no futuro próximo?
Prado – Esperaremos um pouco. Primeiro vamos terminar de lançar todos os subprodutos do Tropa 2. Temos um documentário sendo montado sobre "Tropa 1" e "2" e que vai ser lançado no cinema e por isso vamos esperar um pouco.

Os fãs podem esperar por um box com os dois filmes em breve?
Mais para frente podemos fazer um lançamento duplo, um produto diferenciado. Mas esse documentário do qual falei ainda está sendo montado, vai ser o primeiro filme do Alexandre Lima, que começou aqui na Zazen. Ele fez todas as filmagens do making of dos dois filmes e está montando toda a saga que foi realizar essas duas produções. As pessoas gostam tanto das duas e vai poder entender os bastidores, como foi preparar o personagem do Wagner Moura, são muitos detalhes, tem muita coisa que aconteceu nesse ínterim e pode ser um material de interesse do público.

Falando sobre a carreira internacional de "Tropa 2", ele já foi exibido no Festival Sundance de Cinema. Quais outros eventos internacionais o filme participará?
Agora estamos mostrando o filme nos Estados Unidos para alguns distribuidores. Existe a possibilidade de se fazer um lançamento independente com empresas menores para tentar pegar o mercado de brasileiros e latinos. Estamos ouvindo propostas. O filme participou do Festival de Berlim na mostra Panorama e lá ouvimos outras propostas. Calmamente vamos para os festivais e deixar o "Tropa" conquistar o mundo !

CONTANDO A HISTÓRIA

Bráulio Mantovani comenta sobre o trabalho de roteirista em "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora É Outro"

Todo filme começa pelo roteiro. A incrível história do capitão Nascimento que em "Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora É Outro" é coronel e enfrenta as milícias, saiu da cabeça do roteirista Bráulio Mantovani e do diretor José Padilha. Esta é a terceira colaboração entre eles no qual Mantovani também escreveu o documentário "Última Parada – 174" e do primeiro "Tropa de Eilte". O novo trabalho dele no cinema é em "Vips" que estreia no dia 25.

Saindo do universo realístico dos roteiros que faz para o cinema, Mantovani abusa da imaginação no livro "Perácio - Relato Psicótico" já a venda nas livrarias. Segundo o autor é um livro sobre pesadelos e loucura e como a loucura da linguagem pode ser contagiosa. Para os palcos, ele escreveu a peça de teatro "Menecma" que estreia no final de março no Teatro Popular do Sesi com direção de Laís Bodanzky.

Mantovani conversou com o NO MUNDO DO CINEMA sobre o livro, a peça e também sobre o trabalho em "Tropa de Elite 2". Na entrevista a seguir ele comenta do orgulho que sente da continuação de "Tropa". “Eu nunca fiquei tão orgulhoso do meu trabalho tanto quanto fiquei com "Cidade de Deus" e "Tropa de Elite 2". Até achei que nunca mais sentiria o mesmo orgulho que senti com Cidade de Deus, mas voltei a sentir com o 'Tropa 2'”.

Como foi o processo de criação do roteiro de "Tropa de Elite 2"?
O roteiro foi feito em parceria com o José Padilha. O Daniel Rezende, montador do filme, me ligou para falar que o Padilha estava pensando em fazer uma continuação, já que a ideia de realizar a minissérie não tinha dado certo. A princípio eu não gostei muito da ideia porque contar a mesma história duas vezes não é muito a minha praia. Mas ele já tinha as ideias fundamentais sobre mostrar o Nascimento 15 anos depois, dele parar na Inteligência da Polícia Militar e lidar com o tema das milícias. Quando o Padilha me contou isso, eu gostei. Partimos então para o roteiro com muitas conversas, o Rodrigo Pimentel [ex-capitão do Bope] nos assessorou com as histórias que ele viveu e a de outros policiais e fomos montando várias possibilidades para a história. Eu fiz três versões bem diferentes de roteiro e a terceira versão foi reescrita pelo Padilha. Depois eu dei alguns palpites e só na montagem nos juntamos para ver se seria preciso mudar alguma coisa, mas sugeri poucas mudanças.

Quanto tempo levou para o roteiro ser feito?
Da ideia inicial até ter o roteiro pronto para a filmagem foi um processo de mais ou menos um ano e dois meses.

Para escrever o roteiro, como foi a etapa de pesquisas, foi necessário fazer um trabalho em campo?
A pesquisa foi dividida entre o Padilha e eu. Ele entrevistou muitos policiais e fez uma pesquisa voltada a realidade policial. O Pimentel foi uma fonte incessante de histórias policias. Eu fiz a pesquisa política. Fiquei mais próximo do Marcelo Freixo [deputado estadual PSOL-RJ] que serviu de inspiração para o personagem Fraga [Irandhir Santos], um militante dos direitos humanos que depois entra para a política. Essa história é muito próxima do Freixo. Ficamos muito amigos e ele me passou todas as gravações do canal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro com as CPIs das milícias que ele presidiu. Assisti mais de 30 horas de depoimentos de milicianos. Essa foi a pesquisa mais extensa. Fui também na Assembleia, Freixo me explicou como tudo funcionava. O Freixo está para mim assim como o Pimentel está para o Padilha (risos).

Os seus roteiros estão ligados a questões da realidade. Em projetos futuros, você pretende continuar seguindo esses temas ou fazer roteiros com histórias mais imaginativas como é o caso do livro e da peça que você escreveu?
Eu não faço nenhum tipo de restrição a temas. Se o projeto é legal, a história é boa e eu sinto que sei contá-la bem independe se é uma temática social ou não. O tema está em segundo plano, mas eu gosto muito de cinema político. Adorei fazer "Tropa 2" justamente por isso, ele é um filme muito político. Eu tenho mais simpatia com filmes que de que alguma forma são explicitamente políticos.

Quando você e o Padilha estavam escrevendo o roteiro, imaginavam que os temas do filme gerariam tanta repercussão e uma resposta positiva do público?
Enquanto estou escrevendo, eu não penso em nenhum momento no que o filme pode ser em termos de mercado, bilheteria. Eu fico concentrado na história e fazer com ela mexa comigo, me deixe perturbado. É isso que eu procuro. Depois vendo Tropa 2 pronto eu adorei. Achei o filme maravilhoso, mas ele ficou mais denso e menos pop que o primeiro, com uma trama muito intricada. Na verdade eu achei que o filme não faria muito sucesso (risos). Eu disse pro Padilha que achei o filme maravilhoso, eu não ficava orgulhoso assim desde Cidade de Deus. Mas achei que o filme talvez não tivesse os ingredientes que tinham feito o primeiro ser um sucesso tão grande. Falei: “Acho que não vamos fazer o mesmo público do primeiro, mas paciência porque não vamos mexer em nada, pois está maravilhoso”. Estava redondamente enganado (risos).

Depois do sucesso estrondoso de "Tropa de Elite 2", você acha que há uma história para ser contada num terceiro filme?
Desde que o filme estreou até este momento, eu não consigo imaginar uma continuação para "Tropa de Elite". Não que não exista muitas histórias da polícia que renderiam um bom longa, tem histórias de sobra. Mas eu não sei mais o que podemos fazer com o Nascimento. Fizemos ele dizer que a polícia do Rio de Janeiro tem de acabar (risos), então eu não sei depois dele dizer isso para onde o Nascimento poderia ir. Nesse momento não tem o que fazer com ele, no entanto, o trabalho criativo é sempre muito imprevisível. Nunca vou dizer que não dá para fazer uma continuação, a única resposta honesta que posso dar é que eu não saberia como fazer essa continuação agora.

Agora falando um pouco sobre o seu livro, "Perácio - Relato Psicótico", do que se trata a obra?
Eu escrevi esse livro como se não fosse meu. Eu comecei a trabalhar nele em 1996. O tema são pesadelos, principalmente os meus, que eu tenho muito desde a infância e sempre tive vontade de fazer algo com pesadelos. Eu inicialmente tentei escrever um curta-metragem quando ainda morava em Nova York, isso em 1990. Anos depois numa situação de trabalho conheci um homem chamado Perácio e o chefe dele gritava “Perácio” constantemente e fiquei com esse nome na cabeça. Eu pensei: “se um dia eu escrever um romance ele se chamará Perácio”. Comecei a escrever sobre o que o Perácio pensa, sonha, os pesadelos... Percebi que a voz que contava os pesadelos dele, não era a minha voz, mas de um outro personagem. Eu inventei o narrador que está internado num hospital psiquiátrico contando a história para mim. Inventei uma história de que fui nessa instituição para fazer pesquisa para um filme... O livro tem dois narradores, o CFD que conta a história do Perácio e o outro sou eu, no qual conto o que acontecia no local quando CFD não estava falando. Percebi que eu também tinha de ser um personagem do livro, um personagem que enlouquecia ao longo do dia. O livro trata principalmente do fato de pessoas que têm muito pesadelo têm a tendência em confundir realidade com fantasia. O Perácio é um caso desse e levei isso ao limite, o que aconteceria com alguém que vivesse numa total confusão entre esses dois mundos. É contar como esses pesadelos podem enlouquecer uma pessoa e como o narrar esses pesadelos podem enlouquecer quem está escutando essa narração.

Como você começou a escrever o livro em 1996, o seu trabalho hoje como roteirista não influenciou no seu trabalho como romancista, certo?
Quando comecei a escrever o livro eu nem tinha feito o roteiro de "Cidade de Deus". Esse trabalho não tem absolutamente nada a ver com o que eu faço quando escrevo um roteiro. É outra parte do cérebro que entra em ação.

Desta forma qual é a diferença entre escrever um livro e um roteiro?
Todos os filmes que eu fiz até hoje foi sob encomenda. Eu sempre me coloco como o autor do roteiro, coloco coração e alma no que estou fazendo, mas é sempre algo de fora pra dentro, de alguém me procurar para escrever um roteiro. A minha peça "Menecma" é de 1992 e o livro comecei a desenvolver em 1996. Essas obras partiram da minha imaginação, não teve ninguém me contratando para fazer. Isso já é uma grande diferença. Tecnicamente há uma grande diferença também. No cinema é preciso contar uma história com imagens e ações. Os diálogos não são as partes mais importantes de um roteiro. Os meus roteiros possuem apenas 25% de diálogo, o resto é tudo ação. É preciso encadear uma trama visualmente e trabalhar com a ideia de narrativa dramática. No teatro também tem a narrativa dramática, mas a graça está na troca de diálogos. A grande ferramenta para produzir efeitos inesperados e fazer o espectador responder aquilo está nos diálogos. Na literatura já é a palavra em si, o discurso, tudo é puramente verbal, por mais que no meu livro eu descreva muitos pesadelos com imagens estranhas.

"Perácio" poderia se tornar um filme?
Não daria para fazer um filme a partir do livro, seria só um filme com imagens estranhas, não é uma história que possa ser contada na forma dramática do cinema. Na minha opinião só funciona como literatura mesmo. É claro que alguém pode inventar um filme a partir do livro, mas quem fizer isso terá de se apropriar do livro e contar outra coisa, pois contar a história como está no livro só funciona mesmo no discurso verbal.

E a peça "Menecma', do que se trata?
É preciso ver a peça para descobrir o significado da palavra (risos). Ela tem uma certa composição dramatúrgica que parece sugerir um sonho às vezes.

quarta-feira, 2 de março de 2011

MENINA MULHER

Trajetória de garota de programa mais famosa do Brasil ganha as telas em “Bruna Surfistinha”

Bruna Surfistinha é um nome conhecido no Brasil em especial após o lançamento do livro ”O Doce Veneno do Escorpião” no qual Raquel Pacheco conta os detalhes da vida como prostituta. A obra vendeu mais de 300 mil exemplares e agora ganha uma adaptação para o cinema intitulada “Bruna Surfistinha”.

O filme marca a estreia do diretor Marcus Baldini e traz Deborah Secco interpretando a prostituta. A produção mostra a trajetória da adolescente Raquel que foge de casa e vai para a cidade grande se prostituir utilizando o nome Bruna Surfistinha. No começo ela não sabe ser sexy, ser desejada. Mas aos poucos descobre que adora se prostituir. A moça passa a relatar suas histórias em um blog fazendo a cotação dos clientes e assim se transforma num sucesso, interrompido pela ilusão de ser famosa e pelas drogas. No final ela percebe que foi como garota de programa que aprendeu a se conhecer de verdade.

Deborah foi a escolha ideal para encarnar Bruna. Seus papéis na televisão e no cinema sempre são de mulheres provocantes e este caiu como uma luva para ela, mas com uma boa surpresa. Ela dá dimensão na transformação de uma menina tímida e ingênua em uma mulher sensual e desejada. Ela é amparada por um ótimo elenco que conta com Cássio Gabus Mendes, Fabiula Nascimento e Cristina Lago.

“Bruna Surfistinha” é sobre a rotina de uma garota de programa e por isso tem muitas cenas de sexo, tema bem atraente para o público. Baldini coloca um símbolo sexual como Deborah Secco em cenas de nudez e sexo, acrescenta um pouco de humor, uma pitada de melancolia e uma ótima trilha sonora dando ao público um bom entretenimento pop.

terça-feira, 1 de março de 2011

A MELHOR DE TODOS OS TEMPOS




A internacional Alice Braga indica comédia com a diva Marilyn Monroe

A atriz Alice Braga concilia uma carreira na ponte aérea Brasil e Estados Unidos. Alice despontou no cinema ao viver Angélica no cultuado "Cidade de Deus". No denso "Cidade Baixa" ela divide cena com Wagner Moura e Lázaro Ramos. O último trabalho dela em solo brasileiro foi o drama "Cabeça a Prêmio" que marcou a estreia de Marco Ricca na direção. Os dois haviam trabalhado juntos em 2007 no longa "A Via Láctea".

Na terra do Tio Sam, ela já trabalhou com atores badalados, como Will Smith, Harrison Ford, Jude Law e Mark Ruffalo. Agora Alice aparece ao lado de Anthony Hopkins no terror "O Ritual" em cartaz desde o dia 11 de fevereiro. Na produção ela vive uma jornalista que investiga rituais de exorcismo. O próximo trabalho da atriz será na cinebiografia "Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia", no qual viverá a mulher do cantor.
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Eu recomendo Quanto Mais Quente Melhor. Esse filme é sensacional! Eu cresci vendo esse filme. É uma comédia brilhante. Você ri do começo ao fim e ainda tem a Marilyn Monroe, que é a Marilyn Monroe! Este é um filme que eu adoro, ele é leve e é um que todo mundo tem de assistir.
Alice Braga

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Confusões de identidade

A diva loira Marilyn Monroe demorou a aparecer no Eu Recomendo, mas agora ela finalmente dá as caras com toda graça e charme em "Quanto Mais Quente Melhor". O filme é considerado pelo American Film Institute (AFI), a melhor comédia de todos os tempos. A produção de 1959 resistiu ao tempo e continua muito engraçada.

Numa Chicago dominada pela Lei Seca, Joe (Tony Curtis) e Jerry (Jack Lemmon) são músicos que testemunham um massacre. Para não serem os próximos a serem executados pela máfia, eles precisam fugir. Eles ficam sabendo de um emprego em Miami e se juntam a uma orquestra. O problema é que ela é formada somente por mulheres. Resta aos machões deixarem aflorar o lado feminino. O duro será bancarem mulheres quando na frente deles aparece a graciosa Sugar (Monroe), integrante do conjunto musical.

Curtis e Lemmon estão impagáveis como homens fingindo ser mulheres. Cercados por belas moçoilas, Joe sempre precisa lembrar a Jerry de que agora ele é uma garota. Monroe toda sensual, piscando, rebolando sempre dentro de apertados vestidos deixa os dois loucos. Sem as roupas de mulher, Joe finge ser um milionário para conquistar Sugar e Jerry vestido de mulher deixa um ricaço apaixonado. A confusão está formada.